Primeira paixão

Luiz Paulo Souza
Crônicas de um Monstro
3 min readDec 18, 2019

Sabe, cara…desde aquele dia, quando eu te disse que já há meses não chorava, me vi derretendo em lágrimas todas as vezes que nos víamos.

Hoje, enquanto você estava de pé, olhando os raios, eu não conseguia parar de pensar no quão incrível fora o nosso encontro. Naquela tarde de domingo eu não esperava absolutamente nada e sabia que você também não…quando te vi no portão da minha casa, entretanto, de regata e chinelo, alguma coisa soou estranha, diferente das outras vezes.

Medo Bobo — Rubel | Onda — Mc Tha | Elephant Gun — Beirut | Ortopedia — Rua do Absurdo | O Peso do Meu Coração — Castello Branco

Eu tentei me convencer que essa confusão toda dentro de mim era fruto do ócio absoluto em que estive mergulhado. Depois de alguns dias conseguia aceitar que ainda era muito jovem e que a vida não poderia brincar tão serio com alguém tão inexperiente, mas toda vez que o via de novo…

Toda vez que o encontrava com a cabeça sobre os meus braços, com seu corpo ao mesmo tempo pequeno e robusto ao lado do meu, com seu toque quente, seu sorriso fácil e envergonhado, com seu olhar escuro e profundo próximos a mim, eu não conseguia aceitar que…entende?

Toda vez que te tinha ao meu lado, só conseguia imaginar que o que eu estive procurando esse tempo todo, era exatamente você, que as histórias em que em tropecei e que os sentimentos sobre os quais eu havia escrito até agora não passavam de ensaios pra esse ponto alto. Eu não queria perder isso, aceitar a injustiça de um data de validade. Ainda mais tão curta.

Eu queria saber tudo tudo tudo o que te trouxera até ali. Eu queria te provocar os mais infinitos sorrisos e ler as estórias que esses olhos contavam…eu queria te dizer sobre os meus dias todos os dias e continuar declamando todas as noites sobre o quão bem você me faz sentir. Eu queria ouvir tudo o que você tivesse a dizer…das discussões apaixonadas com seus autores favoritos à chuva que te pegou no caminho pra casa.

Eu queria tempo pra passear em todos os parques que a vida ousaria colocar em nosso caminho, pra discutir todos os filmes com mensagens implícitas, pra rever Her e chorar quantas vezes fossem possíveis…eu queria os bons dias e boas noites, e queria tardes observando a chuva e os pores solares…eu queria te acompanhar às feiras, te ter ao meu lado nas compras do mês. E até, quem sabe, dividir uma meio lombo meio brócolis um sábado ou outro.

Eu não quero ser clichê…olha o quão brega eu me tornei, mas o ponto é exatamente esse. Não era esperado, nós não escolhemos, nem procuramos, mas aconteceu…independentemente de tudo, aconteceu. Entre as opções todas, se eu pudesse escolher, não tentaria mais nenhuma…

É por isso que eu tenho chorado…pela ironia. Do momento em que a vida escolheu que eu seria uma dos personagens desse conto tragicômico até eu te encontrar, foram 22 anos…entende a gravidade? Eu tenho chorado porque depois dessa espera, não tem tempo no mundo que possa me fazer ter o suficiente de você.

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