O que já vimos da Roma de Fonseca (parte 2)

GG
Coração de Roma
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5 min readAug 24, 2019

Sim, eu vi todos os amistosos. Não, não há nem um pingo de orgulho envolvido nisso. Já escrevi antes, escrevo novamente: olhar para o campo, no caso da Roma, é quase um escape em si mesmo. Se há quem tenha o futebol como refúgio das mazelas da vida, ver uma Roma meia-boca jogar é também se blindar do próprio clube, cada vez mais ridículo fora das quatro linhas. Estamos na véspera da estreia pela Serie A, diante do Genoa, no Olimpico. E novamente, a instituição que amamos não merece nem de longe tal sentimento e não faz nada para merecê-lo. Na verdade, cada vez mais tenta nos afastar. Trouxas é o que somos. Na tarde de domingo, iniciamos mais uma vez o processo de reestabelecer o que é ser romanista, três meses depois de sermos forçados a dizer adeus para um ídolo eterno. Eu gostaria de escrever que desistir é sempre uma opção. Mas ao olhar para dentro, só descubro que não é. Então seguimos:

Perugia 1–3 ROMA

(Perúgia, quarta, 31 de julho de 2019)

1º tempo (1–2): Mirante; Florenzi, Fazio, Mancini, Spinazzola; Diawara, Pellegrini, Ünder, Zaniolo, Perotti; Džeko.

2º tempo (0–1): López; Karsdorp, Mancini, Jesus, Kolarov; N’Zonzi, Cristante, Ünder (Zaniolo), Antonucci, Kluivert; Schick.

Gols: Mancini (2), Džeko (1).

O primeiro fora de Trigoria, o primeiro (e único) ante time da Serie B. O Perugia de Massimo Oddo — capitaneado por Aleandro Rosi — de fato serviu como transição para uma pré-temporada um pouco mais desafiadora. A começar pelas cobranças da torcida: foi o primeiro encontro do time de Fonseca com as arquibancadas, já que em Trigoria eram portões fechados. No setor visitante do Renato Curi, o machucado torcedor romanista apoiou e reclamou. Também, coitado, viu jogo tecnicamente fraco e morno. Pouco que ocorreu, inclusive os gols, só em falhas defensivas clamorosas. Destaque para o segundo tempo de Schick e López, além da primeira variação tática. No meio da partida, Zaniolo voltou a campo pela direita, mas chegou a ser atacante em um 4–4–2, opção momentânea ao 4–2–3–1.

Lille 2–3 ROMA

(Lille, sábado, 3 de agosto de 2019)

Escalação: López; Florenzi (Spinazzola), Fazio, Jesus, Kolarov; Diawara (Pellegrini), Cristante, Ünder (Antonucci), Zaniolo, Kluivert (Perotti); Džeko.

Gols: Ünder, Zaniolo e Cristante (1).

Quando Džeko quer, é o melhor jogador do time. Simples assim. Talvez tenha sido esta vitória, no primeiro teste contra um time de melhor nível, a escancarar o quão difícil seria encontrar alguém no mercado para substituir o bósnio à altura, em especial no esquema de Paulo Fonseca. Não foi uma grande apresentação coletiva da Roma. Aliás, o primeiro tempo foi ruim, com posse de bola estéril, erros ridículos de passe e uma marcação frouxa — Diawara era a ilha solitária de desarmes. A virada, tanto no placar quanto no desempenho, veio na segunda etapa. Sem brilho, a Roma passou a acertar. Acertar lançamento, acertar posicionamento, acertar o gol. Zaniolo sempre ótimo e Pellegrini entrou bem no pacote de mudanças aos 70’. O jogo aberto, porém, trouxe dificuldades para a defesa lenta.

ROMA 2–2 Athletic Bilbao

(Perúgia, quarta, 7 de agosto de 2019)

1º tempo (0–1): Mirante; Florenzi, Mancini, Jesus, Spinazzola; Diawara, Pellegrini, Ünder, Antonucci, Perotti; Defrel.

2º tempo (2–1): López; Spinazzola (Santon), Mancini, Fazio, Kolarov; Cristante, Pellegrini, Zaniolo, Antonucci, Perotti (Kluivert); Defrel (Džeko).

Gols: Kolarov e Pellegrini (1).

A pior apresentação da Roma em toda a pré-temporada. Tudo bem que Fonseca já estava de olho no Real Madrid, um teste mais importante, mas foi feio. Um dos aspectos mais importantes do time, os “pontas invertidos” — que trazem a bola para o meio tanto para criar pelo centro do campo, quanto para abrir espaço para a subida dos laterais ou até mesmo finalizar — foram simplesmente nulos. Do outro lado, um Athletic bem defensivamente e que aproveitou os já rotineiros erros na saída de bola (de Diawara e Pellegrini) para fazer seus gols. Os da Roma vieram em bela cobrança de falta de Kolarov e em pênalti inexistente. Aliás, com um a mais desde os 60’, após entrada inaceitável de Berchiche em Defrel, o time pouco criou além do lance do não-pênalti e de um gol bem anulado.

ROMA 2–2 Real Madrid (5–4 pêns.)

(Roma, domingo, 11 de agosto de 2019)

Escalação: López; Florenzi (Spinazzola), Fazio, Jesus, Kolarov; Cristante, Pellegrini (Diawara), Ünder, Zaniolo (Antonucci), Perotti (Kluivert); Džeko (Schick).

Gols: Perotti e Džeko (1).

Era para ser a apresentação oficial do elenco à torcida. Com tantas turbulências recentes e com um mercado cheio de dúvidas e contestações, não foi. A Roma apenas entrou em campo normalmente, sob vaias direcionadas principalmente a Džeko, devido aos rumores da saída. E o bósnio respondeu com uma atuação de gala. Para alguns, enquanto Paulo Fonseca e vários jogadores “estreavam” no Olimpico, Džeko se despedia. Agora sabemos que não. Zaniolo, que estreou há um ano justamente contra os merengues, também foi sensacional. A Roma ganhou um troféu nos pênaltis, mas merecia vencer no tempo normal. Casemiro marcou em impedimento e o Real Madrid foi colocado na roda. Ünder e Kolarov outros destaques, mas é verdade também que a partida dos espanhóis foi horrível.

Arezzo 1–3 ROMA

(Arezzo, sábado, 17 de agosto de 2019)

Time até a reta final (1–2): López; Florenzi, Fazio, Jesus (Mancini), Kolarov; Diawara, Cristante, Ünder, Zaniolo, Perotti; Džeko.

Na reta final (0–1): López; Santon, Fazio, Mancini, Spinazzola; Cristante, Pellegrini, Defrel, Antonucci, Kluivert; Schick.

Gols: Perotti, Džeko e Kluivert (1).

Antes da pré-temporada terminar, a Roma renovou os contratos de Džeko, Zaniolo e Ünder. Não por coincidência, os três melhores jogadores deste início do trabalho de Paulo Fonseca. Cristante, Perotti e Kolarov vêm logo atrás. Por enquanto, o principal do técnico português tem sido tirar o melhor dos jogadores que a Roma já tinha, não necessariamente o encaixe dos reforços. O problema mais grave segue sendo a defesa, lenta e predisposta a falhas, inclusive com pré-temporada fraca de Mancini. Contra o Arezzo, cometeu pênalti idiota. Meio-campo também se mostrou em dificuldade na recomposição após perda de posse, mas criou muito. Contra um time de Serie C, para fechar a preparação, a Roma se poupou. Ainda assim, teve gols anulados e bom volume. Hora da Serie A.

Os números finais

10 jogos: 8 vitórias e 2 empates.

48 gols pró e 10 gols contra

3 jogos sem sofrer gols

2 gols marcados, no mínimo, em todos os jogos

Adversários: 2 times de Quarta Divisão, 4 times de Terceira Divisão, 1 time de Segunda Divisão e 3 times de Primeira Divisão.

Artilharia: Džeko e Ünder (6), Schick (5), Perotti e Antonucci (4), Florenzi e Zaniolo (3), Kolarov, Mancini e Defrel (2), outros sete jogadores (1).

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