Retrato da vida

A P O L O is natanael freitas
Contra Argumento
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2 min readFeb 27, 2019

Hoje eu vi uma foto. Instantaneamente, eu vi o passado. Eu não sei o que valeu até agora. Se houve algo com real importância em tudo que construí. Talvez, e apenas talvez, o que sei hoje seja de fato considerável. E olhe que ainda não sei se isso vale algo.

A falta de coisas palpáveis (não compradas, mas construídas) fazem o coração se apertar mais um pouco. O peso do tempo nos ombros de quem se diz que não deveria sentir isso, de quem nem tem história suficiente para pesar. Isso é que é fraqueza? Isso é que é ser um adulto? Esses lapsos de covardia que assaltam a alma é fruto do desenvolvimento humano?

Talvez se diga que é falta de propósito, falta de plano, falta do que fazer. Pode ser tudo isso, pode ser nada disso. Eu paro e olho pra trás e penso que meu propósito foi manter-se vivo, o plano foi satisfazer vontades e o fazer foi esvaziar o meu tempo. No ponto onde eu estou, não existe tarde, nem cedo. E isso torna tudo mais confuso. Será que só eu penso assim? Ou seria muita petulância minha?

O que mais me deixa triste é que todos esses quereres não saciados tem a ver com recursos não alcançados ou mal geridos. Isso daria um ótimo conceito para miserável moderno (tal como me sinto): aquele que teve o possível para fazer o que queria e não o fez, entretanto, quando alcançou sabedoria suficiente para fazê-lo, não era mais possível para ele.

O psicólogo perguntaria se isso seria sobre sexualidade ou sobre começar uma vida fora de casa e, pela primeira vez, diria que não tem relação com nada disso. Tem a ver com ser relevante sem nem saber o que é ser isso direito.

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A P O L O is natanael freitas
Contra Argumento

Refresco de groselha, com sabor de limão, mas parece tamarindo.