Fogo nos racistas

Wellington Guterres Félix
Coração de Roma
Published in
2 min readOct 1, 2019

Jogadores de renome na Itália como Kalidou Koulibaly, Franck Kessie, Romelu Lukaku, Miralem Pjanic e Dalbert foram vítimas de racismo. Para os bons conhecedores da Serie A, esse tipo de atitude nojenta das torcidas não é nenhuma novidade, muito pelo contrário.

Porém, a atitude que a Roma teve em relação às ofensas a Juan Jesus foi um tanto surpreendente. Nessa semana, o atleta sofreu insultos raciais de um torcedor por DM no Instagram e denunciou para o clube e para a rede social. A Roma, que ultimamente tem sido um clube muito ativo nas suas redes sociais, baniu o tal torcedor do estádio pra sempre. Pediu, inclusive, que Federação Italiana tomasse maiores atitudes em relação os casos citados.

Infelizmente, a Roma é exceção nesse sentido. Agir diretamente para coibir o preconceito é um passo visto como exceção perante as desculpas esfarrapadas dadas pelos clubes e suas facções de ultras. Em vez de haver uma campanha partindo das equipes para combater e extinguir ofensas racistas, vemos justificativas cada vez mais covardes, que perpetuam o ódio voltado a determinados jogadores.

Insultos racistas nunca deveriam ser propagados sob qualquer circunstância, em qualquer ambiente, é inadmissível falarmos sobre isso em pleno século 21, mas não custa ressaltar novamente: racismo é crime, e os estádios e redes sociais não pertencem a um mundo paralelo e sem leis.

Estamos tendo inúmeros exemplos de como evoluir enquanto seres humanos, e como sociedade, só ver o que aconteceu na semana no prêmio The Best da FIFA, no qual aquela mãe palmeirense, Silvia, e seu filho, Nickollas, ganharam o prêmio como torcedores do ano, isso sem falar no discurso inclusivo feito por ela no púlpito.

Temos inúmeros exemplos positivos além desse, o que evidencia nossa vontade de mudar. Usar o futebol para proporcionar essas mudanças é algo que devemos focar no futuro. Infelizmente, torcedores na Itália não pensam assim e nem pretendem alterar sua conduta dentro dos estádios.

Diante disso, nossa resposta só pode ser uma. Como diz Djonga, na música Olho de Tigre: Fogo nos racistas! E fogo também na conivência com os preconceituosos. Estamos caminhando para que isso não seja mais tolerado, para a minha felicidade e a de todo amante do futebol.

O gol da Roma ao apoiar Juan não deve ser comemorado, porém. Deve ser visto como a exceção dentro de um país que se recusa a discutir o problema do racismo de maneira séria. Um clube só remando contra a maré talvez mude algo em longo prazo, mas por agora ainda parece pouco. Força, Juan, estamos contigo!

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