Mobilidade urbana, desafios ao usar o transporte público em Fortaleza

Mobilidade urbana é um dos maiores desafios das grandes metrópoles.

Tony Alves
Contexto Acadêmico
4 min readOct 9, 2019

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A priorização do transporte individual em detrimento do coletivo agrava as condições de mobilidade na capital. Os congestionamentos aumentam, implicando em consequências diretas na qualidade de vida da população, que perde muito tempo nos deslocamentos. Já são 26 anos de um sistema de transporte público na capital e muito já mudou. A adaptação ao novo quase nunca é imediata. Os espaços de Fortaleza vêm se modificando e o cidadão precisa se acostumar. Alguns que andam de carro não vão gostar do privilégio dos transportes públicos com as faixas exclusivas. Ou mesmo dos ciclistas, que, mesmo nas ciclofaixas/ciclovias, ainda esperam pelo respeito de motoristas. E para conversar mais sobre esse tema, o assistente comercial, Zilton Fernandes de 35 anos que foi usuário do transporte público de Fortaleza há mais de 16 anos, nos detalha esse período.

Durante esse período como usuário do transporte público, e com as mudanças que vem acontecendo na mobilidade de Fortaleza, a comparação é nítida.

“A comparação que eu posso fazer é que houve melhorias, mas assim, não foi tão significativa. Por exemplo, esse corredor de ônibus que talvez para as pessoas que moram próximo a Bezerra de Menezes, o corredor que foi feito lá, talvez tenha sido bom, teria que ser tipo na cidade, né? Também, para outras áreas da cidade, dessa forma o trânsito fluiria mais. A questão dessas faixas exclusivas para ônibus, nem sempre são respeitadas, então não teve tanta diferença’. Disse Zilton Fernandes.

A cidade de Fortaleza passou por mudanças na sua estrutura nesses últimos dez anos. Sinalização nas ruas e avenidas. Estações de ônibus. Alargamento de avenidas. Implantação do binário. A modernização em dois dos terminais de ônibus. Corredor exclusivo para ônibus, como a criação de faixas exclusivas, desafogando o trânsito caótico na cidade.

“Para o lugar onde eu trabalho, nunca mudou, é o mesmo tempo de deslocamento, porque é uma área que digamos, assim: não tem ônibus direto para aquela região, temos que ir para o terminal da Parangaba, depois passar pelo terminal da Messejana, para poder pegar o ônibus, e chegar ao meu destino. Não têm linhas que não passem pelos terminais, entendeu? Tem que dar uma volta muito grande pela cidade para eu chegar no meu trabalho. Mesmo com esses corredores de ônibus, faixas exclusivas, que nem sempre é respeitada, então para mim não mudou muito, não”. Afirmou Zilton Fernandes.

A prefeitura de Fortaleza, durante essa gestão criou alguns projetos de mobilidade urbana para a população da cidade. Citou aqui, dois deles: Bilhete único e integração. Bilhete único, você pode usar quantos ônibus necessitar no período de duas horas. Bicicletar, a prefeitura de Fortaleza em parceria com a unimed disponibilizou a locação das mesmas.

“Quando eu andava de ônibus, cheguei a utilizar o bilhete único. O bilhete único facilitava um pouco a minha locomoção, porque eu conseguia eliminar um terminal durante o meu trajeto, o terminal da Parangaba, mas ainda assim, eu tinha que passar pelo terminal da Messejana. Referente ao bicicletar, ele ainda é muito restrito em algumas áreas da cidade, têm áreas que as pessoas até têm interesse em usar o serviço, mais não tem o “bicicletar”, como exemplo, para o lado da Messejana, pegar uma bicicleta no Modubim que é onde eu moro, e ir à Messejana ou Antônio Bezerra, não tem esse serviço. Existe interesse pelos usuários, mais não tem em algumas regiões da cidade. O “bicicletar” existe mais para as regiões da Bezerra de Menezes, Beira-mar, Bemfica, esses bairros mais nobres.” Detalhou Zilton Fernandes.

Sabe-se que a segurança dentro do transporte público em Fortaleza não é uma das melhores. Existe deficiência, falta de planejamento e políticas públicas. Mesmo assim, pesquisas mostram redução de assaltos nos coletivos de Fortaleza nos últimos seis meses.

“Na realidade não existe segurança nenhuma dentro do transporte público em Fortaleza, é, não tem um segurança, não tem um policial armado, não tem nada disso, e precisa melhorar muito, porque assim, a gente entra dentro do ônibus, já fica com medo. Ah, teve melhoras! Teve melhorias para o lado das empresas, eles estão tirando todo o dinheiro de dentro dos ônibus, e botando cartão, aí os bandidos, não vão assaltar as empresas de ônibus, mas em compensação, eles assaltam os usuários, o que tiver dentro do ônibus, eles levam. Então, segurança para os usuários não existe, eles deveriam fazer algumas linhas mais críticas da cidade, como existe em São Paulo que tem um policial armado dentro do ônibus, fazendo a segurança da população. Em São Paulo a gente consegue andar com celular dentro do ônibus, sem medo nenhum. Lá você tem que ficar mais esperto para furtos. Assaltos, essas coisas, não existe.”Ressaltou Zilton Fernandes.

O uso do transporte público em Fortaleza é um desafio. Andar de ônibus pela cidade não é nada fácil.

“Se locomover em Fortaleza por meio do transporte público não é nada fácil. Devido todas essas questões que eu abordei anteriormente, de insegurança, escassez de linhas por Fortaleza cortando toda a cidade, sem precisar passar por terminais. O aumento do “bicicletar” que possa chegar aos bairros mais distantes do centro, etc. O transporte público em si, deixa muito a desejar, quando vai para o metrô, essas coisas, só tem a linha que vai do Centro da cidade ao Maracanaú, não existe uma linha que vá para o lado da Messejana, ou então, Antônio Bezerra, que passe por essas regiões da cidade, entendeu? Muito complicado, muito complicado, mesmo!” Afirmou Zilton Fernandes.

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