Parte 8: Sin City e Walter Benjamin

Igor Salgado
Continuistas
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2 min readAug 30, 2017

Segundo Benjamin, “O típico da poesia de Baudelaire é que as imagens da mulher e da morte se interpenetram numa terceira, a de Paris. A Paris de seus poemas é uma cidade submersa, mais submarina que subterrânea” (BENJAMIN,1985,p.39). Essas características literárias são traduzidas, textual e imageticamente, no desfecho de Sin City — A Grande Matança. No clímax da narrativa, as personagens Gail e Dwight derrotam seus antagonistas em um confronto armado.

A narração subjetiva de Dwight descreve o ambiente:

“O trovão não para. Nós atiramos e recarregamos, atiramos e recarregamos, atiramos e vemos suas cabeças explodindo. Suas vísceras voam como restos num açougue. As paredes do beco ficam forradas de nacos molhados de pele e carne. A fumaça fica tão densa que as coisa em que atiramos viram apenas borrões em movimento que rodopiam, urram e tombam. A Valquíria ao meu lado está gritando e gargalhando com alegria pura, sedenta de sangue e cheia de ódio da chacina. Eu também.”(MILLER, 2005,p.163).

A morte é representada pela descrição textual detalhada da carnificina, pelas ilustrações de armas e dos detalhes de iluminação dos tiros. Já a imagem da mulher citadina é a da prostituta Gail, armada, que atira furiosamente. Por fim, a interpenetração dessas imagens na cidade é descrita, visualmente, pelo desenho da fumaça que corrobora à criação de um ambiente etéreo.

Essa mistura é exposta no trecho em que se descreve a grande densidade da fumaça que impede a visualização nítida das pessoas.

Nuvem de fumaça encobre Gail e Dwight (MILLER, 2005 p.162 e 163)

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Igor Salgado
Continuistas

Apaixonado pela sétima arte, atleticano e admirador dos clássicos do Rock.