A “Super-convergência”!!

LUCAS SANTOS SILVA DE SOUZA
DIG&TAL
Published in
4 min readOct 12, 2020

O ano é 2014, uma febre chamada Marvel inunda o cinema com universos compartilhados, easter-eggs, milhões de fãs e bilhões de dólares em bilheterias. Era o topo da “fórmula Marvel”. Uma empresa concorrente e igualmente grande, com formatos parecidos, chamada de DC Comics, propriedade da Warner Bros, decide iniciar um projeto nos moldes da concorrência para não ficar na retaguarda cinematográfica. O renomado diretor Zack Snyder, é chamado para conduzir o projeto chamado de: Justice League. Em meio à produção, após percalços, como: a desaprovação do CEO, o diretor afastado do projeto por motivos pessoais, troca na direção, nova montagem do roteiro, cenas deletadas, novo corte… em 2017 o filme chega às telonas. E, enfim, depois de tantos problemas, tanta espera, tanta expectativa… o resultado é bom? Bem, não exatamente. Ao menos para uma parte significativa dos críticos e, principalmente, dos fãs que não curtiram o resultado. E daí a história realmente se inicia.

Após esta enxurrada, o diretor original, que não teve seu nome desvinculado da produção por ter deixado o projeto na sua fase final, reaparece e faz o que qualquer profissional em sã consciência faria no seu lugar: “tira o seu da reta”. Em uma publicação no Twitter, Zack Snyder afirmou que este não era o corte idealizado por ele e isso foi o bastante para uma multidão de fãs clamar pelo tal Snyder Cut, com a ajuda dos próprios atores e famosos, no geral. E este não é o fim desta bela história, o estúdio em questão, por influência do CEO, negou a existência do corte algumas vezes, até que este apareceu magicamente após uma mudança na diretoria da Warner Bros, devido a escândalos envolvendo abusos. E enfim, em 2019, o corte não é somente legitimado, como ganha trailer original e data de estreia. Mas como e porquê isso aconteceu?

Pensando a partir da teoria da convergência, de Henry Jenkins, o fenômeno de engajamento de uma rede social, levantado por milhões de fãs não só pedindo pelo corte, mas também aumentando a visibilidade da empresa e da obra por si só, fez com que a empresa determinasse o relançamento do projeto. Foram feitos: um abaixo assinado pelos fãs, propagandas em eventos “nerd” e até protestos de pessoas vestidas de super-heróis. Mas também é importante lembrar que a nova diretoria teve uma visão óbvia do que viria: lucro iminente. Com o relançamento de Justice League à moda Snyder, a empresa não só satisfaria os fãs, mas também ao próprio bolso. Para o anúncio do filme, a empresa arcou com, aproximadamente, 30 milhões de dólares, o que não é um valor exorbitante para um estúdio deste porte. Mas teve a oportunidade de não investir novamente em marketing, que já havia sido feito pelo próprio público, atraiu a atenção positiva por ter “ouvido” os fãs, teve a oportunidade de reeditar um filme que não havia sido bem recebido, poderá ficar com toda a renda do lançamento e, o mais importante, irá alavancar a própria plataforma de Streaming: HBO Max, que será a única a deter o Snyder Cut.

Para concluir com o raciocínio do autor, entramos em uma era na qual o público não só decidirá o que assistir, mas como esse também será feito. E é exatamente neste ponto que este caso específico se enquadra: os fãs decidiram, através de mobilização social em mídias alternativas por assistir ao corte do diretor, e a empresa por sua vez, observando lucro, publicidade, e tudo mais, se aproveitou de dois velhos ditados numa só vez: “A voz do povo é a voz de Deus” e “Quem quer rir tem que fazer rir”. O público não escolheu como seria feito, mas escolheu qual versão quer assistir. E é aqui que a história se encerra, ao menos por enquanto. Agora a espera é para ver se desta vez o “hype” será do tamanho da qualidade. Até o lançamento, em 2021, ou até o próximo diretor pedir o seu próprio Cut… aguardamos ansiosamente.

TRAILLER LINK: https://youtu.be/z6512XKKNkU

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