Os vizinhos ainda vão reclamar, mas o domingo foi de rock ‘n’ roll em Campo Bom
O som das bandas Infeliz Mente, Kalifornia, Vida Torta, Common Fire, Cattarse e Frida, fez com que o centro da pacata cidade de Campo Bom, na Região Metropolitana de Porto Alegre, estremecesse na tarde do último domingo, dia 29.
O Grito Rock Campo Bom ocorreu pela primeira vez ao ar livre e aberto ao público, organizado pelo Coletivo Lighthouse, com o apoio da Prefeitura na cedência do espaço e dos equipamentos de som e luz, e com a ajuda de muitos amigos para que tudo desse certo. Os shows ocorreram em baixo da estrutura da primeira fábrica de calçados da cidade, que hoje é ponto turístico, o Largo Irmãos Vetter. Foi utilizado um palco baixo, com a intenção de aproximar os músicos do público, para que vivessem mais o rock ‘n’ roll, que deveria estar em muito mais eventos culturais gratuitos que ocorrem na região.
O evento levou meses para ser projetado, mas ao final, QUASE tudo deu certo. Quase, pois sempre têm aquelas criaturas que esperamos ver no show — porque vivem reclamando que não existem eventos na cidade — mas que não comparecem. Quase, pois a divulgação foi parar nos cartazes colados nos postes e tapumes, no Facebook, nas rádios campo-bonenses e em todos os jornais na cidade, graças a isso, a expectativa era de um grande público. Decepção comum de quem organiza um show, pelo menos em Campo Bom. Prefiro pensar que foi o tempo nublado e o Lollapalooza que infelizmente fez concorrência com o Grito Rock Campo Bom. Quem não preferiria estar no sofá assistindo todo aquele falatório do Billy Corgan sobre o gatinho?!
Esquecendo essa choradeira de sempre, a visão geral do Lighthouse é que são os elogios e os comentários por parte dos artistas que fizeram tudo isso valer a pena, deixando a vontade de muitos mais eventos. Para o guitarrista da banda campo-bonense Kalifornia, Charles Weiss, esse foi um ótimo espaço para mostrar o trabalho de sua banda que iniciou os trabalhos em setembro do ano passado. “Foi a primeira vez que fizemos parte de um evento tão grande. Foi muito importante para nossa trajetória e que venham mais eventos como esse!”
Não é sempre que se vê grandes músicos tocando perto de sua casa e de graça, como os da IZME, que abriu os shows sem atrasos. Não é todo o dia também que diversos gêneros musicais se cruzam em um festival. Ainda mais, bandas tão bem ensaiadas, cujo a qualidade do som foi capaz de agradar todos os gostos musicais, todos aqueles que sabiam que estavam ouvindo música boa, de verdade. Esse Grito além de ser marcado pela diversidade de sons, foi marcado também pela cagada de pomba no baixo dos Common Fire, por toda aquela agitação — e confusão organizada — dos Vida Torta, pela qualidade no som de bandas como a Cattarse — vocês sim, deveriam estar no Lolla! -, sem esquecer daquele público que agitou do início ao fim, que fez roda e que ficou até a noite para curtir esse evento especial para nós e para a cidade.
Mesmo enfrentando probleminhas no som, a banda que encerrou a noite, a Frida, de Gravataí, não poupou elogios ao espaço. “Esse foi um dos lugares mais bonitos que já tocamos”, comentou o vocalista Sandro Silveira. A banda, que já tem anos de estrada, já saiu do RS, já foi para o mundo e no próximo mês lança disco.
São perspectivas como essa e saber que cada um pode levar um pouco desse evento na memória que nos deixam felizes. Para o Lighthouse foi um grande aprendizado e ainda bem que temos fotos para eternizar esse dia histórico na linda Campo Bom.