Se a Roma não vencer o Cagliari, pode culpar este texto

GG
Coração de Roma
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3 min readApr 21, 2019

A última vez que comentamos um jogo (ou uma sequência de jogos) diretamente por aqui foi após uma derrota da Roma para o Napoli por 4 a 1. Desde então, o time de Ranieri está invicto. Os dois fatos caminham um tanto juntos. Esta Roma dá tão pouco tesão que já é difícil ter disposição para ler sobre ela; quanto mais escrever. Aquela goleada para o Napoli veio na sequência de uma derrota ridícula para a SPAL — contra a qual a Roma conseguiu a façanha de não conquistar nenhum ponto na temporada. Portanto, sabemos que você não nos julga por ter pouca paciência para o time. E do outro lado, nas últimas semanas, teve também a superstição. Em especial após duas vitórias seguidas por 1 a 0, diante da Sampdoria fora de casa e da Udinese no Olimpico, o torcedor idiota se agarra a qualquer coisa para acreditar que não atrapalha seu time; quando na verdade ele não precisa de nada disso. Atrapalha-se consigo mesmo.

Perceba o quão baixa é a régua da Roma e desta Serie A. Duas vitórias suadas pelo placar mínimo e dois empates (2 a 2 com a Fiorentina e 1 a 1 com a Inter, neste sábado) já mudaram completamente a situação. Do ponto de vista do time, o buraco era tão fundo que qualquer banquinho parece um elevador panorâmico. E do ponto de vista do campeonato, enquanto a octacampeã Juventus assiste tudo do seu arranha-céu e o Napoli curte o seu predinho de quatro andares, o restante protagoniza briga de foice no escuro pelos bangalôs disponíveis. O Milan vence a Lazio, que vence a Inter, que empata com a Roma, que vence a Sampdoria, que não vence ninguém. Neste período recente, a Lazio perdeu para o rebaixado Chievo, o Milan empatou com a horrível Udinese e Torino e Atalanta também colecionam empates. A Roma está viva pela vaga na Liga dos Campeões, mas deve muito disso à incompetente concorrência.

O cenário é condizente com o que a Roma atual pode entregar. A perspectiva de confiança no time é bastante rasa. Nesta sequência de quatro partidas invicto, o que o time de Ranieri mostrou foi garra, luta, disposição (o que é fundamental e muitas vezes faltava), mas pouco futebol. Extrema limitação ofensiva e dependência total de individualidades. Por outro lado, uma defesa que, se tem jogadores muito fracos, passou a funcionar coletivamente. Do meio para trás é ruim, mas é time. Do meio para frente não é time, mas tem quem resolva (às vezes). Foi o que El Shaarawy — que vive um fim de temporada muito bom — fez ontem, no golaço contra a Inter. Ou mesmo no passe magistral para Džeko marcar diante da Udinese. Foi o que Perotti fez em finalização improvável ante a Fiorentina; com Kluivert sendo importante e dando duas assistências, simplesmente por colocar o pé na forma. É um time com repertório minúsculo arrancando pontos à fórceps.

Não tem problema. Todos sabem que esta Roma atual é temporária. Nem que seja aos trancos e barrancos, ela tem objetivo muito claro: salvar o ano com uma vaga na Liga dos Campeões. Ainda é possível. E é o único farol da temporada, daqui até o fim de maio. Outras metas, como as da equipe feminina, já ficaram pelo caminho. As meninas, no primeiro ano do time, conseguiram terminar a Serie A na quarta posição, aquela que os meninos tanto buscam. Na Coppa, caíram na semifinal para a vice-campeã italiana Fiorentina. O time sub-19 feminino também foi bravo, perdia por 2 a 0 na final pelo scudetto, mas buscou o empate e levou para os pênaltis. Ficou no vice, por ser a Roma. A equipe sub-19 masculina é terceira colocada no torneio primavera e tem ida quase garantida aos playoffs. Por todos os setores do clube, há motivos para vaias e aplausos. Os últimos cinco jogos vão mostrar qual dos dois está reservado para o time masculino profissional.

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