O que é o Walter Payton Man Of the Year?

Arthur Vieira
Cover Football
Published in
5 min readJul 30, 2021

Alguma vez você já se perguntou do porque jogadores como JJ Watt, Drew Brees ou Larry Fitzgerald possuem uma estampa de um homem dourado no capacete, ou na região do ombro na camisa? Isso significa que eles foram vencedores do prêmio Walter Payton Man Of the Year, dado em honra aos jogadores que fazem projetos voluntários e ações de caridade além da carreira profissional, tornando-se até mesmo um incentivo para que mais e mais jogadores comecem também a trilhar esse caminho. Como visto, é um prêmio que dá reconhecimento à filantropia e à ajuda aos que mais precisam, e é de grande relevância no mundo dos esportes, em geral, por isso, que tal conhecer um pouco mais das origens e dos detalhes por trás dessa premiação?

O prêmio

Ele surgiu em 1970, apenas com o nome NFL Man Of the Year, criado por conta da alta popularidade que a liga estava adquirindo, e consequentemente os jogadores começaram a ser mais bem pagos também, e muitos usaram disso para promover ações de caridade em suas comunidades. Por conta disso a liga, como forma de reconhecer e incentivar esse altruísmo, resolveu criar o prêmio, que depois de 1999, recebeu o nome de Walter Payton Man Of the Year, em homenagem ao ex-running back dos Bears e vencedor do prêmio em 1977. A premiação consiste em cada uma das 32 equipes da NFL indicarem um de seus jogadores para concorrer ao Walter Payton Man Of the Year, o jogador que, para a franquia, mais se destacou fora do campo em projetos e ações voltadas a ajudar os mais necessitados da comunidade, ou até fora dela. O vencedor é escolhido por uma equipe de jurados, entre eles o comissário da NFL, o vencedor do ano anterior, alguns outros ex-jogadores e a viúva do ex-jogador Walter Payton, o qual é homenageado dando nome ao prêmio. Além do troféu e a permissão de estampar a imagem dele na camisa ou no capacete, o vencedor também recebe uma premiação em cheque de 250 mil dólares, que o jogador poderá destinar a qualquer instituição que quiser, enquanto os outros 31 candidatos também recebem uma quantia de 40 mil dólares para o mesmo propósito.

Quem foi Walter Payton?

Payton foi um dos melhores running backs da história liga, jogou pelo Chicago Bears por toda a sua carreira e foi campeão naquele time histórico de 1985. Ainda ganhou um MVP, em 1977, eleito nove vezes tanto para o pro bowl quanto para um dos all-pro teams (sendo seis vezes para o primeiro e três para o segundo), consagrando-se no hall da fama do futebol americano e tendo sua camisa aposentada pelos Bears (#34). Porém, ele não ficou conhecido e nem tem seu nome eternizado no prêmio apenas por sua brilhante carreira, Payton também foi um grande exemplo de altruísmo e empatia fora dos gramados, um dos pioneiros na iniciativa de criar projetos de caridade e ajuda voluntária por parte dos jogadores da NFL. Ele inaugurou a Walter Payton Foundation nos anos 80, ajudando milhares de crianças em todo o país dando auxílio e apoio para sanar as mais diversas necessidades que elas passavam, e obviamente isso não atrapalhou nem um pouco o seu desempenho em campo também, e conseguindo conciliar tanto a carreira esportiva quanto à filantrópica, Payton tornou-se uma inspiração para toda a liga, não à toa seu apelido era sweetness (doçura, em inglês). O ex-jogador infelizmente veio a falecer em 1999, logo quando estava no auge de seus negócios com a fundação, e a NFL resolveu honrar seu legado dando seu nome ao prêmio que parabeniza e reconhece jogadores que dão continuidade ao que ele começou há anos, além de nomearem sua esposa com jurada da premiação, inclusive, é ela que agora continua tocando o projeto do falecido marido, que agora se chama The Walter & Connie Payton Foundation.

Legado na liga

Estima-se que há dezenas de instituições de caridade fundadas por jogadores e ex-jogadores da NFL, e a tendência é que o número continue crescendo ainda mais e mais, com mais pessoas tendo a oportunidade de receberem o auxílio que precisam, e mostrando que o esporte não só pode, como deve também ser uma forma de integração social, e um exemplo de solidariedade que possa incentivar várias outras instituições e pessoas a fazerem o mesmo.

Esse prêmio também levou a NFL a adotar outras medidas de integração também, todas as equipes usam de sua própria visibilidade para promover projetos educacionais, sociais e esportivos com fins de integração social também, que por sinal podem ser uma ponte para se descobrirem novos talentos para a liga no futuro, um exemplo disso é o NFL Play 60, em que a própria liga incentiva as crianças a praticarem atividades físicas com o futebol americano para que elas mesmas sejam fisicamente ativas por pelo menos 60 minutos ao dia, evitando problemas de saúde futuros e sedentarismo. O programa até hoje já auxiliou mais de 38 milhões de crianças em todos os Estados Unidos e investiu mais de 350 milhões de dólares para a causa.

Outros programas e campanhas muito interessantes nesses aspectos são a Huddle at Home e a Inspire Change, sendo a primeira uma iniciativa da liga para gerir recursos para que crianças e adultos consigam ter acesso à educação gratuitamente e em suas próprias casas, prova também da importância que o próprio país dá à educação também. Já a segunda diz respeito a uma campanha que apoia e incentiva a luta social por uma sociedade mais justa, principalmente com relação ao racismo e à violência policial, tendo em vista o grande número de jogadores negros na liga, a campanha dá uma enorme visibilidade à causa, e motiva vários estadunidenses a se mobilizarem e se juntarem ativamente a ela também, discutindo e promovendo ações que tragam uma relação mais harmônica entre a polícia, a comunidade e petições para reformas no sistema judiciário do país e projetos para levar educação social à população. Ambos os projetos ganharam bastante força nesse período de pandemia, principalmente com o isolamento social e o crescimento dos movimentos do Black Lives Matter, o que só ressalta ainda mais a importância dessas medidas por parte de uma instituição com tanta visibilidade quanto a NFL. Isso, sem a entrega de Walter Payton em favor dos mais necessitados lá nos anos 80, talvez nem fosse possível, e por isso há motivos mais que suficientes para agradecermos à Payton por sua bravura e seu altruísmo.

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Arthur Vieira
Cover Football

Estudante de Jornalismo da UnB e redator de NFL do @coverfootball