Sarau da B1, da arte à liberdade

José Manuel
Contexto Acadêmico
3 min readDec 23, 2019

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Sarau da B1 comemora quatro anos de existência, reforçando o movimento para não deixar calar a voz.

Sarau da B1, movimento independente de arte, poesia, cultura, música e um pouco mais, comemorou no dia 02/nov quatro anos de resistência e de atuação. Reunindo inúmeros jovens do bairro do Conjunto São Cristóvão e entorno a celebrar essa data.

Como relata Thiago Campos, 25, sobre como é poder estar no aniversário de quatro anos do sarau; “E nem dá pra acreditar que são quatro anos. É uma alegria imensa você saber que são quatro anos de resistência, quatro anos que a juventude chega aqui e declama poema e escreve”.

Vídeo do local onde ocorre o Sarau da B1.

Realizado em local aberto na praça do Conjunto São Cristóvão, na Rua Bulevar I. Reúnem-se várias pessoas de diferentes idades. No sarau as apresentações são de microfone aberto ao público, deixando quem quiser livre para se expressar e mostrar a sua arte. Marca presença todo primeiro sábado do mês das 18h às 23h.

E para Samuel em Transe, 33, um dos fundadores e organizador do sarau explica como é organizar e fazer parte desse movimento, que é algo extremamente importante para ele; “Satisfação imensa fazer parte e cuidar nos corres desse movimento, pois é algo independente e nós por nós, todos se ajudando e a gente se encontrar é sempre um ato revolucionário” e “Quando a gente se junta é sempre muito massa, muito prazeroso, altas histórias, os reencontros, a amizade e o Sarau da B1 é isso, um sentimento”

O público que frequenta o sarau mostra sua voz de luta e vê o movimento como resistência em meio a sociedade, que pode expor Rafa Ester, 18, que vê o sarau como; “Um grito de protesto, vejo como resistência, que o sarau é resistência e todas as vozes que compõem esses saraus de toda a Fortaleza, assim como Sarau da B1 é resistência para todos nós”.

O surgimento do sarau aconteceu de forma bem lenta e se progressiva como ressaltar Samuel em Transe, que comenta que o sarau surgiu pelo motivo de que outros saraus que aconteciam eram distantes de suas localidades e também a discriminação por serem de periferia;

“Há oito anos atrás a gente ia pros saraus que aconteciam no dragão do mar, no centro. Quando chegava pra falar que era do Jangurussu, a galera meio que tirava onda. E aí a gente se cansou de se mandar lá pro outro lado pra fazer sarau, então vamos fazer nosso próprio sarau. Eu, Aglailson, Jair, Riti e Carlos vamos fazer nosso sarau aqui na quebrada, aí a gente conseguiu”

Aos poucos com o decorrer do tempo pode se estruturalizar e atrair público do bairro a frequentar o sarau, como poder no contar Samuel em Transe; “Fizemos cartazes e fomos colando nos postes, chamando a galera boba a boca. Aí a gente imaginando que ia dar uma galera, deu quatro pessoas, aí não vamos parar não. Fizemos mais e poucas pessoas, mesmo a gente chamando e convidando. Ai eu viajei e meio que ficou meio adormecido essa ideia e a galera também não se movimentou. Voltei muito instigado a recomeçar, só que ai já existia nesse canteiro central as pracinhas e aí a gente ‘não irmão vamos voltar, vamos voltar diferente, vamos fazer na rua, na praça’”.

O intuito do sarau segundo Samuel em Transe, é poder incentivar as pessoas que está no sarau a buscar seus sonhos e batalhar por eles, como pode dizer “que a gente faz o sarau pra dizer que os sonhos são possíveis, tudo que a gente tiver que sonhar e a gente batalhar é possível”.

O espaço mostra um lugar para se soltar e interagir com outras pessoas, como pode descrever por experiência própria moradora do bairro Rafa Ester; “O sarau da B1 foi muito importante pra mim no crescimento pessoal, porque foi aqui que realmente me soltar” e “comecei a me comunicar mais com as pessoas referente a música, ao palco e está encarando as pessoas. E o Sarau da B1 foi muito importante pro meio crescimento tanto profissional quanto pessoal”.

A ocupação do espaço pela juventude se mostra presente no sarau, trazendo assim sua importância cultural, representatividade dentro da periferia de Fortaleza, a ocupação da cidade e a saída de jovem de atos ilícitos.

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José Manuel
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Portfolio contendo trabalhos relacionados a edição de vídeo, fotografia e produção textual.