O crescimento dos bancos digitais e como isso afeta o futuro dos bancos físicos

Guilherme Nascimento
Contexto Acadêmico
3 min readNov 26, 2019

A grande procura pelos bancos digitais e pelas fintechs, sistemas que trabalham para otimizar e tornar mais prático pagamentos e ações financeiras, têm preocupado os tradicionais bancos físicos a se adequarem a essa nova demanda.

Com serviços bancários totalmente gratuitos e podendo movimentar valores através de aplicativos, os bancos digitais têm conquistado a preferência dos brasileiros dessa nova geração. Juliana Paula, 22 anos, estudante de pedagogia prefere sempre a praticidade da internet e por isso já abriu conta nessas novas instituições digitais. "Como eu tenho um dia bastante corrido, sempre indo da faculdade ao trabalho, não tenho tanto tempo pra ir em agências de bancos resolver aqueles probleminhas de banco, sabe? Mas com esses serviços virtuais eu consigo fazer tudo que eu fazia indo às agências, entende?", comentou Juliana.

Mas tem quem não confie: "Tantas fraudes que acontece na internet, né? Tenho medo de usar esse bancos. Já tenho medo até de usar esses de agências. E se eu perder o celular?" indagou Rosângela Ferreira, 34 anos, auxiliar administrativo.

A maioria dessas plataformas digitais preza bastante a segurança do cliente, e uma delas chama bastante atenção por ter o aplicativo mais baixado da Play Store. Conhecida popularmente como "roxinho", a Nubank sediada em São Paulo, ainda não é um banco digital, mas sim uma fintech, e já têm mais de 12 milhões de clientes, desse número 10 milhões possuem cartão de crédito. "Esse crescimento é fruto de grande investimento que fazemos em atendimento online e segurança aos nossos clientes. Nosso sistema permite que apenas um aparelho esteja conectado à sua conta bancária justamente para caso de perda ou roubo, sua conta não ser acessada em outros dispositivos. O cliente pode também bloquear seu cartão de crédito imediatamente através do aplicativo e solicitar um novo cartão. Podendo também transferir o valor da Nuconta para outra de sua preferência", respondeu Mariana Alves, assistente de atendimento online da Nubank via chat.

Esse crescimento digital nos serviços bancários pode ter afetado os bancos físicos tradicionais. Isso porque algumas das grandes instituições financeiras do mercado já estão reduzindo o número de agências físicas no país, o Bradesco vem encerrando as atividades de 300 agências até o fim de 2019, assim como o Itaú Unibanco que foi mais longe e está fechando 400 agências. Segundo dados do Banco Central, desde 2015 o número de agências bancárias em cidades com maior uso de internet vem diminuindo, isso porque a digitalização nos últimos anos tende a diminuir a procura por atendimento físico.

No entanto, isso não significa a falência dessas instituições, algumas já estão se adaptando ao digital, como o Bradesco que criou o Next, o Itaú que agora está implantando sua plataforma digital, o “iti”. E o Banco do Brasil que já têm opções de abertura de contas online e permite fazer movimentações pelo app. Além disso o BB estuda também reduzir suas agências físicas para torná-las pontos especializados de atendimento.

Em conversa com um especialista os fatores dessa redução do número de agências físicas, podem ser apontados pela redução de custos pelas instituições financeiras - já que o digital está se tornando uma nova demanda. A violência, explosões de caixas eletrônicos e ataques a agências, muito comum em cidades de interior de estados. E claro, o aumento da digitalização.

"Os 'grandões' no mercado tem uma vantagem nessa nova forma de movimentar valores. Eles não são prejudicados totalmente, agora só estudam esse novo modelo digital para se adaptarem, o que muitos já tem feito. Mas a vantagem são os caixas eletrônicos. Como muitos dos bancos digitais não têm essa infraestrutura física dos bancos tradicionais, isso pode significar futuros negócios com esses novos queridinhos do mercado.", explicou Rogério Cavalcante, 31, formado em Ciências Econômicas pela Estácio.

Vale considerar também a utilização da internet é menor entre as pessoas mais velhas. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) referente ao 4° trimestre de 2018, mesmo entre estudantes ainda existe uma discrepância regional, que também é associada à renda. Cerca de 84% dos estudantes haviam utilizado internet nos três meses anteriores à pesquisa, a proporção cai para 68,1% na região norte e 76,2% na região nordeste.

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