Samoanos no Futebol Americano: conheça a “Football Island”, ilha onde a probabilidade de se chegar à NFL é 40 vezes maior que nos EUA.

Jorge Assireu
Cover Football
Published in
5 min readSep 8, 2021

Jogadores como Troy Polamalu, Dwayne ‘The Rock’ Johnson, Tua Tagovailoa, Penei Sewell, Marcus Mariota, Jesse Sapolu, Mark Tuinei e tantos outros jogadores que nasceram na Samoa ou descendem de samoanos, fazem dessa ilha localizada na Oceania, ao norte da Nova Zelândia, o território com mais jogadores na NFL per capita, ultrapassando os EUA. Qual a razão disso acontecer?

Quando pensamos em grandes programas do futebol americano colegial, logo nos vêm a mente escolas como IMG Academy, Mater Dei High School, Bishop Gorman, Southlake Carroll, St John Bosco, American Heritage e tantas outras escolas de ensino médio que contam com infraestrutura esportiva e acadêmica do mais alto nível. O mesmo não podemos dizer das míseras 6 escolas de ensino médio que temos em todo o território samoano. As equipes das escolas usam equipamento usado e doado, treinam em campos ruins e jogam na maioria das vezes contra eles próprios. Nada de anormal em uma ilha onde dois terços de sua população vive na pobreza e depende de turismo e venda de atum em conserva. Ao que tudo indica, o futebol americano está mudando isso. Antes um sonho inalcançável para vários samoanos pobres, a graduação em uma grande universidade americana, começa a ficar cada vez mais acessível graças ao football. Estimasse que mais de 200 jovens vindos da Samoa estão hoje jogando e estudando em universidades D1, principalmente aquelas da Costa Oeste, como Stanford, Oregon, UCLA, BYU, UC-Berkeley, Washington, USC, San Diego, Oregon State e outras. Nos e da PAC-12, tirando Colorado que é uma universidade mais no interior do país, dificilmente você não verá ao menos um jogador de linha(seja ela ofensiva ou defensiva), com traços polinésios. Então, mesmo se a carreira no futebol americano acabar sem se profissionalizar, o jovem ao menos recebeu uma educação de muita qualidade, saiu da universidade com um diploma em mãos para ajudar sua família e trazê-los para morar no continente, sonho da maioria dos nativos da ilha.

Mas afinal, por que vemos tantos samoanos no mais alto nível do futebol americano universitário e posteriormente na NFL? É claro que a explicação mais fácil e rasa é a correlação entre a genética polinésia e a fisicalidade que o esporte pede. Essa explicação não está de toda errada, mas sim incompleta! Porte físico e qualidade atlética vemos ao redor do mundo todo, das Américas á Asia. O que realmente impulsiona o jovem samoano no esporte é a sua filosofia de vida, o chamado conceito “Fa’a Samoa”, ou o jeito de Samoa. As crianças são respeitosas com seus pais, professores, técnicos e os mais velhos; os atletas humildes e trabalhadores; estes colocam o bem comum afrente dos seus próprios interesses, o que é normal na ilha, ou melhor, nas ilhas! Segundo grandes geógrafos e geopolíticos, pequenas ilham são mais propicias a formar comunidades mais fortalecidas e unidas, pois não há vizinhos continentais nem nada do tipo, desde os primórdios são nativos ajudando nativos, todos trabalhando pelo bem comum de todo o território. Esses atributos que preparam os jovens jogadores para o sucesso e são atraentes para treinadores que querem caras que se encaixem e aprimorem toda a equipe. É por isso que é casual vermos jogadores samoanos em seu segundo ou terceiro ano, já ostentando o patch de capitão. O ex Head Coach June Jones, que treinou programas com Hawai’i e SMU, elogiou o jeito de Samoa, afirmando que os nativos ou descentes da ilha “veneram a família e a ética no trabalho”. Entre 2007–2012, 10 jogadores que jogaram em escolas da pequena Samoa chegaram na NFL. Para contextualizar, há estados americanos que não conseguiram chegar nesse número em 10 anos. Algumas escolas que citei anteriormente, que dispõem dos melhores equipamentos e as melhores instalações, não chegam nem na metade disso.

Grandes jogadores nativos da Samoa ou descendentes diretos de nativos:

Marcus Mariota: Primeiro(e ainda único) descente de samoanos vencedor do Heisman Trophy. Nascido em Honolulu no Havaí, o ex quarterback da universidade de Oregon é filho de nativos da ilha da Samoa, que se mudaram para o Havaí buscando uma melhor qualidade de vida para os filhos. Ele estudou na St Louis School, mesma escola de Tua Tagovailoa.

Tua Tagovailoa: Á exemplo de Mariota, Tua também nasceu no Havaí, mas seus pais e sua família são todos da Samoa. Tua diz que um de seus ídolos é o Mariota. Os dois estudaram na mesma escola, e o desejo de Tagovailoa era repetir o feito no College, seu sonho era jogar por Oregon Ducks, mas eles nunca ofertaram bolsa para ele. Seu irmão, Taulia Tagovailoa, é titular em Maryland e também pode aparecer nessa lista de notáveis.

DJ Uigalelei: O sophomore de Clemson teve uma carreira para lá de sensacional no High School, jogando em St John Bosco da California. Nasceu na California, mas seus pais são nativos da ilha.

Troy Polamalu: Um dos melhores jogadores da história da NFL, o strong safety nasceu na California e descende de samoanos.

Outros: Jesse Sapolu, Junior Seau, Evin Mawae, Kurt Gouveia, Jesse Sapolu, Jack “The Throwin’ Samoan” Thompson, Penei Sewell, Noah Sewell, Jay Tufele, Jabril Cox, Syrus Tuitele, Austin Faoliu, Adam Amosa-Tagovailoa, Myron Tagovailoa-Amosa.

A onda de jogadores fortes e talentosos produzidos pela fábrica do futebol americano na Samoa, contribui para o já orgulhoso legado de seu povo. A ideia de que a disciplina pessoal e o trabalho árduo podem e vão elevar você é uma ideia central na história da ilha.

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