Março de 2017

Toda vez é a mesma viagem, eu não sei quantos minutos fazem que eu estou sentada aqui, minha maior dúvida é se são segundos ou horas… Agora é o momento que eu sempre me questiono “Por que eu me sujeito a tal situação?”. Já olhei umas 7 vezes para minhas mãos e meus dedos e estão todos lá. Esse tempo é uma verdadeira pegadinha, se eu perco ele, eu perco a noção de tudo, na realidade estou duvidando agora da minha capacidade de saber onde… de ir…. de reconhecer… os indivíduos a minha volta.

[Foco!]

Depois que entrei na faculdade a maior piada que já escutei é “Peça ajuda aos universitários” olha bem essa galera, está todo mundo perdido.

Sempre volto com esses questionamentos em um ciclo eterno, lembrando de como eu julgava fortemente aquela galera nas mangueiras, que vida mais bosta aquela que eu levava julgando os outros, foi só acender o primeiro que uma nova perspectiva surgiu, capaz de mudar o espaço-tempo.

Pra mim literalmente.

Inclusive, faz uns 3 minutos que estou conversando com você, mas passaram 20.

[Foco!]

Hoje vou tentar controlar essa viagem, deixe me lembrar de algo bom… Só de olhar pro 951 lembro do primeiro semestre, cheio de esperanças, tudo era bem simples, tanta gente entrou e hoje são tão poucos… Eu tinha aula naquela sala que fica virada pro canto que eu estou, será eu estou me olhando agora? Em outra dimensão de espaço-tempo? Sem nóia hoje, sem pressão baixa!

[Foco!]

Como assim, só passou 2 minutos desde que olhei o relógio?

Me sinto confusa.

Esse prédio da física é tão arrumadinho, lembro de como eu vivia certinha, um exemplar de nerd, não era difícil me encontrar dormindo de tanto estudar na biblioteca da física ou mesmo criando mundos em jogos, não foi aqui que comecei a achar que vivo em uma simulação de computador, mas aqui me deu forte bases de que eu sou apenas um código em uma simulação…A nóia não me larga…

[Sede!]

Será que eu já bebi está água que está em minhas mãos?

Essa água está muito deliciosa.

O tempo continua confuso.

1 minuto.

Olhando para aquela serpente me deu uma palpitação, sinto minha mão mais gelada, acho que dessa vez exagerei ou é só uma reação do que começou na biologia, foi com esse povo que está sempre de boa com a vida que eu traguei a primeira vez, por conta do rosto mais lindo que vi na vida. Agora a imagem dela vai ficar na minha mente e essa é a melhor viagem que eu posso ter.

Essa música é realmente boa, posso sentir as batidas na minha pele.

Posso sentir o toque.

Tudo escuro, não sei se estou de olhos fechados, nem sei descrever, mas isso sim é uma viagem.

[Fome!]

Finalmente consegui abrir a boca:

— Vamos pro r.u.?

— Sentaí que não faz nem 20 minutos que tu fumou.

Eu não sei quantos minutos fazem que eu estou aqui, minha maior dúvida é se são segundos ou horas.

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