Início. Meio. E fim?

Lançado originalmente em 2012 para PS3, o (“in”)expressivo “Journey” mostra-se gigante, inserindo o jogador dentro de uma narrativa trilhada pela intuição.

Rafael Costa
O Costaverso
4 min readJun 21, 2021

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Eu já tinha lido alguma coisa sobre “Journey”, mas nada sobre roteiros, avaliações ou reviews. Minhas poucas informações se resumiam em vídeos gringos de listas dos melhores jogos do PS3. Entre variadas enumerações de 20 melhores ou 15 melhores títulos para o console, Journey sempre estava lá, conquistando sua medalha de bronze (às vezes, prata) no pódio.

A partir de “Novo Jogo” (o jogo está em português), naturalmente como todo o jogo, nossa reação é prestar atenção a detalhes de personagens e construção da situação — assim como qualquer jogo. Journey segue a mesmo procedimento, mas de forma alternada. Sem palavras ou expressões, nos vemos dentro de um imenso deserto, aos pés de uma grande duna de areia. Nosso único ponto de referencia é o brilho de uma montanha ao longe, que o personagem observa. Quando chegamos ao cume da duna, o título do jogo é apresentado. Aqui, compreendemos. O objetivo é o topo da montanha.

Personagem

Sem nome, sem nariz ou boca. Os olhos, fixos, são os únicos pontos de compreensão que temos no início do game. A figura no meio do deserto dispara o contraste, com o longo manto vermelho — o que não deixa de ser enigmático. Quando a camera se posiciona, já é possível controlar o personagem na direção do primeiro objetivo. O topo da duna de areia bem em frente já desenha a aventura lhe reserva. O topo da montanha.

Muito bem vestido o nosso amigo (Imagem: IGN Brasil)

O inexpressivo personagem responde a poucos botões do controle do PlayStation. A alavanca da esquerda, tracionalmente, move o enigmático personagem na tela. O botão X executa pulos e pequenos vôos quando é mantido pressionado, de acordo com o “upgrade” que se conquista logo a frente. O manto ganha um tipo de cachecol que delimita o tempo que o personagem pode se erguer no ar. Ele começa pequeno, mas enquanto o jogador vai avançando no game, ele vai ganhando tamanho, o que signica mais tempo no ar. O círculo é interpretado como um chamado. Quando pressionado, o personagem oculto emite um círculo que se expande. Através desse círculo, é possível atrair as tiras de papel para alimentar o tempo de vôo.

Gráficos

Conforme o grande pensador de 2019, Renan de Almeida, do Choque de Cultura, “falo com tranquilidade” que Journey consegue ser um dos jogos mais lindos do PlayStation 3. É impressionante o quanto os efeitos de luz e sombra se harmonizam perfeitamente nos diferentes ambientes que o personagem se aventura. Desde o deserto, no primeiro estágio, é notável o efeito dos grãos de areia e como o sol brilha nas dunas. Em ambientes escuros, como cavernas, o tom sombrio se mescla com pontos de luzes, como na caverna subterrânea com monstros que procuram por “invasores”.

Enquanto segue para o topo da montanha, delicie-se com o poderio gráfico e ângulos das paisagens de Jouney (Imagens: divulgação)

Como se fechasse com chave de ouro, o poderio gráfico do Journey conversa com os seus pontos de dramatização e imersão. O personagem encapuzado que luta pela vida em meio à nevasca, sua redenção ao subir até o topo da montanha e seus passos até encontrar a luz são momentos dignos de pinturas, na expressão de cores e na imersão que o jogo proporciona.

Multiplayer

Journey é curioso quanto ao aspecto de jogadores. Por mais que dê todos os sinais e indicações de uma campanha em single player, se você estiver jogando com conectado à internet, provavelmente encontrará alguém pelo caminho. Com personagens bem semelhantes ao seu, você encontrará outros jogadores rumando para o mesmo objetivo que você. A única forma de comunicação é pelo “chamado”, quando uma onda circula emana da cabeça do personagem.

Não é sempre que a gente consegue encontrar alguém pelo caminho (Imagem: Gamerview)

Dificilmente você poderá encontrar algum amigo seu correndo pela enigmática de terra de Journey, mas alguns tutoriais ensinam a você tentar achar o parceiro para encararem a jornada juntos. Caso você encontre alguém no meio do caminho, o nome da pessoa aparecerá na tela de créditos, depois do término do jogo.

Desenvolvido pela Thatgamecompany e Santa Monica Studio (a mesma de God of War), Journey um jogo que proporciona boa dirversão para as suas poucas horas de gameplay. Entre duas a três horas, é possível chegar ao topo da montanha sem maiores problemas. Ainda assim, a experiência imersiva de Jouney é inigualável, reforçada pelo mistério em torno de enredo, paisagens de tirar o fôlego e pequenos puzzles que deixam mais perguntas (afinal, a pessoa nunca sabe se está indo pelo lugar certo) do que respostas, que são decifradas ao final de cada estágio.

O game está disponível para PS3, PS4 e Microsoft Windows. Até o momento, não há informações se ele integrará a biblioteca de consoles da geração atual (PS5, Xbox Series X|S, Nintendo Switch).

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Rafael Costa
O Costaverso

Acadêmico de Jornalismo da Unipampa, redator do Blogando, comunicador, fotógrafo, leitor e criador de memes.