Menina Olímpica e Ceará Sporting Club: após um ano de parceria, veja o que mudou na vida das atletas

Amaury Albuquerque
Contexto Acadêmico
4 min readOct 9, 2019

Parceria teve início em abril de 2018.

(Foto: Mauro Jefferson/Cearasc.com)

A Associação Menina Olímpica é uma entidade que há mais de uma década conta com mulheres de 8 a 25 anos participando do projeto. Foi fundada em 19 janeiro de 2006 e teve iniciativa realizada pelo ex-jogador Chagas Ferreira, em parceria com a Marinha, que cedeu a estrutura onde os treinos são realizados. O objetivo da criação desse projeto é proporcionar esporte de qualidade para as mulheres, educar, formar cidadãs e proporcionar a realização de sonhos para a menina que aspira ser jogadora de futebol. Desse modo, o projeto tem alcançado resultados.

O projeto Menina Olímpica segue além das quatro linhas do campo. Para participar dos treinos as alunas devem estar matriculadas na escola e estudar no turno da manhã ou da noite, pois as atividades acontecem no período da tarde. Além da inclusão social, a iniciativa tem como objetivo a preparação para que todas as alunas alcancem mais espaço dentro do esporte. O trabalho do projeto atinge também os pais das alunas, já que os familiares precisam acompanhar as jogadoras e participar de palestras oferecidas pela associação. Os temas abordados nas reuniões são diversos, além dos momentos de lazer. Tudo realizado com um único objetivo: fortalecer a importância da cidadania e da educação, além de proporcionar oportunidades e sonhos.

Em 2016 no seu primeiro ano disputando o Campeonato Cearense de Futebol Feminino, foi campeã estadual após vencer o Fortaleza Esporte Clube na final por 3 x 1 no Estádio Presidente Vargas. Ficando na terceira colocação no campeonato de 2017 e 2018. Em abril de 2018 por meio de uma parceria com o Ceará Sporting Club é inaugurada em sua instituição a montagem de uma equipe feminina de futebol profissional. O objetivo principal é o incentivo da inclusão desta categoria e promover melhorias sequenciais para disputas de campeonatos regionais e nacionais. Vale ressaltar que as demandas atendem a requisitos firmados entre CBF, Conmebol e FIFA. Com o sucesso recente da Copa do Mundo, os olhos se voltaram para as possíveis mudanças que precisam ser implantadas no no futebol feminino do Brasil, desde a mudança no comando da seleção feminina até a chegada de dirigentes mais capacitados.

Em 2019, os clubes brasileiros passaram a cumprir a obrigatoriedade imposta pela Conmebol, exigindo que as equipes tenham também uma equipe de futebol feminino. Além disso, a pressão da torcida cearense em ter a categoria fez com que o Ceará se antecipasse e realizasse a parceria com a Associação Menina Olímpica assim o clube começou a trabalhar com a modalidade em 2018. Foi com o título estadual de 2018 conquistado nos dois turnos que o alvinegro cearense garantiu vaga no Campeonato Brasileiro Série A-2 deste ano.

E a campanha do alvinegro no campeonato nacional foi bem satisfatória. Após uma liderança folgada na primeira fase, sem nenhuma derrota, com 19 gols marcados e apenas dois sofridos, a classificação para as quartas de final foi bem difícil. O Ceará enfrentou a Portuguesa e venceu o primeiro jogo no Estádio do Canindé por 3×0. Em casa, no Presidente Vargas, o Vovô foi derrotado pela Lusa por 2×0, mas ainda assim passou de fase.

Em entrevista com a volante Gilmara Araújo,30, ela falou que com essa mudança praticamente tudo mudou, em primeiro lugar foi a estrutura que o ceará disponibilizou.

“São ambientes totalmente diferentes, os profissionais também são muito bons e qualificados, não que o menina olímpica não tinha isso, mas o patamar é totalmente diferente, o que mudou foi a estabilidade e a visibilidade que a gente tem aqui no ceará”.

Com essa fusão da menina olímpica as atletas agora têm carteira assinada que é uma valorização muito grande para uma atleta, treinam no mesmo CT do futebol masculino e utilizam estruturas como academia, departamento médico, dentista e etc.

Na entrevista a segunda volante do time Natiele Maia,18, que estar quase um ano no clube disse que no menina olímpica elas treinavam um período em dois dias da semana, e agora no Ceará os treinamentos são de segunda a sábado em dois períodos.

“Isso fez que eu evoluísse tecnicamente, quanto fisicamente, porque aqui sempre têm alguém a frente para nos ajudar, a transição foi maravilhosa mas eu nunca vou esquecer de onde eu vim, a minha base”.

Natiele também falou que agora estar jogando mais campeonatos,

“ano passado no menina olímpica eu só joguei uma competição, agora no Ceará eu já tive a oportunidade e jogar três competições que foi o brasileiro, o campeonato cearense sub 20 e agora vou jogar o adulto”.

No fim da entrevista as meninas deixaram mensagens para as garotas que sonham um dia se tornar profissional:

Natiele Maia:

“Nunca desistir do sonho que você tem, nunca esquecer suas raízes, é você treinar independente de sua situação financeira, independente de onde você está, eu acho que a melhor atleta é quando você tem uma boa autocrítica e sempre treinar se for algo que você ama e faz”.

Gilmara Araújo:

“Nunca desista, é difícil, mas a gente ver que a nossa realidade está mudando, muitas coisas mudando no futebol feminino e eu tenho certeza que a tendência é só melhorar”.

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