Sua empresa é como a do Jack?

Casal.s Macaubeiro
Corporate Hackers Brasil
5 min readDec 27, 2018

Você compartilha das questões do nosso amigo Jack…

Eu tenho um amigo que anda muito preocupado com a situação de sua empresa, como ele não autorizou compartilhar o seu nome vamos chamá-lo de Jack.

Jack sempre compartilha comigo suas ansiedades, expectativas e frustrações, como considero que seus anseios não são um privilégio só dele, imagino que outras pessoas passam por situações similares no seu dia a dia resolvi compartilhar com vocês as reflexões de Jack.

Jack é muito crítico, gosta de uma abordagem analítica, mas às vezes é um tanto quanto apático no que diz respeito a pôr a mão na massa para fazer as coisas acontecerem. Ele tem bastante tempo de empresa e isso faz com que ele tenha criado um forte vínculo emocional com ela.

Ele sabe que a sua empresa precisa mudar e devido a sua experiência ele consegue contextualizar muito bem todas as críticas que faz à instituição. Por exemplo: ele considera que mais de 70% das decisões tomadas são baseadas na empatia e na subjetividade e o restante com base em fatos e dados, talvez por que as informações sejam tratadas como um ativo pessoal, as pessoas “sentam-se” sobre as informações e tratam delas como se fossem uma galinha chocando seus ovos, se você chegar perto… ou seja, elas se empossam da informação como se ela não fosse da empresa e isso tem dificultado, além da gestão do dia a dia, a gestão do conhecimento organizacional.

Jack considera que sua empresa está passando por uma crise que é causada por uma series de fatores, uns em função do macro cenário onde ela atua, e outros por questões internas, como as já citadas ligadas principalmente à cultura, ao seu ver este é um momento propicio para a mudança. Agora, como fazer a mudança?

Ao seu ver, a crise organizacional pela qual a sua empresa passa está relacionada a duas outras: uma crise de representação e outra de credibilidade. Ao se relacionarem essas condições existenciais corporativas travam a empresa.

Essa condição é tão complexa que muitas vezes é difícil separar o que diz respeito à organização, credibilidade ou representação.

Jack tenta organizar as ideias… no que diz respeito à representação ele sente uma dificuldade dos “liderados” se identificarem com as suas “lideranças formalmente constituídas” a consequência disso é um sentimento de “nós X eles”, as pessoas não se percebem como parte do mesmo “time” e sim como times diferentes que competem constantemente entre si. Ele pensa inclusive que boa parte das “lideranças” não são reconhecidas como aptas para exercer o seu papel, os líderes, por sua vez se isolam em grupos de iguais, complicando ainda mais a situação. Ele pensa que sua empresa passa por um processo de “feudalização” em que o “líder” procura dar à área que coordena a “sua cara”, fortalecendo os silos dentro empresa e fazendo com que a coesão entre fluxos internos seja frágil.

Em se tratando de credibilidade, ela sempre é posta em cheque quando se percebe que as “lideranças” tem dificuldade em realizar o que é pregado, há, segundo Jack, um choque entre o discurso que é feito e a prática no dia a dia, essa confusão acaba por gerar nos seus colegas sentimentos ambíguos, insegurança e confusão que muitas vezes geram consequências na produtividade, segurança, saúde, etc. Não há uma convergência entre o que é dito e o que é feito: o que eu faço é o que eu digo e vice-versa… Como Jack é muito analítico, certa vez ele até esquematizou o que chamou de lacunas organizacionais: Governança, Comunicação, Gestão de pessoas como orientação cultural e Organização.

Jack pensa que os fluxos, quando ocorrem entre essas lacunas, são frágeis, não são coesos e isso acaba por potencializar os “feudos” existentes na empresa, ele considera que a gestão das pessoas (gente) deveria considerar os traços culturais da organização e não apenas ser tratado como um simples plano para o RH atuar na organização.

Jack acha que os feudos existentes não permitem que os recursos sigam um fluxo adequado e entreguem resultados para a organização, ele considera que essas lacunas entre os feudos fazem com que ele e outros colegas considerem a empresa como uma empresa sem rumo, que não tem um propósito com a qual eles possam compartilhar e princípios claros que orientem a todos.

Para ele a maior parte dos colegas não entendem qual é o objetivo e a estratégia de negócio da sua empresa e isso, segundo ele é causado pela inexistência de uma comunicação clara e eficiente, o que é comunicado na empresa, muitas vezes é irrelevante a forma utilizada para divulgar é equivocada, o fluxo de informação é cheio de ruídos e isso faz com que a comunicação mais eficiente seja aquela do chão de fábrica, a conversa com o colega é uma forma muito mais efetiva de comunicação, e por isso poucas vezes as pessoas procuram seus superiores para pedir informações.

Outra coisa que incomoda Jack, e que tem a ver com a comunicação, é a falta de orientação para executar a rotina, não estão claros os processos da empresa e por isso o aprendizado é muitas vezes uma atividade solitária e na base do “se vira”. A comunicação sofre um filtro, é seletiva e é usada apenas para divulgar o que é positivo, os problemas são ignorados e muitas vezes ficam ofuscados por tratamentos superficiais que não eliminam as causas, apenas os sintomas. Isso é considerado como se fosse um cachorro correndo atrás da própria causa, muita energia despendida sem sair do lugar.

O sentimento que Jack e alguns colegas têm é de que as instâncias superiores, apensar de dizerem sempre que suas portas estão abertas, estão blindadas.

Jack tem refletido muito sobre a situação atual de sua empresa e tem promovido internamente e independentemente alguns espaços para que todos possam falar abertamente dos problemas e procurar juntos soluções para eles. Ele pensa que a insegurança dos “lideres formais” tem provocado uma instabilidade nas relações internas e que esses espaços podem promover um ambiente colaborativo em que todos podem contribuir independentemente da posição na empresa.

Ele acha é preciso entender que o desempenho é provocado por definições claras e negociação e não por orientações nebulosas e opressão, a situação atual, segundo Jack, faz com que existam uma situação esquizofrênica em que as pessoas trabalham muito e produzam pouco, tenham muitas atividades que não estão claramente contribuindo para um processo de negócio e para entregar o produto final da empresa. Existem muitas métricas e indicadores de esforço, mas não há uma ligação direta destes com os resultados da empresa.

Há uma visão turva do escopo do trabalho e das prioridades para alcançar os resultados que realmente importam, a informação não flui assim como não fluem as atividades que devem gerar os produtos no final da cadeia. Ele acha que os indicadores estão todos obsoletos.

Ele tem a expectativa, que segundo ele é compartilhada com outros colegas, de que sua organização resgate o seu lado humano, e enquanto uma “organização” entenda a importância que cada um exerce e que todos devem trabalhar com o mesmo propósito para provocar a mudança necessária.

E então…

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