#Reunião6: Adulteração na cena do crime é rotineira

As declarações do diretor do Instituto Médico Legal Afrânio Peixoto, Reginaldo Pereira, durante a sexta audiência da CPI dos Autos de Resistência da Assembleia Legislativa, nesta quinta-feira (25), revelaram que as investigações de execuções praticadas por policiais em serviço estão comprometidas devido às sistemáticas alterações nas cenas dos crimes.

Ele explicou que a preservação das pistas encontradas é essencial para contar a história do assassinato. “O exame é imprescindível. Se esses vestígios decorrem de um auto de resistência, ele deve ser cercado de toda apreciação. A começar pelo isolamento e preservação do local. Não dá para analisar o caso se não houver a história referente à cena do crime. Antes de fazer a necropsia, tem que ter a história”, esclareceu.

O exemplo mais recente ocorreu na manhã da ultima segunda-feira (22), quando agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil (Core) que participaram da operação que resultou na morte de Igor Firmino da Silva, de 19 anos, manipularam o corpo do jovem e o colocaram na caçamba do carro. Ações como essa são ilegais por impedir a realização da perícia e a identificação de vestígios que permitam saber se Igor foi executado.

O relator da CPI, Marcelo Freixo, defendeu que, se não forem criadas alternativas, todo o trabalho de investigação será comprometido. “A preservação do local não é o que predomina, os locais são sistematicamente alterados. Se a perícia não é realizada, a história é contada apenas por aqueles que protagonizaram a ação, porque os moradores têm medo de falar”, argumentou.

Crédito: Lucas Moritz (Comunicação Alerj)

Faltam peritos

Além das frequentes adulterações nas cenas dos crimes, o IML sofre com a falta de pessoal para realizar as necropsias e os exames de corpo de delito. Segundo Pereira, o órgão conta com apenas quatro plantonistas por dia, que se dividem entre atividades internas e externas.

O IML recebe em média 20 corpos, ontem foram 32. Os dois responsáveis pelos exames de corpo de delito atendem de 80 a 120 casos por dia. De acordo com Pereira, seriam necessários oito a dez profissionais para que não haja sobrecarga de trabalho.

O membros da CPI decidiram visitar o IML para conhecer como o instituto funciona e identificar seus principais problemas e necessidades. O objetivo é reunir dados para propor formas de aprimorar a atuação do órgão

Originally published at www.marcelofreixo.com.br on February 25, 2016.

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