Boa sorte Paulo Fonseca, você vai precisar

Alexandre Vinicius
Coração de Roma
Published in
4 min readJun 24, 2019
Paulo Fonseca, novo técnico da Roma

Essa postagem está meio atrasada né? Paulo Fonseca foi anunciado há mais de uma semana, é o desânimo que a Roma proporciona nos seus torcedores e olha que estou estreando no blog. Bom, o português, que será o primeiro mister lusitano na história deste clube controlado atualmente por pessoas desanimadoras, terá muito trabalho pela frente. O primeiro deles, talvez um dos mais importantes, será de gerenciar a crise que a equipe vive… desde 2011?

Todo mundo aqui sabe que no futebol a pressão por resultados é constante. Só que na Roma essa pressão é elevada ao extremo. Tudo é motivo para explodir em uma crise. Não é preciso ter duas ou três derrotas seguidas com baixo desempenho ou — mais — uma eliminação em qualquer torneio para ter esse momento do futebol instaurado em Trigoria. Na Roma, é só o time entrar em campo que as chances de desastres são enormes. É um erro da Matrix.

Paulo Fonseca terá que ser um líder gigante para agir rápido (alô, Liga Europa! Estamos indo fracassar com vocês) e blindar elenco para não deixar que o principal problema da Roma, o extracampo, atrapalhe no seu trabalho. Para quem não sabe, me refiro a toda merda jogada no ventilador por Deus — para os leigos: Totti -, com objetivo de mostrar como funcionam as coisas com essa direção que destroça ídolos e enquanto ela estiver na capital, seguiremos como oposição. O treinador encontrará um elenco fragilizado pelas recentes saídas, “só” De Rossi e Totti.

Os problemas constantes da Roma são motivos que certamente dificultarão o trabalho do português. Nesta segunda-feira (24), oficialmente, ele começou sua passagem por Trigoria e precisará colocar a ordem na casa o mais rápido possível para não viver no futebol italiano o que rolou no Porto: entre alguns empecilhos, não suportou o nível de cobrança e falhou no seu, talvez, principal desafio na carreira até agora.

Para quem não conhece a trajetória de Paulo Fonseca, eu te conto brevemente: foi zagueiro em uma carreira modesta por clubes portugueses. Como técnico, ganhou destaque na carreira no Paços Ferreira, quando levou o time aos playoffs da Champions League, na temporada 2012/13. Foi para o Porto em 2013/14, deu ruim, voltou para o Paços, mas teve sucesso novamente no Braga em 2015/16, quando venceu a Taça de Portugal. Foi contratado pelo Shakhtar e conseguiu dobradinha de títulos — Copa e Liga da Ucrânia — nas três temporadas que comandou a equipe, que eliminamos, pasmem, na Champions daquela temporada que todos foram enganados mais uma vez — semifinal, após o milagre contra o Barcelona.

Paulo Fonseca disse que pretende fazer a Roma ser uma equipe ofensiva, que se tornará competitiva ao longo das partidas e deixará os torcedores orgulhosos. Seu histórico de trabalho com jovens é um dos seus trunfos para isso, principalmente neste início de caminhada na capital italiana. Justin Kluivert, Nicòlo Zaniolo, Lorenzo Pellegrini, Patrik Schick (?) e Cengiz Ünder, caso não sejam vendidos, poderão evoluir nas mãos no novo mister. Por ora, no entanto, tudo é teoria e o período de transferências será crucial para não deixar a situação ruim.

Será preciso ter paciência e deixá-lo trabalhar. Mas além de precisar ser um gerador de crises e orientador para jovens, Paulo Fonseca terá que superar um histórico junto a diretoria que está acostumada a destroçar treinadores. Luis Enrique, Zeman, Andreazzoli (interino), Rudi Garcia, Spalletti, Di Francesco e Ranieri (tapa buraco) passaram pelo comando em Trigoria desde 2011. Se formos mais longe, Paulo Fonseca é o 16º treinador desde a saída de Capello, em 2004 (15 anos!), considerando duas passagens de Ranieri e Spalletti. É mais uma aposta, mas que terá que lidar bem com o ambiente conturbado na Roma para conseguir construir um novo rumo, dele e da equipe giallorossi.

Quais serão seus principais desafios? Fazer a Roma voltar a jogar e encantar, tendo como consequência disputa por vagas nas competições europeias, em especial a Liga dos Campeões. Impossível falar em títulos, ao menos neste momento, mas é certo que entraremos no 12º ano sem levantar um troféu e esse é mais um motivo de pressão para o português.

Dos nomes ventilados, que passaram por Conte, Gasperini, De Zerbi, Blanc e vários outros, Paulo Fonseca é uma escolha coerente por suas características. Terá que pegar no embalo, principalmente no início de temporada. Cobranças farão parte, e o português terá que superar tudo no dia a dia. In bocca al lupo, Mister.

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