Tour gastronômico por Lisboa

Coma como uma garota
Cozinha do Clube
Published in
8 min readMar 5, 2018

Portugal é um destino absolutamente delicioso. A comida da terrinha é saborosa, farta e muito parecida com a nossa. Rica em frutos do mar, carnes, vegetais e grãos, nós, brasileiros, nos sentimos em casa às mesas portuguesas.

Nossa equipe de cozinha esteve recentemente em Lisboa e trouxe dicas de comidas que você não pode perder quando estiver por lá. Ao invés de um roteiro com atrações turísticas, nosso mini-guia é focado naquilo que a gente mais gosta: a boa comida.

#1 Sardinhas

Onde ir: Lojas d’A Vida Portuguesa

No Largo do Intendente ou no Chiado

A época das sardinhas em Portugal vai de abril a outubro, mas é em junho, mês das festas em homenagem a Santo Antônio, que as ruas se enchem do aroma de peixe grelhado. O ideal é comer na época, quando elas estão graúdas e fresquinhas. Mas, se você não estiver por lá quando este peixinho estiver abundante, não tem problema, temos uma solução.

Portugal tem uma tradição em peixes enlatados e em conserva de tirar o chapéu. Esqueça aquele atum no óleo, lá o negócio é sério. Cavala com molho de tomate, bacalhau e até polvo são delícias que se encontram dentro de latinhas. Aqui nossa dica é o patê de sardinhas, ótimo para comer com pão e para trazer de souvenir na volta.

Você pode encontrar sardinhas enlatadas no supermercado, claro, mas se quiser conhecer as latinhas mais lindas, vá até uma das lojas d’A Vida Portuguesa (no Largo do Intendente ou no Chiado). A loja por si só é um espetáculo à parte, uma verdadeira volta ao tempo de tudo o que é português. E as conservas com as embalagens mais presenteáveis, você certamente encontrará por lá.

Tem muito mais de onde saiu essa!

#2 Gambas a guilho

Onde ir: Restaurante Príncipe do Calhariz

No Chiado

As gambas são os nossos camarõezinhos, daqueles cinzentos. As gambas a guilho podem ser encontradas em toda tasca que se preze e são camarões fritos no azeite servidos em uma panelinha com muito alho. Peça uma cesta de pães para acompanhar — molhar o pão no molho de azeite e alho é quase tão satisfatório quanto comer as gambas.

Você poderá provar esse prato em muitos lugares, mas se estiver pela região do Chiado, recomendamos o Príncipe do Calhariz, restaurante típico português, com muitas mesas, o som dos pratos tilintando pelo salão e garçons apressados correndo de um lado para o outro. Aproveite o passeio para conhecer o Miradouro Santa Catarina, também conhecido como Adamastor. O lugar oferece uma excelente vista da cidade, e lá você também pode sentar para tomar um café ou uma cerveja no quiosque e curtir o som dos músicos que sempre estão por lá.

#3 Sapateira

Onde ir: Cervejaria Ramiro

Largo do Intendente

É enorme.

Comer sapateira é uma diversão por si só. Além de delicioso, esse siri gigante exige técnicas e ferramentas especiais para sua degustação, o que torna toda a experiência um tanto pitoresca. O ritual lembra muito comer caranguejos no litoral do Nordeste, com a diferença de que não se está à beira-mar e a sujeira pode acabar parecendo maior em um ambiente fechado (no caso dos iniciantes, que em geral acabam lambuzando mãos, mesa e até paredes).

Inclua no seu roteiro um passeio pelo charmoso Largo do Intendente e dê um pulo na Cervejaria Ramiro. O restaurante conta com aquários e enormes geladeiras de vidro de onde se podem ver vários seres do mar. A sapateira é servida inteira, com patas e garras, que devem ser quebradas com o martelinho que acompanha o prato, e consumidas com a ajuda de um garfinho comprido. É uma festa. Além disso, a casca vem com a carne já desfiada, como as nossas casquinhas de siri em uma versão gigante.

Acompanhe isso tudo com a deliciosa porção de pãezinhos na manteiga e alguns imperiais — o nosso chope — , afinal, se trata de uma cervejaria.

#4 Pastéis de nata

Onde ir: Loja Pastéis de Belém (Belém) e Mercado da Ribeira (nata)

Belém (para os pastéis de Belem) e Cais do Sodré (nata)

É difícil estar em Lisboa e não ser questionado sobre sua preferência: os pastéis de nata ou os de Belém. A verdade é que os dois são deliciosos, mas sentimos quase uma pressão social para eleger um favorito. Isso não é exatamente um problema, pois comer mais de um pastel não é esforço algum.

Para tomar essa decisão tão importante, você precisará fazer dois passeios diferentes.

No famoso bairro de Belém, após conhecer a Torre de Belém, o Monumento aos Descobrimentos e o Mosteiro dos Jerônimos, se encaminhe para a loja Pastéis de Belém e farte-se com essas delícias. O pastel de Belém só é de Belém se for feito em Belém; se não for, é um pastel de nata. Basicamente é esta a diferença. Os pastéis desta casa estão sempre fresquinhos e tem a massa bem crocante. Uma delícia!

Para provar um autêntico e delicioso pastel de nata, recomendamos a Manteigaria, uma simpática loja onde se vendem os pastéis e algumas bebidas para acompanhar. O pastel da manteigaria é mais macio e o recheio é incrível. A filial de que mais gostamos é a do Mercado da Ribeira, no Cais do Sodré. Lá há um enorme mercado — também chamado Time Out — onde se pode comer, além dos pastéis, tudo quanto é tipo de delícia portuguesa.

Depois de provar os dois, aí sim você pode decidir qual é o mais gostoso :)

#5 Vinho verde

Onde beber: restaurantes e tascas por todo o país

O vinho verde, tradicional da região do Minho, norte de Portugal, não tem nada de verde na sua coloração. Em geral é um vinho branco frisante que lembra o espumante e se chama assim, pois sua receita é preparada com uvas verdes, isto é, que não estão maduras. O resultado disso é um vinho leve e refrescante.

Portugal tem uma tradição maravilhosa de vinhos e você consegue provar excelentes vinhos da casa, além de rótulos tradicionais, nas tascas. O vinho verde, mais diferente para nós, é uma ótima opção nos dias mais quentes e em alguns restaurantes pode ser encontrado sob a alcunha de vinho na pressão. Se for optar por vinhos na garrafa, busque os de uva alvarinho — simplesmente delicioso.

Esse tipo de vinho acompanha muito bem pratos com bacalhau, tapas, carnes brancas em geral e saladas.

#6 Ginja

Onde ir: Ginjinha Sem Rival

Região da Baixa

A loja fica na Rua das Portas de Santo Antão, número 7

A ginja, ou ginjinha para os íntimos, é um licor feito da cereja ácida, também chamada ginja. A bebida é de sabor adocicado e, ao mesmo tempo azeda. Normalmente é consumida gelada, em doses, como um digestivo.

Para não ter erro ao provar a sua, vá à Ginjinha Sem Rival, uma loja que consiste apenas de um pequeno balcão. A lojinha fica na região da Baixa e persiste firme e forte vendendo suas ginjas de 7h (!) às 0h. A conclusão é a de que não há hora ruim para tomar uma ginjinha.

#7 Alheira

Onde ir: A Tasquinha do Lagarto

A alheira é um tipo de embutido — ou enchido — diferente de qualquer salsicha que você já comeu. Geralmente é feita com carne de aves, alho, azeite e pão e sua origem é cheia de história.

Diz-se que no início do século 16 os cristãos novos de Portugal, por não terem o costume de preparar e defumar suas linguiças devido a seus hábitos alimentares, eram facilmente encontrados pela Inquisição. Assim, começaram a fazer essa espécie de embutido sem utilizar a carne de porco numa tentativa de se camuflarem junto à população local. A receita acabou fazendo sucesso entre os cristãos e é muito consumida até hoje, até com carne de porco.

Um pouco fora do eixo turístico, a Tasquinha do Lagarto é um bom lugar para experimentar essa delícia. Peça como entrada — a frita com ovos é deliciosa — e delicie-se com o restante do cardápio para o prato principal. Se você gosta de compras, não deixe de aproveitar a visita para conhecer o El Corte Inglés. Se você preferir um programa mais cultural, visite o Museu Calouste Gulbenkian.

#8 Bifinho aos alhinhos e choco aos alhinhos

Onde ir: Tasca Zé de Mouraria

Em Lisboa percebemos que os portugueses adoram um diminutivo — muito fofinho. Definitivamente um dos diminutivos de que mais gostamos foram os da tasca Zé da Mouraria, onde conhecemos delícias aos alhinhos (sim, alhos, só que no diminutivo).

Depois de uma visita ao Castelo de São Jorge e às charmosas Escadinhas de São Cristóvão, não deixe de flanar pelas vielas da Mouraria até encontrar o restaurante. Lá, não perca tempo: vá de bifinhos aos alhinhos, que são filézinhos perfeitamente preparados banhados em um molho à base de vinho e muito alho, ou de chocos aos alhinhos, deliciosos pedaços de polvo com muito alho. Todas as porções são servidas com batatas fritas da casa e são imensas. Se estiver em dupla, meia porção dá e sobra.

Ah, e pode voltar aqui depois para agradecer nossa sugestão!

#9 Arroz de tomate

Lula à sevilhana com arroz de tomate

O arroz de tomate é um acompanhamento típico dos restaurantes portugueses. Feito com arroz malandrinho, um tipo de arroz gorducho parecido com o arbóreo, o prato é bem caldoso, com bastante tomate fresco. Há também a versão de arroz de feijões e tomates, que nada tem a ver com o nosso tradicional arroz com feijão.

Esse arrozinho delícia pode acompanhar uma variedade de pratos, mas encontramos dois que povoam nossos sonhos até hoje: lulas à sevilhana com arroz de tomate e costelas de boi com arroz de tomate. Mas a verdade é que arroz de tomate vai bem com tudo, até puro.

#10 Queijadas de Sintra

A queijada portuguesa é diferente do nosso tradicional doce com coco. Em forma de empada, o doce leva farinha e ovos, como a maioria dos quitutes portugueses.

Aproveite para provar este docinho (e também um travesseiro, que é um folhadinho com recheio cremoso de amêndoas e ovos) na linda cidade de Sintra, a 40 minutos de trem de Lisboa. A cidade parece vinda de um livro de contos de fada, com seus palácios coloridos e florestas, além de ser um ótimo lugar para fazer ótimas refeições.

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