Planejamento turístico é a opção para enfrentar a crise

Sergipe planeja desenvolvimento da atividade turística para atrair mais visitantes ao estado

Denner Perazzo
Contexto UFS
5 min readDec 18, 2015

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A crise econômica enfrentada pela Brasil deixa um impacto na arrecadação com turismo, no entanto, traz consigo a oportunidade de redefinição de estratégias para o turismo doméstico e de uma avaliação do planejamento no setor a médio e longo prazo.

O dólar muito valorizado em relação ao real, ocasiona numa menor quantidade de viagens para o exterior, mas fomenta o turismo doméstico. Como aponta Fabiana Carneiro, responsável pelo setor de marketing e vendas da CVC, maior empresa de vendas de pacotes turísticos do Brasil. “Tradicionalmente, as viagens nacionais costumam representar 60% do volume de vendas da operadora ao longo do ano, contra 40% das viagens rumo ao exterior. Em função da disparada do dólar neste ano, as viagens nacionais ganharam incremento de 5% na CVC neste 1º semestre (somando 65% da preferência dos clientes em vendas de pacotes), na comparação com as viagens ao exterior que caíram para 35%”.

A capital sergipana pode se beneficiar desta situação, uma vez que pode atrair mais visitantes para a cidade. No índice de competitividade turística em Aracaju de 2014, relatório feito em parceria entre o Ministério de Turismo (MTur) e a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a cidade aparece entre as dez melhores capitais em infraestrutura geral para recepção de turistas. A existência de uma delegacia especializada de proteção ao turista, a evidência de limpeza e conservação pública e elementos de acessibilidade para turistas deficientes ajudaram a obter esse resultado

A cidade também fica acima da média nacional no que se refere às políticas públicas para turismo. As causas para esse resultado, citadas no índice, são a existência de um órgão municipal — Secretaria Municipal de Indústria, Comércio e Turismo (Semict) — com atribuição de coordenar e incentivar o desenvolvimento do turismo. Ela desenvolve projetos em conjunto com outras secretarias e com setores ligados ao estado como os projetos de capacitação em parceria com a Fundação Municipal de Formação para o trabalho (Fundat) e de sinalização com a Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT). Além disso, conta a favor da capital sergipana a existência de uma página do órgão gestor de turismo na internet, de um plano diretor municipal e o recebimento de investimentos diretos do governo estadual em projetos que visavam ao desenvolvimento do turismo.

No entanto, houve fatores que impediram um maior crescimento do setor, como a falta de um órgão gestor exclusivo para o turismo e a falta de um plano regional de desenvolvimento. A avaliação aponta ainda a indisponibilidade de fonte de recurso próprio, extra orçamentário, para o órgão e a inexistência de planejamento formal, que defina diretrizes e metas do setor para os próximos anos. Entretanto, já existe um planejamento para que se resolvam estes empecilhos.

Planejamento em Sergipe

Um exemplo de planejamento a longo prazo é o Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur), que é um programa de crédito para o setor público, que visa criar condições favoráveis ao desenvolvimento da atividade turística no Brasil. Em Sergipe, o projeto distribuirá US$100 milhões entre 2015 e 2020. O financiamento será feito através do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Segundo a Estimação dos Benefícios Econômicos do Prodetur Nacional em Sergipe, relatório técnico que calcula a consequência econômica do investimento no estado, realizado pelo Banco do Nordeste (BnB), os impactos estimados para Sergipe são da ordem de R$ 281,8 milhões (1,43% do PIB) no produto, R$ 148,92 milhões na geração de renda adicional na economia e criação de 3.212 empregos diretos e indiretos.

A intenção é distribuir os investimentos entre os diversos municípios que possuem capacidade de atrativos turísticos, para que dessa forma se possa consolidar roteiros já consagrados, além da criação de novos pontos e aumentar o tempo médio que o turista permanece no estado. “O aumento do fluxo, da permanência média e gosto do turista normalmente são metas em todas as esferas de governo que atuem com o turismo, na federação, nas suas unidades e nos municípios. Como o turismo se constitui do conjunto de serviços e equipamentos ofertados não é possível associar maior atração de fluxo a uma ação isolada, mas a um conjunto de ações convergentes capazes de organizar o setor. ”, explica Joab Almeida, especialista em turismo e gestão pública.

Professor do curso de Turismo da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Joab Almeida realizou um projeto de extensão junto a Secretaria Municipal de Indústria, Comércio e Turismo (Semict), onde planeja ações para aumentar a competitividade do turismo em Aracaju, levando em consideração o relatório feito pelo Ministério de Turismo. Entre as obras que já foram concluídas pode-se citar a substituição de 165 abrigos nos pontos de ônibus, a reforma do aeroporto Santa Maria, construção de escadas e reforma do Pier na Orla Pôr do Sol, a reforma do prédio Cacique Chá e restauração dos painéis do artista Jenner Augusto e a criação da Câmara de Turismo na Federação do Comercio do Estado de Sergipe (Fecomércio). Uma das ações da câmara de turismo está sendo desenvolver um aplicativo para smartphones com o objetivo de apresentar a cidade para um turista cada vez mais conectado.

Mudança no Perfil do Turista

O maior acesso às tecnologias e à internet permite que muitas questões sejam resolvidas online. A advogada Renata Alves, por exemplo, comprou suas passagens e fez sua reserva no hotel onde ficou hospedada pela internet. “Resolvi tudo pela internet. Procurei os locais que iria visitar aqui e fiz meu roteiro. Já fui procurar os lugares certos”.

“Os turistas se tornaram consumidores bem informados, capazes de organizar suas viagens. As empresas passam por constantes melhorias para manter a competitividade diante das concorrentes e atender a demandas destes turistas com mais acesso à informação, mas a mudança de comportamento do turista está relacionada com a necessidade de uma surpreendente experiência de viagem, com tudo aquilo que o lugar pode oferecer, desse modo, não cabe apenas às empresa acompanharem as mudanças, é necessário ter o apoio dos governos e envolvimento das comunidades receptoras interagindo com o turista e dinamizando sua renda com a entrada de novas receitas”, descreve Joab.

Texto: Alisson Castro| Arte: Ullisses Machado| Edição: Denner Perazzo.

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