Além do Tempo. Além das Estrelas. Além dos Números.

Rafael Costa
O Costaverso
Published in
3 min readJun 6, 2017

A exatidão da matemática sempre foi o meu assombro (e de muitos) no ensino médio. Enquanto as contas eram 1+1, 4–3, 10–5, 3+2 tava tranquilo. A gente fazia um esforço danado e a professora rasgava um ÓTIMO de fora a fora no nosso caderno. Complicou um pouquinho quando tínhamos que descobrir o x, que depois virou x e y junto. O esforço era o mesmo, mas a professora já nos rasgava tantos elogios assim. Aí depois que o alfabeto inteiro começou a fazer parte, junto com vírgulas, sinais, fórmulas e figuras geométricas, o nosso esforço era do tamanho do universo. E depois de assistir Estrelas Além do Tempo, você entende os elementos matemáticos que fizeram desse filme estar entre os indicados ao premio de Melhor Filme de 2017.

Estrelas Além do Tempo (Hidden Figures, originalmente) conta a história de três primeiras mulheres afro americanas que trabalharam na NASA. O ano é 1961 e o racismo está em presença constante, onde ambientes são severamente separados entre para brancos e para negros. A brilhante mente de Katherine Jonhson (Vivida pela atriz Taraji Henson) ganha destaque desde sua infância, quando ensina pessoas bem mais velhas que ela a resolver equações no quadro da escola. Na Agencia Espacial Americana, junto às amigas Dorothy Vaughan (Octavia Specer) e Mary Jackson (vivida pela cantora e estreante nas telas, Janelle Monáe), Katherine trabalha como matemática (eles classificam como computadores) num prédio destinado a pessoas negras e, por alguns dias, são designadas a trabalhar em algum outro setor da NASA por alguma temporada.

Mary Jackson (Janelle Monáe), Katherine Jonhson (Taraji Henson) e Dorothy Vaughan (Octavia Spencer)

Durante o filme, Katherine, Dorothy e Mary enfrentam as barreiras raciais enquanto tentam alcançar seus objetivos dentro da NASA e de suas próprias vidas. Katherine passa a fazer parte do setor responsável pelos cálculos de reentrada do projeto espacial na atmosfera, Dorothy vê seu emprego ameaçado diante da chegada de um computador da IBM e Mary quer ser a primeira engenheira negra na agencia espacial. As três são muito amigas e dividem suas angústias e desafios enquanto voltam de carro pra casa no finais de dia.

O drama vivido pelas protagonistas vão além do que podemos classificar como “apenas mais um filme sobre racismo nos Estados Unidos”. Não é apenas isso. O filme trata de mentes brilhantes, mães e donas de casa que enfrentam o machismo, quebram as barreiras limítrofes dentro de casa e conseguem lhe dar com as situações na maior classe e cabeça erguida. Destaco a cena de Katherine revoltada com o todo o laboratório que trabalha, após ser questionada pelo chefe sobre suas saídas. Naquela cena, lembro, o silencio era absoluto na sala lotada do cinema.

Com muitos momentos emocionantes, Hidden Figures é um destaque, contando com um elenco rico. Além das protagonistas, Kevin Costner, Kirsten Dust (a Mary Jane dos filmes Homem Aranha 1, 2 e 3) e Jim Parsons (o eterno Sheldon de The Big Bang Theory compõem o time. A trilha sonora é dividida entre blues balançados de Pharrell Williams e a maestria de Hans Zimmer. Hidden Figures narra de forma orquestral a trajetória de três gigantescas personalidades que fazem parte da história da National Aeronautics and Space Administration (NASA), imergindo o público em acontecimentos que provocam lágrimas, brilha com a lógica de cálculos e desperta sorrisos em meio a Guerra Fria por um lugar na imensidão espacial.

--

--

Rafael Costa
O Costaverso

Acadêmico de Jornalismo da Unipampa, redator do Blogando, comunicador, fotógrafo, leitor e criador de memes.