Review: “Valiant Hearts: The Great War”

Pedro Oliveira
Contexto Gamer
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3 min readJun 22, 2015

Todo e qualquer lançamento da Ubisoft, hoje em dia, é de se olhar torto. Jogo após jogo, a publisher/developer vem se mostrando cada vez menos confiável. Grande parte desse desconfiança se deve aos inúmeros problemas enfrentados pela Ubisoft com seus recentes lançamentos AAA¹. Jogos que vem à luz recheados de bugs, com problemas de otimização, problemas com o uPlay, entre outros.

Às vezes, no entanto somos presenteados com jogos excelentes, pérolas disfarçadas de jogos indie, que acalentam nossos corações e nos fazem esquecer, mesmo que por pouco tempo, o quão ruim a Ubisoft pode ser.

Um exemplo disso é Valiant Hearts: The Great War. Lançado em meados de 2014, Valiant Hearts se passa durante a primeira guerra mundial, e narra a jornada de quatro personagens durante diversas fases do conflito. A primeira coisa a chamar a atenção no jogo é seu visual cartoon, com cenários lindamente ilustrados que conseguem transmitir perfeitamente a vibe do local e época aonde se passa. O gameplay é simples, um side-scroller com elementos que abrangem desde ação/aventura até resolução de puzzles. A história é mais sensível que a maioria dos jogos de guerra, e aborda temas como sobrevivência, sacrifício, amor e perda, além de ser narrada de maneira emocionante, prendendo o jogador até o final.

O modo como os personagens são apresentados e desenvolvidos contribui muito para prender o jogador; mais de uma vez me identifiquei com a motivação de algum dos personagens. A Ubisoft conseguiu fazer algo com estes personagens que outros estúdios por vezes falham: transmitir com maestria um forte sentimento de humanidade. Um bom exemplo disso é o modo como os personagens se expressam; o uso de palavras é quase nulo, mas, além do ocasional pictograma, consegue-se entender perfeitamente como o personagem se sente ou o que ele quer comunicar por meio de sua linguagem corporal e tom de voz. Não existe uma barreira de língua. Os personagens são de diferentes nacionalidades, mas seus medos, dores, alegrias e esperanças são universais.

Apesar de ser mais focado nos dramas pessoais de cada personagem do que nas questões históricas e políticas da Primeira Guerra, Valiant Hearts conseguiu dar uma bela aula de história através dos colecionáveis. Diversos itens históricos podem ser encontrados durante o jogo, e ao obtê-los, são liberados textos sobre os mesmos no menu do jogo, formando uma pequena enciclopédia sobre a guerra. De dog tags² a moedas, documentos a fotografias, os colecionáveis contam trechos de como era a vida daqueles envolvidos — direta ou indiretamente — no conflito.

Apelativo mesmo para um público que nada tem a ver com a Primeira Guerra, Valiant Hearts presta uma bela homenagem e mantém viva a lembrança daqueles que perderam suas vidas, lutando pelo futuro de suas famílias e nações.

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Pedro Oliveira
Contexto Gamer

Joga e escreve. Sempre soube que o bolo era uma mentira.