CONTO ELEITORAL

Ano eleitoral é tudo igual. Mas a breve história que relato passou dos limites, embora tenha sido útil para toda a família.

"San Zinum"
CONTOS DO CELULAR
2 min readJul 14, 2020

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Conto Eleitoral — Foto: Greyson Joralemon

No primeiro dia foi um jornalzinho de partido e campanha política, estava jogado no chão da garagem. Li por cima. O de sempre. “Não somos ligados a grupos de poder e nem a outros políticos”. Ue não é um jornal de partido?
“Não somos representados e estamos aqui para te representar”, apenas antes das eleições.

Ano que vem nem aparecem mais.

Na semana seguinte, uma carta branca, enfiada no portão verde. Aqui não há carteiro. E nem caixa de correio. Nunca entendi porque em todos os lugares há caixa de correios nas casas mesmo sem ter carteiros para todos os lados.
No final muitas caixas só recebem poetas. Ou a esperança de notícias de um filho que sumiu durante a ditadura militar, que viajou pra praia e não voltou, do boleto de luz.

Na carta dentro do envelope branco, princípios e a história do candidato. Número de filhos, nome dos pais. O velho marketing. Conte uma história, e venda. Assim é com a TV, com a Bíblia, comigo aqui? Ops.

Na terceira semana. Fomos viajar na sexta-feira e chegamos durante a escuridão do domingo.
Ao acordar na segunda-feira minha esposa grita no quintal. Corro.

Bem no meio do quintal gramado havia um parquinho de madeira, com balanço e escorregador. Há uma casinha no alto de tudo.

Um bilhete dizia que era presente do candidato a prefeito.

Na próxima semana tenho medo de acordar e ver na minha sala aquela tevezona nova que tanto sonho. Medo não, esperança.

Meu título eleitoral nem é daqui. (Sandro Muniz)

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"San Zinum"
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https://tinyurl.com/yb44oc27 Pequenos contos. Autor do livro "Solo Raso", em breve lançarei um satélite com textos de autores independentes.