Estratégia de plataforma: construindo um mecanismo para evolução do negócio

Thoughtworks Brasil
Coragem
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5 min readDec 13, 2019

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adaptação do artigo Platform strategy: Building an engine for enterprise evolution, escrito por JoJo Swords para a quarta edição da Perspectives

Sete em cada dez das principais empresas do mundo hoje são modelos baseados em plataforma. A empresa de pesquisa e inteligência de mercado IDC prevê que no próximo ano 60% das empresas em todo o mundo estarão em processo de implementação de uma estratégia de plataforma digital.

Mas apesar dos números, há boas razões para as empresas abordarem o movimento de adoção das plataforma com cautela, principalmente porque nem sempre está claro o que é uma plataforma.

Plataforma se tornou uma palavra ambígua.

Há muita confusão no mercado sobre plataformas, porque a palavra é usada em vários níveis. Às vezes, plataforma é apenas um termo para um conjunto de aplicativos. Existem plataformas projetadas para suportar funções ou setores específicos. Existem plataformas de modelo de negócios (como o iOS ou o Facebook da Apple) que fornecem uma base para qualquer pessoa desenvolver. De fato, algumas lideranças de negócios de plataformas acreditam que plataformas eficazes são definidas por sua capacidade de tornar outras empresas bem-sucedidas.

Mas o que a maioria das empresas realmente precisa é de uma plataforma que contribua para o seu próprio sucesso, ajudando-as a navegar e se destacar em um ambiente em que as forças da digitalização, mudança e competição estão aumentando a cada dia. Esse ambiente exige uma plataforma de tecnologia fundamental que realmente acelere a capacidade da empresa de agregar valor para clientes.

Construída e aplicada corretamente, esse tipo de plataforma oferece uma abordagem mais ágil aos negócios — como na Sonic, uma icônica cadeia de fast food americana que, em parceria com a ThoughtWorks, desenvolveu uma plataforma digital para toda a empresa, sustentando novos canais e ofertas personalizadas para clientes.

Estabelecendo as bases

Para a maioria das empresas, a jornada de plataforma deve começar com uma pergunta muito básica: eu realmente preciso de uma? Em alguns casos, a resposta é: definitivamente não. A decisão geralmente se resume à escala. Uma pequena empresa ou startup que tenta avaliar uma idéia provavelmente se sairia melhor concentrando-se na criação de software apenas suficiente para levar essa ideia ao mercado e avaliar os resultados.

À medida que as empresas crescem em tamanho e complexidade, no entanto, os sistemas evoluem para atender a certas funções de negócios, como desenvolvimento de produtos ou gerenciamento de inventário. A dependência da empresa em relação à tecnologia aumenta a ponto de se tornar indissociável do negócio. Como os sistemas geralmente se desenvolvem em silos funcionais, áreas de atrito começam a se materializar. Os processos podem ser repetidos em toda a empresa ou tornar-se mais complexos do que o necessário.

Lidar com esses atritos torna-se crítico para a capacidade da organização de executar e de inovar. As empresas querem avançar mais rápido, experimentar novas ofertas, novos mercados, novos recursos. Mas ao mesmo tempo, lidam com muitos sistemas legados que aprisionam seus dados e recursos em determinadas funções. Para poder chegar aonde querem, precisam de ‘blocos de construção’ menores que funcionem bem juntos.

Na estratégia de plataforma, esses blocos representam recursos separados, com medidas tomadas para aprimorar a eficiência e reduzir a complexidade de cada um, para que possam ser usados ​​de maneira mais eficaz pelos times de engenharia e pela empresa como um todo para criar, entregar e medir as experiências de clientes e, finalmente, atender às ambições de crescimento da empresa.

Os blocos necessários podem diferir dependendo da organização ou setor. Mas eles podem ser amplamente agrupados em áreas de foco, como tecnologia de ponto de contato do cliente, infraestrutura de entrega e soluções de dados de autoatendimento.

A plataforma como um produto

Pessoas satisfeitas e sistemas mais seguros e robustos — é aí que a maioria das empresas pergunta: onde eu me inscrevo? A tentação pode ser pular para a primeira plataforma de nuvem em oferta ou revisar toda a estratégia de infraestrutura da empresa, mas isso efetivamente considera apenas parte da equação.

Conectar muita tecnologia junta com a esperança de que as pessoas usarão como pretendido e apenas executar uma iniciativa arquitetônica de baixo para cima: esses são os principais modos de falha na construção de plataformas. E a maneira mais segura de evitar esses erros é reconhecer e tratar a plataforma como um produto, com clientes internas próprias.

Como produto, a plataforma será julgada por sua capacidade de ampliar ou melhorar os recursos dos negócios, ao contrário da tecnologia, que é projetada para resolver problemas específicos e preexistentes. Nesse sentido, a plataforma está fazendo contribuições positivas em vez de só manter as luzes acesas.

Uma forma melhor de criar

Portanto, a estratégia da plataforma precisa incorporar a análise das prioridades estratégicas da empresa e como a tecnologia pode contribuir para elas: de que ajuda as equipes precisam? Ao analisarmos o portfólio para o próximo ano, onde estão as futuras oportunidades de aceleração?

A empresa típica possui um portfólio estratégico diversificado que abrange diferentes partes da organização e diferentes tecnologias — infraestrutura, dados ou funções de negócios, como gerenciamento de pedidos — têm a tarefa de servir de várias maneiras. As plataformas devem refletir essa diversidade.

Olhar a plataforma como monolítica é um problema, porque ela é um conjunto de coisas. Existem partes-chave do negócio que você está tentando representar, mas elas podem ser muito diferentes umas das outras. Embora existam alguns princípios ou práticas que você usaria entre eles, é necessário ver isso como muitas células diferentes funcionando autonomamente.

Autonomamente significa que cada bloco recebe a autoridade — e, crucialmente, os recursos — para impulsionar a melhoria em um domínio específico e, juntas, essas melhorias escalam os resultados de negócios abrangentes.

O reconhecimento da infraestrutura como um conjunto complexo de peças móveis reforça o argumento contra a tentativa de substituí-la por uma nova plataforma de uma só vez. Os sistemas legados são realmente “sistemas de realidade”, atendendo às necessidades diárias dos negócios. Em muitos casos, eles condicionam clientes — internas e externas — a esperar que as funções sejam tratadas de determinadas maneiras, e mudanças maciças arriscam confusão, desengajamento ou coisas piores.

Uma abordagem melhor é construir uma plataforma de forma incremental, identificando os recursos específicos que os sistemas legados foram projetados para oferecer, mapeando-os para as prioridades de negócios e direcionando áreas específicas para atualizações ou aprimoramentos que aproveitem ao máximo os ativos existentes.

Quaisquer que sejam as partes da plataforma que a empresa comece a montar ou ajustar, a ênfase deve permanecer em ganhos incrementais relativamente rápidos — em vez de transformação de ponta a ponta. Escolha as coisas de maior valor, crie um roteiro para melhorá-las, comece a trabalhar, meça e, em seguida, continue aprofundando e ampliando a estratégia.

É sempre bom lembrar: nenhuma plataforma é à prova do futuro. A reformulação constante do cenário tecnológico significa que os recursos atuais de produtos de ponta provavelmente serão um problema padrão em uma empresa — e as plataformas não são exceção. Isso significa que, por mais habilmente que uma plataforma seja montada e gerenciada inicialmente, ela precisará evoluir.

A vitalidade contínua de uma plataforma depende, em grande parte, da aplicação dos mesmos conceitos que governam o desenvolvimento do produto. Como qualquer produto, uma plataforma precisa ser nutrida e cuidada. O ciclo de feedback construir-medir-aprender e o foco na melhoria contínua precisam ser aplicados a cada recurso.

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