A atípica temporada de 2020 da NFL!

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11 min readFeb 2, 2021

Foi um ano totalmente inesperado para todos. Como o mundo inteiro já sabe passamos ainda pela maior pandemia dos últimos anos, o que afetou em cheio os esportes mundiais. Muitos, inclusive eu, não imaginavam que a temporada da National Football League fosse acontecer, mas ela aconteceu. Ao longo das 17 semanas da temporada regular houve diversos problemas, que em alguns casos foram bem solucionados e em outros deixaram muito incomodados.

É hora de olhar para trás e analisar o que rolou com as franquias nesse ano. Assim como sempre, as 32 equipes passaram por mudanças, mas, com o intuito de pincelar o cenário em geral, nesse texto o foco será entender por cima como cada divisão se comportou. Tivemos grandes surpresas, com decepções e alegrias englobadas.

Para facilitar a leitura de quem não tem paciência e só quer saber de sua equipe, a separação dos tópicos será clássica: por conferência e por suas respectivas divisões.

Conferência Americana (AFC)

Divisão Leste (AFC East)

Allen e Diggs deram um show no primeiro ano da dupla. (Créditos: Christian Petersen/Getty Images)

É bem possível que aqui presenciamos um fim de uma era e o início de outra. Depois da saída de Tom Brady, o futuro do New England Patriots era incerto. A contratação de Cam Newton renovou as esperanças, porém o desempenho em campo foi distante do ideal.

New England se mostrou uma equipe bem treinada que, mesmo com um elenco bem limitado e uma transição na posição de quarterback, terminou o ano com 7 vitórias e 9 derrotas. Muitas dúvidas ainda pairam em Foxborough, já que a posição no próximo Draft não é boa para buscar um dos melhores prospectos da classe de QB’s e o time não tem a tradição de fazer trocas para cima.

Quem se aproveitou e virou uma grande potência na divisão e na conferência foi o Buffalo Bills. A paciência com Josh Allen foi recompensada, já que o franchise quarterback teve uma temporada incrível, sendo cotado em muitos momentos para o prêmio de MVP. O time ainda precisa de melhoras, principalmente no jogo terrestre. Depois de décadas sem um título da divisão, a Bills Mafia tem muitos motivos para estar confiante no futuro.

Os Dolphins trouxeram muita emoção para a liga. Tua e Fitzpatrick alternaram turnos como QB’s da equipe e Miami ficou bem próximo de chegar nos playoffs. Muitas críticas foram feitas com as trocas estranhas que Brian Flores fez com seus quarterbacks, o que faz muitos considerarem que os Dolphins podem ir atrás de um novo nome nessa posição por meio do Draft.

A grande decepção da liga foi o NY Jets, que protagonizou cenas lamentáveis durante o ano. A derrota para os Raiders foi patética de assistir e, quando tudo estava encaminhado para Trevor Lawrence ser um Jet, a equipe resolveu vencer duas partidas. Com uma comissão técnica nova, espera-se que os rumos mudem logo para NY.

Divisão oeste (AFC West)

Mahomes continua a ser fantástico. (Créditos: Icon Sportswire/Getty Images)

Os atuais campeões mostraram que ainda estão no topo, literalmente. Os Chiefs venceram a divisão com certa facilidade. Sua única derrota a ser considerada foi contra os Raiders, onde pareceu que a equipe de Las Vegas descobriu os segredos de Andy Reid e seus comandados. Porém, na partida de volta os Chiefs mostraram porque são os chefes da divisão. Será que vem mais um Super Bowl por aí?

O resto da divisão foi marcado pela mediocridade. Denver tinha incertezas com Drew Lock e o QB mostrou-se acima de tudo muito inconsistente. Além das lesões, Lock em certos momentos parecia um completo amador no jogo, enquanto em outros momentos parecia Peyton Manning. John Elway, que agora tirou o seu da reta, vê sua franquia um pouco sem rumo.

Os Raiders foram uma grande surpresa, já que ninguém sabia o que eles poderiam fazer. A equipe venceu Patrick Mahomes em uma atuação incrível e depois levou um sufoco astronômico dos Jets. O time foi a definição de “bleh”, com um recorde de 8–8 e muitas decisões a serem tomadas na pós-temporada.

Justin Herbert. O calouro que com o cabelo curto parece que tem 14 anos, mas mesmo assim joga como se fosse um veterano na liga. Ele quebrou o recorde de TD’s lançados por um novato na NFL com 31 no ano. Seu potencial pareceu limitado pelas decisões questionáveis de Anthony Linn e pela qualidade absurda que LA mostrou de perder jogos no finalzinho. O futuro parece brilhante para os Chargers.

Divisão norte (AFC North)

A defesa de Pittsburgh foi impressionante. (Créditos: Ronald Martinez/Getty Images)

Do Norte vinha as maiores expectativas. Joe Burrow chegava no nível profissional com a árdua missão de ressuscitar os Bengals. Big Ben voltava de lesão para tentar levar os Steelers para mais um título. O atual MVP, Lamar Jackson, buscava dar sequência a sua temporada passada que foi sensacional. Os Browns, que já sofreram tanto, montaram um elenco sólido.

As expectativas foram correspondidas, mais ou menos. Três dos times foram aos playoffs, só que suas jornadas foram repletas de bifurcações. Os Steelers montaram em um trem e começaram a atropelar todos seus adversários. Até que o trem encontrou o time sem nome e descarrilou. Após abrir 11–0, Pittsburgh começou a ter atuações muito ruins que culminou em serem eliminados pelos Browns em uma surra no Wildcard.

Os Browns finalmente chegaram aos playoffs e deixaram seus torcedores com muita expectativa para as próximas temporadas. Kevin Stefanski entendeu a melhor maneira de tirar proveito das habilidades de Baker Mayfield e levou glórias de volta para Cleveland. Com seu incrível duo de RB’s e uma defesa bem agressiva, os Browns agora são uma força na AFC.

O outro time que foi para os playoffs na AFC North foi o Baltimore Ravens. Foram muitos trancos e barrancos para serem superados, mas a equipe engatou uma boa sequência no final, vencendo jogos importantes e garantido a vaga na pós temporada. Após vencer seu primeiro jogo de playoff na carreira, vingando-se dos Titans, Lamar Jackson sofreu muito contra os Bills e saiu machucado do jogo, vendo seu time ser eliminado.

Com a chegada de seu possível franchise quarterback, os Bengals mostraram que ainda precisam de muitas melhoras. Mesmo antes da terrível lesão de Burrow a equipe não vinha jogando bem. Sem seu principal jogador de ataque, o destino estava decidido: pensar no próximo Draft. Com a terceira escolha geral, Cincy tem grande chance de trazer mais um grande talento para melhorar seu elenco.

Divisão sul (AFC South)

Derrick Henry liderou os Titans. (Créditos: USATSI)

Discutivelmente, ou não, a maior decepção tem nome e sobrenome: Houston Texans. Bill O’Brien, antes de ser demitido, conseguiu concluir seu plano de destruir a franquia. Depois da troca absolutamente sem noção de De’Andre Hopkins, tudo começou a desmoronar na equipe de Houston. Agora, o que resta para os torcedores, é torcer para que o front office consiga convencer Deshaun Watson a ficar.

Gardner Minshew tem muito carisma e estilo, mas lhe falta qualidade como quarterback para ser titular na liga. A posição de QB nos Jaguars foi uma completa bagunça, mas tudo indica que o próximo comandante será Trevor Lawrence. Jacksonville terá um novo HC e também precisa adicionar muito mais talento para ser competitivo.

O rei está em Tennessee e se chama Derrick Henry. O líder em jardas terrestres no ano provou que merece o contrato que recebeu e jogo após jogo humilhou defensores que tentaram pará-lo. Mesmo assim, os Titans sentiram que a liga não é mais tão dependente em correr com a bola, já que quando os Ravens conseguiram conter Henry no Wildcard, o ataque de Tennessee ficou perdido.

Mesmo assim, parece que os Titans estão em uma boa posição para continuarem a disputar o título da divisão. Com a aposentadoria de Philip Rivers, que comandou os Colts a um recorde de 11–5 que os garantiu na pós-temporada, Indy tem uma grande decisão para tomar. A defesa e a linha ofensiva são incríveis, o que falta saber é se irão atrás de um QB na free agency ou se buscarão um calouro no Draft para comandar o ataque.

Conferência Nacional (NFC)

Divisão Leste (NFC East)

Alex Smith será o Comeback Player of the Year. (Créditos: Mitchell Layton/Getty Images)

Aqui todo mundo sabe. Só decepção. Jogo rápido: a divisão Leste foi horrível ao longo do ano todo.

Os Giants perderam Saquon Barkley logo no começo do ano e viram Daniel Jones piorar muito no seu segundo ano na liga. Ao longo da temporada o time apresentou algumas melhorias e teve grandes chances de ganhar a divisão. A vitória contra os Seahawks foi um atestado da força da unidade defensiva, só que o ataque tem mais interrogações do que certezas.

Talvez Dallas seja a equipe com o elenco mais completo, só que a lesão de Dak Prescott implodiu o ataque do time. Mesmo chegando na última semana com chances de vencer a divisão, isso só ocorreu porque seus outros rivais também eram horríveis. A defesa foi massacrada em diversos jogos e possui problemas em todas as posições. A grande narrativa para ficar de olho é na renovação ou não do contrato de Dak.

Os Eagles começaram o ano como favoritos e terminaram passando vergonha em horário nobre, com Doug Pederson colocando seu terceiro QB para jogar quando seu time ainda tinha chances de vencer. Pederson agora está curtindo a situação de desempregado, enquanto Philly tem um novo HC para resolver a questão: Wentz ou Hurts?

O time sem nome, o Washington Football Team, aproveitou a oportunidade e venceu a divisão. Alex Smith voltou a ser titular na liga e venceu jogos, em uma das maiores histórias de superação de um atleta profissional. Kyle Allen começou como titular, mas se machucou, Smith se machucou no fim da temporada, Dwayne Haskins agora está curtindo as boates da Pensilvânia e Taylor Heinicke incendiou a defesa dos Bucs no Wildcard. Com uma das melhores unidades defensivas da liga, se Washington achar um QB e um nome, pode se tornar uma grande força na conferência.

Divisão Oeste (NFC West)

Steph Chambers | Crédito: Getty Images

Talvez a melhor divisão da liga, tivemos grandes jogos entre os rivais da NFC Oeste. Os atuais campeões da conferência, os 49ers sofreram o ano inteiro com a praga das lesões. Teve certo momento que parecia que os jogadores acabaram de ser contratados pelas ruas de Santa Clara, porém o time mostrou ser muito bem treinado, já que a equipe ainda assim venceu 6 partidas (mesmo não podendo mais mandar jogos em seu estádio no fim do ano por conta da pandemia) e torce para que ano que vem possa contar com que titulares não sofram com tantas lesões.

A equipe que deixou a desejar foi o Arizona Cardinals. Após assaltar os Texans, a conexão Murray → Hopkins mostrou-se ser um pesadelo para as defesas adversárias. O ponto alto foi a Hail Murray, entretanto o que faltou foram mais dessas jogadas. Ou talvez, seria mais ideal o time ser mais consistente entre as semanas e vencer os jogos importantes.

Mesmo com muitos querendo se livrar de Jared Goff (principalmente por conta de seu contrato gigantesco), os Rams chegaram mais uma vez aos playoffs. LA ainda surpreendeu a todos e derrotou os Seahawks no Super WildCard, na força de seu jogo terrestre, play action e sua incrível defesa comandada pelo futuro HOF Aaron Donald. Mesmo assim, ainda parece que falta alguma coisinha para que os Rams sejam campeões (talvez essa coisinha seja um QB clutch).

Seattle deixou Russell Wilson cozinhar e ele levou o título de MVP até a semana 5. Depois disso suas atuações pioraram e as deficiências de talento no ataque ficaram evidentes, principalmente na linha ofensiva. Sem conseguir proteger Wilson ou abrir caminhos para o jogo terrestre consistentemente, o ataque ficou muito dependente das magias de seu QB. Ele mesmo assim conseguiu comandar seu time a 12 vitórias, mas a campanha nos playoffs foi curta: uma derrota em casa no WildCard para os rivais Rams.

Divisão Norte (NFC North)

Aaron Rodgers teve uma das melhores temporadas de sua brilhante carreira. (Créditos: Dylan Buell/Getty Images)

O rei do Norte ainda é Aaron Rodgers. O QB lendário parece que entrou numa aura de vingança, para jogar na cara do front office que ele ainda é o QB titular do time. O grande candidato a MVP levou seu time a seed #1 e até a final de conferência, a primeira vez que Rodgers jogou esse jogo no Lambeau Field. Infelizmente para ele do outro lado estava Tom Brady, que veio para mostrar que ele é o QB mais clutch em playoffs. Green Bay ainda tem grandes chances de dar mais um Super Bowl para Rodgers nos próximos anos, é só parar de escolher QB na primeira rodada.

Novamente carregados pela sua defesa, os Bears também foram aos playoffs. Com Nick Foles e Mitch Trubisky em atuações mequetrefes, o ataque de Chicago ao longo da temporada foi uma completa bagunça. Os Bears precisam urgentemente de um upgrade nessa posição, já que eles notaram nos últimos anos que só uma defesa forte não é o suficiente para vencer na NFL.

Assim como sempre, os Lions foram uma completa decepção. Parece que o problema da franquia vai além dos técnicos e general manager. Ou é uma maldição, ou as lideranças são completamente ineptas para comandar uma franquia tão tradicional na liga. Agora com a saída de Stafford para os Rams e a chegada de Jared Goff, e uma estranha contratação de HC, ninguém tem ideia do que acontecerá na próxima temporada.

Captain Kirk não é o futuro dos Vikings. Assim como por toda sua carreira, Cousins teve jogos incríveis e outros que era melhor ele ter ficado em casa dormindo. Dalvin Cook foi muito bem no ano, mostrando que pode ser uma das peças essenciais desse ataque. A equipe ainda contou com uma temporada incrível do calouro WR Justin Jefferson, porém, para os Vikings falta identidade. Quando se tem Aaron Rodgers na sua divisão, é necessário perfeição para vencer.

Divisão sul (NFC South)

O Sul nos trouxe grandes surpresas. Com Matt Rhule em seu primeiro ano como HC os Panthers tiveram alguns bons momentos. CMC perdeu vários jogos, o que deixou muita responsabilidade nas mãos de Teddy Bridgewater. O QB, que passou por muita coisa nos últimos anos, mostrou que não é o futuro da franquia. Com um mercado quente nessa posição, Carolina pode buscar um novo nome.

A instituição "Atlanta Falconizada" criou fundações mais firmes esse ano. Foi inacreditável assistir Atlanta perder jogos ganhos semana após semana. Tantas trapalhadas resultaram na demissão do HC Dan Quinn e uma renovação no front office. Com um ataque potente e Matt Ryan ainda jogando muito bem, os Falcons não parecem muito longe de voltar a competir na liga.

Os favoritos levaram a divisão. Na possível última temporada da carreira de Drew Brees, os Saints jogaram em alto nível. Mesmo com Brees fora de alguns jogos por conta de lesão, a equipe continuou vencendo jogos, baseada principalmente na força de sua defesa. Após alguns anos com unidades defensivas muito ruins, New Orleans foi uma das melhores da liga e acabou com os ataques adversários.

Só não foi capaz de acabar com os Bucs, ao mesmo não no terceiro jogo entre eles. No Divisional Round, Tom Brady e o Tampa Bay Buccaneers se vingaram das duas derrotas contra os Saints na temporada regular. A defesa de Tampa que foi inconsistente durante o ano transformou-se em uma máquina de forçar turnovers e pressionar os QB’s adversários. Em sua primeira temporada na NFC, Brady levou os Bucs que nunca nem chegavam aos playoffs para um Super Bowl que jogarão em casa, fato inédito na NFL.

Mesmo com diversos problemas, todos os jogos foram jogados e pudemos acompanhar futebol americano em altíssimo nível. É hora de aproveitar um Super Bowl que será incrível e já preparar para todas as especulações e mudanças da inter-temporada.

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