A hierarquia morreu.

A liderança não

Thiago Ribeiro E Freire
coollab
4 min readNov 13, 2018

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Em outubro passado, me dediquei a estudar sobre Holocracia para realizar um talk para a Comunidade DT in Rio — um grupo de pessoas interessadas em usar o Design Thinking para solucionar problemas do Estado do Rio de Janeiro — . Essa comunidade está desenvolvendo um modelo de gestão em rede, com hieraquia horizontal, onde ninguém é chefe de ninguém e todos são responsáveis pelo sucesso e condução das atividades da comunidade. Logo, faz sentido estudar Holocracia.

O que é Holocracia? (ou Holacracia)

Holocracia é um sistema criado pelo americano Brian Robertson para a gestão de negócios. Conforme definição da Holacracia Brasil:

A Holacracia (Holocracia ou Holacracy) é uma tecnologia social (ou um sistema de governança organizacional) onde a autoridade e a tomada de decisão são distribuídas em uma holarquia de grupos auto-organizados.

A descentralização da autoridade e da tomada de decisão cria um ambiente de corresponsabilidade, onde fica mais difícil o indivíduo assumir o papel coadjuvante nas atividades diárias da empresa, seja em projetos ou nas atividades diretas da função que exerce.

Uma das empresas mais conhecidas que adota a Holacracia é a Zappos

O CEO da empresa, Tony Hsieh, acredita seriamente no sistema e aplica à risca seus conceitos.

Os funcionário da Zappos orgulham-se de sua mentalidade colaborativa, muitas vezes ajudando os outros, não importando em qual função ou departamento estão. Eles são guiados por uma missão; Do RH ao pessoal do TI, é tudo questão de entrega o “wow” para os seus clientes, não importa sua função ou posição.

Ou seja, na Zappos todos estão embuídos do mesmo propósito: o sucesso do cliente, e são responsáveis por ele.

Corresponsabilidade, colaboração e propósito: são valores necessários para a gestão em rede.

Por que a Hierarquia está morrendo?

O dicionário define:

substantivo feminino

organização fundada sobre uma ordem de prioridade entre os elementos de um conjunto ou sobre relações de subordinação entre os membros de um grupo, com graus sucessivos de poderes, de situação e de responsabilidades.

sentido figurado

classificação, de graduação crescente ou decrescente, segundo uma escala de valor, de grandeza ou de importância.

Ou seja, hierarquia pressupõe uma escala de valor, de importância, com sucessivos poderes.

É onde mora o problema.

Concentração de poder, centralização do poder de decisão, lentidão nos processos, falta de autonomia, baixo engajamento das equipes.

Tudo isso precisa acabar, em prol da saúde financeira e manutenção da existência das empresas.

Com o mundo cada vez mais competitivo, ágil, exponencial, é necessário que as organizações sejam capazes de responder às mudanças na mesma velocidade e intensidade.

Por isso, vemos a crescente adoção dos métodos ágeis como Scrum, Lean, XP, Sprint, etc. — oriundos da área de desenvolvimento de softwares — por diversas empresas, nas mais variadas áreas.

E o que tem de diferente?

Com times enxutos, multidisciplinares e autoresponsáveis, as tomadas de decisão são mais rápidas, os testes e validações acontecem rápidamente, com o objetivo de melhorar o produto, criando situações ideais para o ciclo de Design Thinking acontecer.

Entender-Observar-Definir-Idealizar-Prototipar-Testar

Etapas do Design Thinking

Nesses modelos ágeis a hierarquia é, em muitos casos, descentralizada, horizontal ou situacional. Times menores, processos de feedback constantes, fluxo de comunicação direto e transparente, pensamento sistêmico e ciclos de aprendizado, com acordos e papéis bem definidos contribuem para o engajamento dos integrantes.

O batido lema das Startups: erre, mas erre rápido. E aprenda com o erro.

Dessa forma, as empresas buscam manter a competitividade, buscando novos mercados, processos e produtos.

O papel do líder e sua evolução

Chales Darwin está certo.

https://www.pensador.com/frase/ODIzMjM4/

O mundo VUCA, a mudança em velocidade exponencial, tudo o que já vimos em artigos anteriores influencia diretamente na liderança.

Liderança

Liderança é um processo pelo qual um indivíduo influencia um grupo de indivíduos para alcançar um objetivo comum. — Peter Northouse

Eu interpreto objetivo comum como propósito.

substantivo masculino

  1. intenção (de fazer algo); projeto, desígnio.

“tenho o firme p. de viajar”

2. aquilo que se busca alcançar; objetivo, finalidade, intuito.

“ter bons p. na vida”

Nessa relação — líder x liderados — exite um fator determinante para o alinhamento do propósito, a confiança.

É tão importante que é usada como critério de avaliação para o Prêmio Melhores Empresas para se Trabalhar, realizado pela Great Place to Work

Só que a confiança precisa ser mútua.

O líder precisa confiar nos membros da sua equipe, esse estímulo é fundamental.

O perfil do líder “gerentão” está perdendo cada vez mais espaço.

Quando o colaborador estabelece esse vínculo com o líder e com a empresa ele se engaja, se dedica, acredita nos valores e entregas da companhia. Está feito o alinhamento de propósito.

Passadas essas etapas, entra a influência do líder. No dia-a-dia da empresa, no gerenciamento de conflitos, fluxos e rotinas, melhoria dos processos, no prazo apertado para uma entrega de última hora.

É uma relação de troca.

Processo de Liderança (adaptado de Michael Araki)

Fique ligado aqui para saber sobre as novas habilidades necessárias para um líder de sucesso na quarta revolução industrial. Vou postar em breve um artigo dedicado a esse assunto.

Acompanhe por aqui e aqui se quiser saber mais sobre esses e outros assuntos.

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Para saber mais sobre a Comunidade DT in Rio

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Thiago Ribeiro E Freire
coollab

Professor | Mestre em Gestão da Economia Criativa | Pesquisador em Design de Experiências e Estratégias de Inovação | Facilitador |Designer de aprendizagem