Mexerica rejuvenesce

Lyvia Rodrigues
cozinha sem filtro
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2 min readFeb 13, 2019

Saiba como a fruta muda a nossa autoestima rapidamente

Ei, rapaz da seção de mexerica, seu louco! Quero dizer-te que depois de ontem à noite te elegi o funcionário do mês… do ano… da década… lá do hortifruti . Na saída, deixei na caixinha de sugestões um pedido – por favor, aumentem o salário do Anderson – sim, eu vi o seu nome no crachá para nunca mais esquecer. Você é o meu mais novo crush da autoestima.

As palavras têm poder, meu caro, e você cavou isso para ti, enquanto arrumava tranquilamente a sua bancada de mexericas. Você estava enfileirando cuidadosamente cada fruta retirada de uma caixa empilhada em outras cinco caixas, quando me aproximei. Você não vai se lembrar de mim.

Quando encostei meu carrinho próximo à sua gôndola, no rádio do hortifruti tocava bem baixinho aquela música da Daniela Mercury: “Quando não tinha nada, eu quis\ quando tudo era ausência, esperei\ quando tive frio, tremi\ quando tive coragem, liguei…”

Ao perceber o seu cuidado em organizar a bancada, resolvi pegar as mexericas que estavam na caixa, para não te atrapalhar. Já com a mão em uma das frutas, te pedi licença. E você, mantendo o seu ritmo de trabalho – pega uma fruta, enfileira, volta, pega outra – respondeu, respondeu não! Soltou a magia pelo ar – “Fique à vontade, JOVEM” – de novo em câmera lenta – “Fi-que-à-von-ta-de-JO-VEM”.

Nessa hora o volume da música subiu e a Daniela Mercury cantou em plenos pulmões “Quando vi vooooocê me apaiiiixoneiiii…” O meu nirvana era tanto que pude visualizar os clientes, caixas, gerentes e demais funcionários cantando junto e balançado os braços no alto para um lado e para o outro… “Ohhhh Amarazáia zoê, záia, záia, a hin hingá do hanhan…”. Foi lindo!

Você acabou o seu serviço, foi embora e eu fiquei mais alguns segundos fora do ar, certa de que mexerica rejuvenesce. Levei dois quilos.

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