A “cor do sucesso”: a importância de um mercado de trabalho diverso e inclusivo
Como o racismo estrutural impacta nos índices de contratação da população negra no Brasil
Artigo por Thais Oliveira com apoio do Comitê de D&I da Convenia.
Aqui na Convenia amamos pessoas e, por isso, a diversidade e inclusão é um pilar importante da nossa cultura. É nas diferenças de ideias e vivências que encontramos o ponto-chave de uma equipe forte e talentosa. É na oportunidade de sermos quem realmente somos que encontramos a nossa melhor versão.
De fato, os diferenciais da Convenia estão nas pessoas e no coração que elas colocam em cada troca e entrega. Sabemos que, enquanto Comitê de Diversidade & Inclusão, temos muito a melhorar, mas desejamos que, ao ler essas palavras, você se lembre de algum momento que te marcou porque fomos atuantes/ativos como canal. Sempre estaremos abertos a te escutar, dialogar e acolher quando precisar!
Raízes do racismo e origem da consciência negra
Não nos choca que, em um país racista, o termo preto esteja atrelado a algo negativo. Quem nunca ouviu o dito popular de que gato preto traz azar, ou de que a cor preta simboliza algo mórbido? São pequenos comportamentos e palavras que compõem o racismo estrutural.
Estrutural porque está tão intrínseco à cultura que nem percebemos como racismo, não é? Por isso, todos nós precisamos estudar e entender quem somos. Você pode até ser branco, mas com certeza tem algum ancestral negro, porque o Brasil é um país miscigenado. Como diria Angela Davis:
“Numa sociedade racista não basta não ser racista. Você precisa ser antirracista”.
E é claro que essa luta não é só em Novembro. Todo dia é dia para celebrarmos a importância da cultura negra, mas a data da Consciência Negra não foi escolhida à toa.
Consciência vem do latim “conscientia”, que significa reconhecer algo em sua totalidade. Assim, Consciência Negra significa reconhecer e valorizar a cultura negra, considerando sua importância para a construção da nossa sociedade. O termo se popularizou na década de 70 com o boom de movimentos de luta negra que promoviam ações para combater o racismo estrutural.
E 20 de novembro, especificamente, porque Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, foi assassinado nesta data em 1695. Um ícone da história brasileira que simboliza a luta e o ativismo em prol da inserção de pessoas negras na sociedade.
A Abolição da Escravidão, assinada em 1888, pode até ter formalizado uma decisão, mas na prática a escravidão continuou velada em muitos cantos do país até hoje. Proibir algo sem criar mecanismos efetivos para uma mudança estrutural é o mesmo que não fazer.
Dessa problemática advém as inúmeras notícias veiculadas na mídia sobre casos de ataques de ódio a pessoas negras, sem um contexto minimamente coerente que mostre qualquer outro motivo que não seja tão torpe como a cor de pele de uma pessoa. Não podemos mais existir, andar na rua, falar, estar, porque provavelmente haverá alguém na esquina que seja contrário ao que chamamos de ser-humano, uma pessoa apta a viver em sociedade.
Pessoas negras e o mercado de trabalho
No mercado de trabalho o cenário também é preocupante. O estudo Jovens Negros e o Mercado de Trabalho, produzido em 2022 pelo Banco Mundial ao Núcleo de Pesquisa Afro do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e Instituto de Referência Negra Peregum, aponta que a população negra representa 56% do povo brasileiro, maioria portanto, mas tem os menores índices de acesso à educação, saúde e mercado de trabalho.
Ainda de acordo com a pesquisa, no Brasil, de um lado, quase metade dos empregadores são homens brancos (45%) e mais da metade das mulheres brancas têm vínculo empregatício formal. Do outro lado, 60% dos trabalhadores informais são negros.
A desigualdade ficou ainda mais evidente durante a pandemia de COVID-19. Dados do IBGE, 2020, mostram que a taxa de desocupação aumentou no país, crescendo entre brancos de 9,2% para 11,6% e entre negros, ainda mais expressiva, de 11,4% para 16,6%.
Como atuamos na Convenia
Aqui na Convenia temos um Comitê de Diversidade e equipe de Gente & Gestão estruturados para que nossa empresa seja mais inclusiva. E por que trabalhamos ativamente com políticas afirmativas?
Segundo o levantamento da consultoria MCKinsey de 2020, as empresas que incorporam a diversidade como pilar de sua estratégia de negócio têm mais chances de lucrar e inovar acima das médias do mercado. Para além de recursos financeiros, falamos de ter os melhores talentos em nossa equipe através de oportunidades efetivas.
Hoje, 39% da nossa equipe é formada por pessoas negras, um crescimento de 3% em relação ao ano anterior. Pode parecer uma evolução irrisória, mas, ao olharmos a nossa evolução em aspectos qualitativos, esse número fica mais expressivo.
Dá uma olhada em algumas das nossas ações de 2022:
- Criamos o Afro Convenia, canal no Slack apenas com pessoas pretas do time, para que tenham um espaço de escuta e acolhimento através da conexão com aqueles que fazem parte do mesmo grupo diverso;
- Melhorias no Censo de Diversidade, com novas perguntas e dashboard mais robusta, para que possamos acompanhar os números em relação às contratações e inclusão de pessoas pretas nos times;
- Acompanhamento das lideranças em seus projetos de diversidade e inclusão;
- Abertura de vaga afirmativa para pessoas negras em Tecnologia;
- Happy Hour 1.0 e 2.0 com o Afro Convenia. Um momento de integração e muita diversão online;
- Caminhada do privilégio, um momento de reflexão e reconhecimento de privilégios (ou falta deles) tanto no mercado de trabalho como na sociedade;
- Automação no Slack para evitarmos o uso de palavras racistas;
- Pílulas de conhecimento nas redes sociais, com participação das pessoas negras do time.
Para finalizar…
Nos orgulhamos de todas as ações realizadas, mas há muito a evoluir em números e ações para 2023. Sabemos que precisamos de um número mais expressivo de pessoas negras no time; de mais vagas afirmativas; de pessoas pretas em cargos de liderança; talks; palestras. Por isso, a importância de finalizar o ano com essa retrospectiva, olhando para o que foi bom, mas também ao que poderia ser melhor.
Um próximo ciclo se inicia e a diversidade e inclusão serão prioridades em todas as nossas ações. O progresso é um processo constante! Vamos juntes 💙
