Redes e bolhas sociais
Tema: Redes sociais digitais
As bolhas sociais
Segundo a Revista de Direito, Governança e Novas Tecnologias, no artigo denominado “Bolhas sociais e seus efeitos na sociedade da informação: Ditadura do algoritmo entropia na internet”, as “bolhas sociais” são como espaços de confinamento. Neste espaço, os usuários de tecnológicas (redes sociais, mecanismos de busca) são submetidos à experiências selecionadas por algoritmos que são sequências de comandos formuladas por analistas de sistemas computacionais.
Os algoritmos são “alimentados” pelos dados do próprio usuário. O que o indivíduo pesquisa, quais links acessa, o que compra, o que lê, o que assiste, por quanto tempo e quantas vezes. Tudo isso é usado como métrica para traçar os pontos de interesse do usuário. A partir disso, as próprias redes sociais vão se adequando às preferências de quem as usa, como uma método para prender mais a atenção do indivíduo na rede social.
O vídeo a seguir explica o conceito de forma bem-humorada. (O vídeo possui palavras de baixo calão.)
Como foi pontuado no vídeo, a própria ferramenta de busca do Google já foi objeto de pesquisa devido resultados diferentes para um mesmo item procurado. A DuckDuck Go, plataforma de busca concorrente ao Google, realizou um estudo, em junho de 2018, onde mostra que “não é possível evitar a personalização da pesquisa nem mesmo ao se deslogar da conta do Google e navegar de forma privada”.
Eli Pariser, autor do livro “O Filtro Invisível” aborda a questão no seguinte “Ted”.
Segundo Eli Pariser, os “mecanismos criam e refinam constantemente uma teoria sobre quem somos e sobre o que vamos fazer ou desejar seguir.” A partir dessa constatação, podemos observar as consequências dessas bolhas na sociedade.
Citando novamente o criador do primeiro vídeo anexado, Felipe Castanhari em entrevista ao seguinte podcast, explica sobre como os algoritmos transformaram as relações.
Tempo em que o assunto é abordado: 44:06/46:26
Um das consequências, extremamente perigosa, do efeitos da bolhas é a polarização. Nesse cenário, cada lado possui sua própria verdade, não há concordância.
Protestos e bolhas
A possibilidade de encontro dos usuários a partir de seus interesses nesse ambiente tecnológico, onde “todos” possuem os mesmo princípios e verdades, se transporta para a realidade.
Notícias de manifestações nazista nos EUA, e no Brasil, se tornaram mais recorrentes. Nas bolhas sociais, pessoas que compartilham esse tipo de ideia podem se encontrar e organizar atos de manifestação. Além disso, como elas apenas vêm e leem matérias e argumentos que reforçam seus pensamentos, movimentos perversos como os estes ganham espaço fora do ambiente digital.
O vídeo abaixo é um trecho do podcast “Flow”, onde o entrevistado é o youtuber Lucas, do canal “Inutilismo”. Entre piadas e muitas palavras de baixo calão, eles apontam tópicos abordados no texto, como as verdades “próprias”, algoritmos das redes sociais, polarização mundial e até uma possível guerra civil. É interessante pontuar que Tim Kendal, ex-presidente do Pinterest, no documentário “O Dilema das Redes”, também aponta uma possível guerra civil decorrente da persuasão dos algoritmos.