A união faz a força
No meu primeiro texto, havia comentado que iria desenvolver o conceito de Tripé utilizado por Henry Jenkins, neste mesmo texto abordei o conceito de convergência que, no caso, é o primeiro conceito dos três que formam o Tripé. Logo, sobraram os outros dois sendo “Cultura Participativa’’ e “Inteligência coletiva” que abordarei no texto a seguir e aplicando no objeto de estudo o jogo League of Legends — Amo muito.
Inteligência Coletiva
Para Lévy (2003), a inteligência coletiva é aquela que se distribui entre todos os indivíduos, que não está restrita para poucos privilegiados.
Basicamente, a inteligência coletiva nada mais é que um grupo de pessoas que através de sua bagagem cultural, social e de experiências, entendem parte um mesmo conteúdo de formas diferentes. Quando esse grupo de pessoas se juntam elas compartilham suas ideias, interpretações, possíveis adivinhações e seus respectivos pontos de vista sobre um determinado conteúdo em comum, aumentando seu nível de conhecimento sobre o conteúdo de forma coletiva onde sempre alguém tem algo a complementar.
No League of Legends, há fóruns de discussões que são disponibilizados pela própria empresa do jogo, para que a mesma possa estar sempre observando e levando em consideração os assuntos mais comentados pelos jogadores, além de ser uma ferramenta de interação para os usuários com ideias semelhantes. No Lol para além do jogo em sí, há uma construção narrativa do universo chamado Runeterra que seria o “planeta’’ onde habitam os personagens do jogo. Nesse universo são inseridos os personagens, cada um com seu propósito, sua função, conflitos e interesses. Dentro desse universo narrativo enorme do jogo, há muitos conflitos, em sua maioria guerras de uma região com outra e uma guerra “soberana’’ que irá envolver todas as regiões numa só guerra posteriormente, e isso abre uma série de possíveis teorias a respeito de como irão se desenrolar a história de Runeterra.
E aqui entra o conceito de Inteligência coletiva. Os fãs, através dos fóruns, interagem criando várias teorias de como irão se dar o rumo da história do jogo, são muitos conflitos, muitas histórias, regiões e personagens para serem levado em conta e isso gera uma discussão enorme a respeito. A empresa Riot Games está desenvolvendo a história, ainda não tem um fim propriamente dito. Inclusive, a empresa já disse oficialmente que está desenvolvendo a história para que os jogadores possam interagir decidindo o rumo de Runeterra a partir de votações.
Cultura Participativa
…a interatividade com as ações possibilitadas por prévia programação em um jogo de computador e a participação com as atividades próprias à cultura de fãs, que podem fazer uso dos recursos oferecidos pelo texto (o que também inclui imagens, áudios, etc) de forma nem sempre programada ou autorizada pelos produtores. (JENKINS, 2007)
Isso nos leva ao conceito de Cultura Participativa, que trata-se de um comportamento dos consumidores em estar participando cada vez mais dos conteúdos que consomem, interagindo através de um sistema complexo de regras, criado com propósito de ser utilizado de forma coletiva.
Outra forma de cultura participativa que a empresa propõe aos jogadores são dadas através de eventos que acontecem dentro do próprio jogo, são várias formas de interação participativa ao longo dos anos, a mais recente foi através de um evento chamado Florescer Espiritual, a qual foi criado uma interface dentro do jogo onde os jogadores poderiam interagir com alguns personagens e, a cada interação, era recebido uma missão para ganhar alguma recompensa.
Referências:
BEMBEM, Angela Halen Claro; SANTOS, Plácida Leopoldina V. Amorim da Costa. Inteligência coletiva: um olhar sobre a produção de Pierre Lévy. v.18, n.4, p.139–151, out./dez. 2013. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/pci/v18n4/10.pdf
http://mariana-dias.com/cultura-da-convergencia-e-narrativas-transmidiaticas/