O contra-ataque da ciência

João Pedro C. Ferreira
DIG&TAL
Published in
3 min readOct 12, 2020

Fazer ciência geralmente foi algo atrelado ao mundo acadêmico e distante das pessoas comuns, além disso, parecia haver uma falta de diálogo e clareza perante o mundo científico. Estes talvez foram fatores que influenciaram movimentos como “terraplanismo”, “antivacina” e algumas outras teorias conspiratórias que são disseminadas hoje em dia. Seus facilitadores são as próprias redes sociais, que por muito tempo não possuíam representantes significativos dispostos a falar de ciência para todos.

Dois dos principais culpados de compartilhar desinformação hoje são o WhatsApp que é uma rede sem intermediadores, ou seja, as pessoas confiam na informação por ser um parente ou amigo que a enviou, e o YouTube, que conta com um algoritmo que decide o que é mais apropriado para o usuário. O grande problema desse algoritmo é que ele leva para um buraco negro de desinformação, portanto se uma vez um vídeo sobre movimento anti-vacina for reproduzido, os recomendados serão apenas vídeos que falam sobre novas teorias anti-vacinas e por muito tempo a ciência ignorou, pois eram comunidades pequenas demais.

Vendo a necessidade de informar a população de maneira descomplicada, surgem canais no YouTube como; “O Fisico Turista”, “Ciência Todo Dia” e “Nerdologia”. O último ficou famoso por um dos seus apresentadores no meio da pandemia, Atila Iamarino, biólogo e pesquisador, acompanhar desde de novembro de 2019 a evolução do Coronavírus. Em uma entrevista ao podcast Poucas, Atila já dizia sobre o poder das mídias digitais, ao conversar sobre a possibilidade de trazer a universidade, na qual era professor, para o YouTube, foi de certa forma menosprezado por querer trazer ciência para o dia a dia através de uma mídia popular, ao invés de publicar artigos em revistas científicas. Ele relembra a dificuldade da universidade aceitar que o canal fosse criado, dando a escolha de permanecer no mundo acadêmico sem o a plataforma, ou continuar com os vídeos e se desvincular do trabalho de pesquisa.

Respectivamente Pedro Loss (Ciência Todo Dia) e Atila Iamarino (Nerdologia)

Um vídeo que viralizou no meio da pandemia, foi justamente o “Pandemias”, do Nerdologia que a 4 anos atrás parecia que descrevia a realidade de 2020.

Em 2017 o físico Caio Gomes também havia entendido que apenas brigar não combateria a desinformação e explicou porque a terra não era plana através do seu canal, de maneira que não desprezava as pessoas que acreditavam nisso, inclusive as elogiava por questionar o senso comum e didaticamente argumentou contra a desinformação.

Com a pressão da população algumas redes sociais tentam criar formas de combater a desinformação. O Instagram criou uma ferramenta que marca quando a informação divulgada é falsa, ou duvidosa, alertando para o usuário. Um perfil no twitter chamado Sleeping Giants, vai atrás dos sites que armazenam e disseminam a desinformação, e contata os anunciantes alertando sobre sua propaganda estar financiando notícias falsas. Isso tem dado muito certo pois esses blogs tem perdido força, e é orgânico até para algumas empresas que nem faziam ideia onde sua propaganda é publicada.

--

--