Fonsequismo Amnésico

Daniel Babalin
Coração de Roma
Published in
4 min readSep 20, 2019

De antemão já confesso que meu nível de #empolgou é alto com o Fonsequismo. Romanista é tudo trouxa mesmo, não pode ver uma ilusão que já quer tomar pra si. Neste meu texto de estreia vou tentar explicar que boa parte da minha empolgação vem de uma característica meio amnésica que vejo nessa equipa do Mister Portuga. A Roma de Fonseca as vezes parece acometida de amnésia e esquece que é a Roma: caso contrário, teríamos tomado o empate do Sassuolo rodada passada da Serie A, após uma vantagem de quatro gols diminuir para dois com tempo hábil no relógio para tal vexame.

Na partida inaugural da campanha na Liga Europa, caso não tivesse momentaneamente esquecido sua identidade, a Roma não teria feito aquele golzinho achado, depois de sofrer o primeiro tempo todo, vítima de uma forte pressão turca e de muitos erros técnicos. Não é o nosso modus operandi. Assim como também esquecemos hoje que Juan Jesus e Fazio jogando lado a lado como titulares jamais resulta em clean sheet.

Tomara que a Roma esteja, de fato, se esquecendo desses péssimos hábitos. Alguns outros podem (e precisam) se consolidar, como as boas atuações de Zaniolo. O garoto sobra demais em campo e vem galgando cada vez mais, na parte técnica, o posto de sucessor de Totti.

A Roma de Fonseca também me parece organizada e com peças de reposição suficientes para que eu me esqueça por alguns instantes de quão catastrófico foi o mercado do Monchi. Parece que finalmente temos peças para fazermos alterações durante a partida sem que o time tenha que mudar radicalmente o jeito de jogar.

Na temporada passada, quando qualquer meio-campista saía para a entrada do ~N’Zombie~ o time mudava demais de característica, visto que só o francês jogava naquela velocidade showbol masters Amigos do Túlio vs amigos do Oliúde. Ontem, apesar do gol perdido, Kalinic parece que tem mais condições de dar conta do recado quando entra no lugar do Dzeko do que Schick (o que não significa muito). Pellegrini entrou no lugar do Pastore, fácil demais se sobressair daí. Pastore fez mais um jogo preguiçoso, e em lances isolados mostrou lampejos de habilidade: um arremate bom na primeira etapa e um belo drible da vaca no segundo tempo (seguido de um cruzamento pífio). Veretout substituiu Cristante quando o jogo já tava mamata e se a placa não tivesse subido ninguém nem teria notado.

De destaque positivo dos novos nomes, eu coloco o Spinazzola: apoiou bastante pela direita e me pareceu ter bastante recurso quando chega na parte final do campo. Não tenta chuveirar de qualquer jeito logo na primeira oportunidade, sabe variar entre fintar pra cruzar e ir pra dentro da área através de dribles. Mérito dele em cruzar forte após bela jogada do Dzeko, e forçar o gol contra no finzinho do primeiro tempo, lance cagado mas que abriu a porteira e salvou um jogo complicado até então.

Dzeko foi bem na primeira etapa, saindo bastante da área e dando qualidade na construção das poucas jogadas que a Roma conseguiu propor. No segundo tempo ele foi aquele Dzekão que eu amo odiar e odeio amar: Logo no começo do etapa complementar o Zaniolindo fez uma jogadaça, “dimblou” dois marcadores quase grudado na linha lateral direita, ainda no campo de defesa, levou a bola pro ataque, deu o breque, inverteu a jogada e apareceu na área pra finalizar pro gol, Dzeko quis roubar frag cabeceando pra dentro (a bola que já ia entrar) e foi marcado o impedimento. Os mais antigos devem lembrar desse ato como o Gol do Guga, artilheiro ex-Santos que adorava roubar gols dos outros.

No minuto seguinte, outro contra-ataque e Dzeko perdeu um gol cara-a-cara com o goleiro. Mais alguns minutinhos depois, BAM, outra jogada mágica do Neo-Totti e daí finalmente o bósnio deixou o dele. Desse ponto em diante foi só sucesso, Zanigol também marcou num arremate lindo, e até o Kluivinho limitadíssimo também marcou seu gol (de perna esquerda, para meu espanto, já que a direita que é a “boa” só falhou o jogo todo). Justiça seja feita, o holandês correu e tentou os 90 minutos, não faltou empenho, apenas me dói ter que admitir que ele talvez não seja tudo aquilo que eu (nós) esperava(mos) que fosse.

No fim das contas, resultado positivo (e enganoso) demais. Durante boa parte do primeiro tempo eu achei que o texto de hoje seria full corneta, mas já que deu certo, vida longa ao Fonsequismo e que cada vez mais a Roma se esqueça que é Roma e que ouse ser algo mais. Avanti Lupi! Auuuuuuuuuuu!

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