BEM- ESTAR

É bonito ser bonita

Como a realização de cirurgias e procedimentos estéticos mudaram a qualidade de vida das pessoas para melhor

Eduarda Silva
Cotidiano Incomum

--

Brasil está em segundo lugar o ranking mundial de cirurgias plásticas no mundo | Reprodução: Site Freepik

Estar bonita ou se sentir bonita é, na maioria das vezes, um desejo das mulheres. A procura por cirurgias e procedimentos estéticos no Brasil aumentou bastante nos últimos anos, prova disso é que o país está em segundo lugar no ranking mundial de cirurgias plásticas no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. O dado mais atualizado é de 2020, quando, segundo a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS), foram feitas 1.306.962 intervenções cirúrgicas estéticas no país. Se algumas pacientes fazem procedimentos desnecessários e de risco apenas para estar em um padrão estético quase inalcançável, há aquelas que, depois de uma cirurgia, passam a se sentir muito melhor.

Eu me sentia mal com a minha aparência, principalmente com o nariz, não gostava de tirar fotos de lado e também de nada que expusesse o meu rosto”, Andryelle Silva, estudante de nutrição

Além de uma mudança no visual, as cirurgias e procedimentos estéticos podem proporcionar uma melhora na vida. É o caso da estudante de nutrição Andryelle Silva, de 22 anos, que realizou cirurgias estéticas de rinoplastia e mamoplastia em julho de 2021 e conta que a sua aparência sempre a constrangeu. “Na verdade, sempre foi uma coisa que me incomodou. Desde que eu me conheço por gente, principalmente na época da escola, que é uma fase onde ficamos muito expostos a julgamentos. Eu me sentia mal com a minha aparência, principalmente com o nariz, não gostava de tirar fotos de lado e também de nada que expusesse o meu rosto”, relata Andryelle, que mora em Cachoeirinha.

Uma pesquisa realizada por Sabrina Borges Ferraz, mestre em psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Fernanda Barcellos Serralta, doutora em psiquiatria e ciências do comportamento pela UFRGS, investigou o efeito que os procedimentos causam na autoestima e concluiu que a cirurgia plástica estética traz resultados benéficos para as relações, para a sexualidade e para a percepção de si mesmo. O estudo, que foi realizado com mulheres que se submeteram a procedimentos estéticos, demonstrou que a maior parte das entrevistadas apreciou o resultado, ou seja, sentiu-se melhor, mais bonita, com um aumento na autoestima e na feminilidade.

“Hoje em dia eu percebo que tenho um melhor desempenho no meu estudo, no meu trabalho e isso foi por conta da minha autoconfiança. Óbvio que eu não dependia do meu nariz para fazer um bom trabalho ou estudar, mas isso me impulsionou, parece que eu me descobri uma nova pessoa”, diz Andryelle. “Quando estamos de bem com a gente, parece que todas as áreas da nossa vida vão para frente.”

Um processo de mudança

Antes de realizar qualquer procedimento ou cirurgia estética é necessário seguir recomendações de especialistas e se informar sobre o processo que irá acontecer. A biomédica e especialista em procedimentos estéticos Maria Eduarda Wenczenovicz, afirma que antes de qualquer procedimento é fundamental fazer uma análise do paciente.

“É muito importante que o paciente passe por uma avaliação antes, para estar ciente das informações necessárias sobre o procedimento, de que forma ele vai ocorrer, quais são as suas expectativas e o que mais lhe incomoda no momento. Após a avaliação, conseguimos enxergar de forma clara qual procedimento é o mais adequado para cada pessoa”, explica Maria Eduarda, que atende em Porto Alegre e Erechim.

Diferente das cirurgias, os procedimentos não cirúrgicos (também chamados de não invasivos) costumam ser mais simples, rápidos e oferecem menos riscos. A maioria deles pode ser realizada em clínicas e consultórios, sem necessidade de sedação, internação ou período de recuperação hospitalar. “Ao realizar um procedimento não cirúrgico, conseguimos obter um resultado imediato, além de uma melhora visível na autoestima”, acrescenta Maria Eduarda.

Psicologia na área estética

Além de cuidados básicos para realizar qualquer procedimento ou cirurgia estética, é recomendada também a assistência de um psicólogo para que a pessoa consiga “enfrentar” a mudança na vida com mais segurança e adquirir um maior conhecimento sobre si mesmo. Para a psicóloga e terapeuta de mulheres Luanda Vieira, o equilíbrio é uma questão muito importante de ser tratada ao realizar esses procedimentos.

“A vontade de realizar os procedimentos têm que vir de uma ideia própria, do seu eu interior. Não tem um certo ou errado ao realizar os procedimentos, o paciente tem que manter sua integridade com o seu eu, saber equilibrar as coisas na sua vida, sem exageros. Ele tem que conseguir diferenciar a expectativa da realidade, pois não vai ocorrer uma mudança interior, mas sim exterior do paciente”, explica Luanda, que atende online e presencialmente em Cachoeirinha.

Conseguir diferenciar a expectativa da realidade foi uma etapa pela qual Andryelle passou. “Às vezes a gente chega para os médicos e fala ‘eu quero o peito da fulana’. A pessoa quer o corpo de alguém específico, mas não existe, não tem como. Então nesse primeiro momento ocorre uma frustração, pois nós criamos uma expectativa com todas essas modelos com o corpo perfeito, com os peitos mais lindos do mundo, mas o resultado fica diferente”, diz Andryelle. Ela esclarece que não é uma questão de ficar feio, mas apenas de ficar diferente. “Não tem como ficar igual a outra pessoa, mas após a cirurgia fui me conhecendo, aprendendo a me amar, aprendendo a amar a minha nova versão, sem colocar defeitos. Eu me amo assim, como eu sou agora, com certeza foi uma das melhores escolhas para a minha vida”, comemora Andryelle.

Reportagem produzida para a disciplina de Fundamentos da Reportagem do curso de Jornalismo da FABICO/UFRGS.

--

--