Parte 6: as prostitutas de Miller e Baudelaire

Igor Salgado
Continuistas
Published in
1 min readAug 17, 2017

No poema As Duas Boas Irmãs, Charles Baudelaire cria uma representação alegórica da devassidão e sua consequente interação com a morte. Essa alegoria é criada pela união de diversas metáforas que constituem um significado mais amplo. Logo no primeiro verso, o autor cria a personificação da Orgia e da Morte na figura de “duas jovens graciosas (…) cujas ancas andrajosas jamais logrou um fruto em si ter concebido.”(BAUDELAIRE,1985, p.399).

Em virtude da afinidade do autor por temáticas lúgubres e eróticas, é possível interpretar essas mulheres como representações simbólicas de meretrizes marginalizadas pela sociedade parisiense do século XIX.

Por outro lado, Frank Miller, na novela gráfica Sin City — Grande Matança, mostra prostitutas que tem participação central na narrativa. Exemplo disso é a personagem “Gail”. Além de ser a líder das prostitutas da Cidade Velha, é a parceira amorosa do protagonista da história.

Da mesma forma, a personagem “Miho”, uma prostituta oriental, é uma das companheiras de luta de Dwight (MILLER, p. 131). A elevação das prostitutas a um nível heróico é explicitada em uma passagem da história na qual “Gail” é definida por “Dwight” como uma Valquíria — fazendo uma alusão à mitologia nórdica. (MILLER, 2005, p. 77).

--

--

Igor Salgado
Continuistas

Apaixonado pela sétima arte, atleticano e admirador dos clássicos do Rock.