Cancelamento é o caminho?

Há alguns anos, na premissa de dar voz aos oprimidos e denunciar injustiças sociais, a “cultura do cancelamento” veio à tona e levantou uma questão importante a ser discutida, seríamos nós seres tão perfeitos que podemos cancelar alguém? Antes de responder essa pergunta vamos adentrar essa cultura e entender os motivos que levam ao cancelamento.

Um usuário de redes sociais, como o Twitter, presencia uma atitude que considerada errada, registra e posta em sua conta, com o intuito de denunciar o sujeito para todas as esferas públicas que ele é envolvido, sendo empresa empregadora, cônjuge e autoridades locais. É comum que, em questão de horas, o post tenha sido replicado milhares de vezes e se não identificado na denúncia, usuários das plataformas identificam o sujeito e o boicotam.

A BBC Brasil juntou algumas situações que levaram ao cancelamento em massa de pessoas comuns que sucederam consequências inimagináveis para os mesmos. Demissão, linchamento virtual e acusações mal feitas foram algumas dessas consequências aos cancelados, e além disso tudo sem direito à resposta, como o vídeo abaixo demonstra.

A partir disso, voltamos a pergunta principal feita no início do texto. Seríamos nós seres tão perfeitos que podemos cancelar alguém? Nas redes sociais, pessoas se acham juízes e especialistas somente por experiências pessoais e únicas, o que acabaria os tornando entendidos do assunto. Isso se deve a grande massificação das mídias que deram voz à pessoas antes invisíveis aos olhos da sociedade, uma oportunidade de democratizar opiniões e ideias. Um ponto muito positivo em relação a oportunidades, mas que pode ocasionar grandes injustiças e alarmar de gigantescas formas pensamentos autoritários apenas por discordância de opiniões.

Todos nós temos opiniões discordantes e estamos à margem de um cancelamento, frases fora de contexto e símbolos ressignificados são de atmosfera pessoal e podem acabar gerando intrigas caso não sejam entendidos de tal maneira, fazendo com que pessoas que não concordem possam te atingir de uma maneira desproporcional e além de tudo, sem direito de resposta.

Tudo isso foi uma maneira de repensar algumas situações evitáveis e querendo dizer que o diálogo é sempre importante para organizar opiniões e entender o outro lado, não uma forma de defender covardes, racistas ou opressores. Foi uma forma de dizer que todos poderíamos ser cancelados, pois eu seria, e você?