O que são metadados e qual a sua importância para uma investigação criminal?

Estava um pouco apressado. Faltavam 15 minutos quando entrei na livraria à procura do livro "Trilogia de Nova York" de Paul Auster. Não foi difícil encontrar a estante de literatura estrangeira. Agora era preciso encontrar o livro. Corri os olhos, procurando uma pista, e encontrei uma placa que dizia: nossos livros são organizados em ordem alfabética, pelo sobrenome do autor. Eu tentei. A realidade, contudo, era mais cruel: "Christie, Agatha" estava lado a lado com "Orwell, George".

O que mais eu sabia sobre a obra? Sabia que a edição brasileira era da Companhia das Letras e que sua espessura deveria ser compatível com um pouco mais de trezentas páginas. A lombada continha uma caricatura em preto e branco do autor na parte superior, seguida pelo título do livro grafado em letras amarelas em um fundo vermelho. Passei novamente os olhos pela estante concentrado nestas características e encontrei o que procurava. Foi assim que os metadados me ajudaram a chegar a tempo no aniversário de um querido amigo e com o presente debaixo do braço.

Metadados são dados sobre dados. E nos valemos deles a todo o tempo, o tempo todo e desde sempre: da organização da coleção de bonecas e carrinhos quando crianças à base de dados de governos e multinacionais.

Na era da informação, contudo, a importância dos dados sobre dados atingiu um novo patamar. É o principal ativo de muitas empresas, sobretudo, aquelas que atuam no segmento do marketing de vigilância. O motivo é simples: sem metadados muitas informações são inúteis. Qual a serventia de 1 terabyte de arquivos de música se não é possível encontrar a faixa que você quer escutar?

As primeiras matérias jornalísticas sobre metadados no Brasil, nos idos de 2008, tratavam exatamente sobre a organização de arquivos de música. De lá para cá muita coisa mudou, é cada vez mais frequente encontramos a expressão em páginas policiais sobretudo após a Operação Lava Jato.

Nomes de arquivos, suas extensões, suas respectivas datas de criação, modificação e acesso são exemplos de alguns metadados que podem interessar a uma investigação criminal. Estes vestígios digitais são frágeis e precisam ser preservados de maneira correta.

O manuseio inadequado, tanto por parte da acusação, quanto por parte da defesa, pode levar a imprestabilidade da prova. Conhecer a boa técnica e saber reconhecer a relevância, suficiência, consistência e/ou inconsistência dos metadados são habilidades essenciais àqueles que desejam atuar em casos criminais cujas evidências computacionais podem ser capazes de condenar ou absolver.