Shaenny Freitas
Contexto Acadêmico
4 min readDec 8, 2019

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UFC REALIZA PESQUISA SOBRE AUXÍLIO DA FRUTA NONI PARA INTOLERANTES AO GLÚTEN

O Laboratório de Química Medicinal da Universidade Federal do Ceará (UFC) está realizando um estudo sobre os efeitos da proteína do noni para o tratamento de doenças relacionadas a intolerância ao glúten .“Noni” cujo nome científico é Morinda citrifolia. De acordo com as pesquisas que o grupo de estudantes da Universidade Federal do Ceará (UFC) realizou,a fruta possui muitos benefícios, além de ser anti-inflamatório, analgésico, anti microbiano e antitérmico também pode ser uma grande aliada na alimentação e a solução para pessoas com restrição ao glúten. A intolerância ao glúten provoca sintomas intestinais como excesso de gases, dor no estômago, diarreia ou prisão de ventre,tontura,alteração de humor,e coceira podendo surgir tanto em crianças como na fase adulta,a doença acontece devido a incapacidade ou dificuldade de digerir o glúten que é uma proteína presente no trigo, no centeio,e na cevada, seu tratamento consiste na retirada dessa proteína da dieta. O glúten é um conjunto de proteínas insolúveis em água, formado no trigo após a etapa de sova (trabalho mecânico de mistura manual entre determinada proporção de farinha e água), quando as proteínas se interligam para formar essa rede.

“Intolerância ao glúten e doença celíaca são coisas distintas. A doença celíaca é uma inflamação na mucosa do intestino por causa da exposição a alimentos contendo glúten. Causando assim uma agressão as vilosidades dos intestino.Algumas pessoas têm uma sensibilidade ao glúten (intolerância ao glúten), com sintomas semelhantes a forma da doença celíaca, porém não tem a característica de doença autoimune. Neste caso, o glúten mal digerido gera gases, distensão abdominal, dores e diarreia, mas as vilosidades não são comprometidas e não há consequências ao sistema imune”explica o estudante de nutrição do sétimo semestre Lucas Christian Alves Holanda. “De um tempo para cá ficou popular a dieta sem glúten, que exclui esse ingrediente da alimentação, com o objetivo de emagrecer. Mas quem realmente precisa retirar o glúten da dieta são os pacientes celíacos.Não existe benefícios do glúten no organismo,mas o glúten é uma proteína que ajuda nas consistência dos alimentos e de algumas receitas, por exemplo o bolo”, conclui o estudante.

A fruta “Noni” é originalmente do Sudeste da Ásia, Indonésia e da Polinésia é bastante utilizada nesses países devido suas propriedades medicinais e terapêuticas. A fruta noni também é conhecida por relatos que auxilia no tratamento de emagrecimento apesar de não possuir estudos aprofundados que comprovem essas informações.

Devido aos grandes benefícios que a fruta oferece o grupo do laboratório de química da UFC vem realizando pesquisas sobre os efeitos que a fruta pode causar aos intolerantes ao glúten.Os estudos com a fruta na UFC começaram a investigar as reações terapêuticas dela em 2010,com o efeito, o grupo realizou testes para verificar se essas proteínas seriam capazes de hidrolisar (quebrar) as proteínas do trigo relacionadas a formação do glúten. “As enzimas se comportaram muito bem. Quando eu hidroliso esses materiais, eu torno essa massa inócua (que não causa dano) para as pessoas que tem intolerância ao glúten”, ressalta Hermógenes David professor coordenador do estudo.

Hermógenes David possui Doutorado em Bioquímica pela Universidade Federal do Ceará, onde atua como Professor Associado do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular. Possui Bacharelado em Biotecnologia é presidente do Núcleo Docente Estruturante e ministra as disciplinas de Biotecnologia Aplicada à Saúde Humana, Enzimologia, Bioquímica e Engenharia Metabólica. Atualmente é orientador do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC-UFC) e um dos pesquisadores do Laboratório de Química Medicinal do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM) da UFC.

Toda essa descoberta faz parte da tese de doutorado de Vilmara Albuquerque de Farias, do Programa de Pós-Graduação em Bioquímica da UFC, e é objeto de uma patente em processo de depósito no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Além disso, a pesquisa conta ainda com participação de Vanessa Rodrigues Ferreira, Joaquim César do Nascimento

Sousa Júnior e Gabrielle Fernandes Albuquerque, estudantes do Curso de Biotecnologia da UFC.

Para a pesquisa, foi realizada primeiramente uma avaliação qualitativa com o objetivo de comparar a massa sovada com aquela que passou pelo processo de hidrólise do glúten. “No material submetido à hidrólise, nós fazemos o mesmo procedimento, mas na água utilizada para a mistura foi adicionada uma quantidade de enzimas da polpa do noni e conseguimos verificar que o material não apresentava estrutura e elasticidade, sugerindo que essas enzimas do noni tinham sido capazes de modificar componentes da farinha”, explica o professor.

Após os estudos qualitativos, a pesquisadora fez a extração de gluteninas e gliadinas e submeteu-as à hidrólise com as enzimas do noni para verificar se realmente houve a quebra das proteínas e em quais condições esse processo poderia ser otimizado. “Verificamos que, de fato, essas enzimas obtidas do noni foram capazes de hidrolisar as proteínas envolvidas na formação do glúten de trigo, algo que nos deixou entusiasmados e nos levou a planejar os próximos experimentos”, pontua Vilmara.

A investigação, de acordo com os pesquisadores, pode ajudar no desenvolvimento de uma farinha sem glúten para celíacos, pessoas sensíveis ao glúten ou ainda alérgicos ao trigo, que passariam a se beneficiar dos nutrientes desse cereal. “O material hidrolisado poderia ser utilizado em produtos glúten free que não dependessem da estrutura da massa, por exemplo, biscoito, macarrão e a própria cerveja de trigo”, exemplifica Hermógenes David.

Para as enzimas presentes na polpa do noni, já foram obtidos outros resultados que ressaltam o seu potencial biotecnológico. Um deles foi a utilização dessas enzimas para a produção de queijo coalho, fruto da dissertação de mestrado de Vilmara Farias.

Shaenny de Sousa Freitas

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