Nem sempre dá pra ser guerreira de Wakanda!

Lara Miranda
Cotidiano Sensível

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Há um tempo existe, intelectuais, ativistas, empreendedoras, enfim, mulheres negras que questionam o estereótipo de que toda mulher negra é forte e está pronta para enfrentar qualquer coisa. O problema não está necessariamente nesse ideal e sim no que ele representa e suas consequências…

Além dos problemas sociais decorridos dessa imagem — como a utilização de menos anestesia em gestantes negras- existem as consequências psicológicas que por muitas vezes passam despercebidas ou não são associadas a essa questão.

Tenho pensado em como o auto conhecimento/cuidado se encaixa bem melhor como potencializador do que a formação de uma super-heroína. Quando assumimos essa capa que tanto nos impõe esquecemos de que não somos obrigadas a sustentar ou resolver tudo, que não precisamos “bater palmas com a mão na cintura” para sermos ouvidas (mesmo que, por diversas vezes, esse é o melhor jeito de lidar com determinadas situações rs) e que está tudo bem chorar quando não souber o que fazer.

Ao invés disso o auto conhecimento nos ensina a nos respeitar; a aprender a nos dar espaço, tempo, cuidado.. isso é essencial para a manutenção da saúde mental. Vestir a roupa de guerreira de Wakanda por vezes é um fardo.

Aprendemos a exaltar nossas “pretas velhas”, as mães solteiras, as que perdem os filhos, as que os filhos se perdem e isso não é mais do nossa obrigação: reconhecer quem está na base! Mas isso representa a naturalização dessa suposta predisposição para salvar o mundo.

Se queremos mulheres pretas emponderadas, independentes, fortes , temos que ensiná-las a se conhecer e se construir dentro dos seus limites. Caso contrário, teremos super heroínas frágeis que terão elas mesmas como inimigas.

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