Fantasmas
Hoje, quando eu olho pra trás e vejo o que tivemos, percebo que não eramos bons um para o outro. Mas também vejo que foi de uma intensidade que nunca mais encontrei. O beijo nunca superado, o desejo, quase incontrolável, que nos dominava da porta do quarto para dentro, o abraço que quebrava todas as barreiras e expunha a mais honesta indefensabilidade.
Nós nos encontramos num momento em que ambos precisávamos de algo em que nos apoiar. Não soubemos, é claro, suportar as fraquezas do outro, os nossos medos de deixar que o resto do mundo percebesse o quão pequenos eramos. O quanto nos esforçávamos.
Eu te queria por perto apesar da dor que me causava. Você me queria por perto apesar da resistência em deixar todo o resto para trás. Foi isso o que celebramos aquele último dia, né? O beijo carinhoso e quente, os corpos provocantes, o toque que apagava o mundo todo ao nosso redor.
É claro que sabíamos que aquele seria a ultima vez. Aquela noite, quando foi embora, choramos o luto…as lágrimas, em forma de esperança, até hoje guardadas no peito.