Das incertezas com o futuro, a certeza de ser Romanista
Todo mundo lembra do seu primeiro dia de aula. Quando nossos pais nos entregaram nas mãos de pessoas estranhas. A sensação de termos de enfrentar o desconhecido, o novo. O início de uma temporada costuma refletir no torcedor o mesmo sentimento que tivemos na primeira vez que entramos no prédio da escola. Mesmo que tudo aquilo pareça ser uma lembrança de outra vida.
A temporada que se inicia nesse sábado para a Roma talvez seja a mais incerta das últimas temporadas. E ao mesmo tempo talvez seja a menos empolgante para o romanista. Depois de duas temporadas sem conseguir se classificar para a Champions League, a Roma encara uma nova jornada em que as perspectivas estão longe de serem melhores. Afinal, poucas coisas foram feitas para termos expectativa com alguma coisa.
Se esquecermos a última atuação da Roma, contra o Sevilla, é bem verdade que a impressão que o time de Paulo Fonseca deixou para os seus torcedores nos últimos jogos da temporada passada foi positiva. Naquele momento a equipe enfim pareceu ter encontrado o seu estilo de jogo ideal, enquanto alguns nomes deixaram boas impressões dentro de campo.
A mudança na diretoria do clube, com a venda de James Pallotta para Dan Friedkin parece ter intensificado o processo de rejuvenescimento do elenco. Nada de estrelas. A verdade é que essa janela da Roma pareceu (pelo menos até agora) mais uma oportunidade de se desfazer de jogadores do que de trazer novos.
De cara nova, até agora, só Marash Kumbulla e Pedro. O primeiro é zagueiro albanês, destaque no Hellas Verona e um dos nomes mais sondados na janela italiana. De fato, uma excelente aposta, ainda mais em um time com tantos problemas na zaga. Pensar um trio com Ibañez e Mancini pode ser promissor, mas a falta de experiência e a pouca idade preocupam, ainda mais com os altos e baixos que esses jogadores viveram na última temporada.
Pedro, por sua vez, chega do Chelsea. Experiente pode até contribuir com o time, mas é uma das muitas contratações sem necessidade que a Roma gosta de fazer, com o único intuito de gastar dinheiro. Torcer para que o efeito Mkhitaryan se repita e o espanhol queime a minha língua.
Outro que deve estar de chegada é o atacante Arkadiusz Milik. O centroavante vinha sendo especulado na Roma há algumas temporadas, mas dessa vez o Napoli e o jogador enfim aceitaram a proposta giallorossa e confirmaram a mudança. O polonês que já machucou o joelho duas vezes na carreira, chega para o lugar de Dzeko, que deixa a Roma para se juntar à Juventus depois de seis anos e 106 gols — números que o colocam como quarto maior artilheiro da história da Roma — e um dos grandes ídolos recentes que o torcedor romanista cultivou.
Outro jogador identificado com o clube que está de mudança é Florenzi. A Roma (e aqui não se sabe se diretoria ou comissão técnica) entendeu que Bruno Peres — ou De Sciglio que parece estar chegando também — tem condições melhores de desempenhar a função de ala do que o italiano que foi para o PSG. Vai entender.
De resto mais do mesmo. Se a temporada passada já teve um ar melancólico para o torcedor romanista, a próxima não deve ser muito diferente. Ainda mais com Zaniolo machucado (de novo) por, no mínimo, seis meses. Nossas esperanças recaem em jogadores novos, sujeitos a chuvas e trovoadas.
Costumo dizer que sou um pessimista por essência. O lado bom disso é que praticamente nada do que aconteça (por pior que seja) surpreenda muito. Seja entrar na sala de aula de uma nova escola pela primeira vez (ou começar uma temporada sem saber o que vem pela frente), seja sofrer um gol do rival no último lance do jogo. E convenhamos, nesses dois casos o romanista já está bastante acostumado.