V.A.R.: Vitória na Apresentação de Ranieri

GG
Coração de Roma
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3 min readMar 11, 2019

Talvez você não saiba, mas o VAR, desde que foi instaurado na Serie A, em 2017, virou um tema entre a desafortunada torcida romanista. Via de regra, sabemos que a decisão será contrária ao clube da capital. Justa ou não, internalizamos que qualquer definição será parte da sina que carregamos: a de sofrer o máximo possível pelo mínimo resultado possível. Talvez todos se sintam assim. O VAR, afinal, por mais necessário que possa ser – embora ainda extremamente problemático em sua aplicação –, adiciona por definição uma camada de sofrimento ao torcedor. E nesta segunda-feira, na reestreia de Claudio Ranieri no comando da Roma, sofrimento não faltou. O time sofreu, a torcida sofreu… Mas o VAR não destruiu nossos sonhos. Pelo contrário. Em decisão fundamental, nos últimos minutos, o Empoli teve um gol mal anulado que salvou o time de Ranieri: 2 a 1 e três pontos fundamentais.

Sim, é claro e evidente que a Roma foi beneficiada por uma interpretação, no mínimo, duvidosa dos árbitros, em lance crucial na reta decisiva do jogo. Antes, também é verdade, Alessandro Florenzi fora expulso injustamente – e o VAR sequer utilizado. No primeiro tempo, em lance que originou o gol do Empoli, também havia impedimento. Em resumo, a arbitragem foi uma zona, e muito responsável pela maneira com que o jogo se desenrolou. Quanto mais próximo do apito final, entretanto, mais peso tem uma decisão errada, e o gol mal anulado efetivamente alterou o resultado na hora mais aguda da partida. É uma dor que conhecemos muito bem, quando acontece contra a Roma. É importante não apenas admitir quando ocorre a favor, mas ver que também não é nada bom; sim um tanto vergonhoso.

Não é bem que a Roma foi incapaz de vencer o Empoli sem “roubar”, já que os erros ocorreram em toda a partida, inclusive contra o time de Ranieri. Mas na reta final, desde antes de estar com um a menos, a equipe já se mostrava totalmente em banho-maria. Zaniolo não fez um grande jogo, mas quando saiu, com dez minutos da segunda etapa, o time sentiu sua ausência. Desde o primeiro tempo, já em algumas variações a Roma funcionava com um 4–4–2 bem ao estilo Ranieri. Zaniolo, com muita liberdade, passeava entre uma linha de três meias, com Kluivert e El Shaarawy, e um papel de segundo atacante. No segundo tempo, tal função ficou com o próprio Faraó, que fez um bom jogo no geral, mas ficou mais apagado nesta posição.

A defesa foi, como sempre, marcada por erros. Juan Jesus e Marcano literalmente bateram cabeça no lance do gol adversário, que ironicamente, com estes zagueiros escalados, tinha mesmo que ser um gol contra. Florenzi fez uma boa partida, até ser expulso, é claro. Porém, qualquer tentativa de execrar o vice-capitão pela expulsão, por pior que seja a temporada dele (e a ferida do jogo contra o Porto), seria tão exagerada quanto a decisão do juiz de mandá-lo para o chuveiro. No meio, N’Zonzi fez partida segura e Perotti entrou participando pouco do jogo. É uma Roma insegura e incerta, característica inevitável deste momento. Em transição, o time ainda emula Di Francesco, embora respire Ranieri. E deve ser assim por um tempo.

O lance do gol mal anulado exemplifica a Roma atual: Juan Jesus ficou uma eternidade no chão, reclamando uma falta que não aconteceu, enquanto o time, que já tinha um a menos, tentava se defender da blitz adversária. Falha individual, decisão errada, falta de coletividade… Tudo esteve no lance. E a Roma teria romado, não fosse a decisão errada da arbitragem. Além das questões individuais, técnicas e táticas, o time esteve combalido, desfalcado por suspensões e lesões. Ainda assim, o segundo tempo foi patético, mesmo dentro deste cenário. No fim, pontos fundamentais de um time com mais sorte do que juízo. Ou seja, tudo segue igual. Mas também ninguém esperava que mudasse tão rápido. Ou ninguém espera que mude, ponto. É a Roma, afinal…

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