Usando minha sensibilidade

Mateus Alves
Cotidiano Sensível
2 min readApr 22, 2018
Imagem por Coluna Pedro Gabriel (Intrínseca)

Certo dia, conversando com um amigo, percebi algo que não havia pensado desde minha entrada no curso de ciências sociais: Quando expostos a temas que nos fazem investigar as problemáticas da sociedade, adquirimos sensibilidade. Não apenas de sentimentos, mas de ao ver certas situações, não encará-las como algo comum. Talvez as enxerguemos como anomias ou até mesmo como situações de demonstração sentimental. A questão é que elas nunca serão ignoradas.

Minha vida mudou drasticamente ao me aprofundar nas ciências sociais: Abandonei certas crenças, adquiri outras. Tomo cautela sobre meus preconceitos — sei que eles existem e que não é fácil abandoná-los, assumo — visando não afetar a liberdade de ninguém, e além disso, meu senso crítico foi apurado. Não que eu buscasse isso, mas acabou se tornando um dos resultados do processo.

Dedico minha vida ao aprendizado, pois sei que ele é uma jornada até o fim de minha existência. Aliás, a forma como vejo minha vida e meus anseios também sofreram transformações que considero mais que positivas. Foi nas Ciências Sociais que percebi que tinha minha própria forma de pensar em certos assuntos e que dependo de outros pensadores para concretizar outros. Até porque, é disso que se trata as ciências humanas, certo? Ao vermos teorias e metodologias, vemos pensamentos que tem o propósito de compreender os atos e ações que conduziram, conduzem e conduzirão as sociedades.

É a partir dessa sensibilidade — ou olhar apurado, se quiser um termo menos voltado ao campo dos sentimentos — que teorias são criadas, reformuladas e utilizadas para replicações em sociedades. Tudo isto para compreender de onde se originam e quais as finalidades das ações humanas.

Quando existe toda uma sociedade que prega a desumanização das minorias, sou pressionado a abandonar esse sentido empático, do esvaziamento de minha existência para dar lugar a bruteza, a frieza de perspectiva afim não apenas de estreitar meu olhar, mas também de simplificar minha existência. Logo, viver sob a sensibilidade se torna uma forma de resistência.

Depois de todo esse tempo, enfim permito que esse universo das humanidades me integre, me refaça e me dê as bases que preciso para viver. Tudo isso junto a minha subjetividade, que a cada dia exploro mais. Por fim, que venha uma vida com sensibilidade.

(Meu eterno agradecimento a Ricardo Nascimento, pois sem aquela conversa nada disso teria existido)

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Mateus Alves
Cotidiano Sensível

Escrevo linhas aleatórias torcendo para que, juntas, tenham seu sentido.