Parte 4: As Flores do Mal

Trajetória de Charles Baudelaire

O poeta parisiense Charles Baudelaire nasceu no dia 9 de abril de 1821. Escreveu ao longo de uma época em que capital francesa passava por mudanças estruturais — desenvolvimento de indústrias, edifícios construídos com ferro — e o início de uma supervalorização da mercadoria.

Seu trabalho mais famoso, As Flores do Mal (1857), mostrou uma visão pessimista em relação à Paris oitocentista, por meio da abordagem de temas fúnebres e eróticos. Como consequência, alguns poemas que compõem essa obra não foram publicados devido a uma decisão da 6ª vara correcional de Paris. Além disso, receberam o nome de “Poemas Condenados” e só puderam ser publicados em 1866. Charles Baudelaire faleceu no dia 31 de agosto de 1867, em sua cidade natal.

Em oposição ao ufanismo nacionalista, comum na arte romântica, a poesia de Baudelaire abordava a cidade de Paris por um ponto de vista desiludido e melancólico. Segundo Menezes (2004), “O olhar do poeta, que atinge a cidade, é antes o olhar do flâneur, que vê a cidade como fantasmagoria através da multidão (é levado pela multidão e também seu observador)” (MENEZES,2004,p.51). A poesia de Baudelaire critica o posicionamento da sociedade, que mostra-se incapaz de aceitar as individualidades. O autor também critica o materialismo aplicado, inclusive, às artes, cujo valor das obras é associado ao preço de mercado.

De acordo com Menezes (2004), quando Baudelaire escreve, em um de seus poemas, que as transformações da Paris do século XIX não interferem no sentimento de nostalgia em relação à cidade, o poeta mostra o seu desprezo por uma sociedade que exalta em demasia o progresso tecnológico. “Paris muda! muda, mas nada em minha nostalgia; Mudou! novos palácios, andaimes, lajedos; Velhos subúrbios, tudo em mim é alegoria. E essas velhas lembranças pesam mais do que rochedos” (BAUDELAIRE,2006).