Adeus Chester, e obrigado por tudo!

Pedro Turambar
Crônicas do Cotidiano
3 min readJul 21, 2017

Ontem eu perdi um amigo. Talvez seria melhor eu colocar entre aspas, mas veja bem, eu conheço (conhecia… vai ser difícil acostumar com esse tempo verbal) esse cara desde quando eu tava na oitava série.

Lembro da primeira vez que ouvi a voz dele. Um amigo, Doug, que estudava um ano à frente no colégio tinha um nick muito interessante no mIRC: Linkin Park. Num domingo perguntei a ele o que significava, ele me respondeu “tenho que sair, é uma banda, amanhã me encontra na escola”. Lá ele colocou na minha mão o primeiro disco da banda. Fui pra casa, coloquei no computador enquanto esperava o almoço.

Não almocei.

Fiquei a tarde toda escutando, em loop. Eu não conseguia acreditar. Aquele disco tinha tudo que eu precisava, na verdade, tinha tudo que qualquer adolescente dos anos 2000 precisava. Tudo. E a voz de Chester Bennington era o que todos os garotos tentavam reproduzir, era a banda que todos queriam estar. Era o boom do new metal. Querendo ou não, gostando ou não, foi o gênero que marcou minha geração pra sempre.

O new metal morreu. Uma ou outra banda continuaram fazendo bons trabalhos, eu só levei duas comigo: Slipknot e Linkin Park.

Mas cara… minha relação com Linkin Park sempre foi diferente. É a única banda que eu sempre gostei de absolutamente tudo lançado. Tudo. Não tem uma música que eu pulo, que eu não gosto muito e se eu fosse fazer uma playlist com as minhas preferidas eu colocaria todas as músicas lançadas até hoje. Inclusive e principalmente o último disco, que junto com todos os outros, se tornou meu preferido.

Se isso é não é idolatria, eu não sei o que é.

Eu não sou daqueles fãs freaks, que sabem tudo da vida dos caras. Eu nem sei o nome de cabeça de todos integrantes, mas sei o quão incríveis eles eram pra mim. É gosto. Pura e simplesmente. Tudo que eles fizeram me conquistou. Muito pela genialidade artística do Mike Shinoda e, claro, pela voz de Chester Bennington.

No último dia 19, passei o dia todo no trabalho vendo esse show aqui:

E eu só tinha um pensamento: “Eu sei que gosto de dizer que me ‘aposentei’ de shows. Mas eu preciso ir no show deles. O próximo no Brasil, eu faço o que tiver que fazer, mas vou ver eles de perto.”

No outro dia, às 11 da manhã mais ou menos, recebo por amigos a notícia que o Chester estava morto.

Eu perdi um amigo.

Um cara que me acompanha desde os 14 anos. Me curando. Me ajudando. Me motivando. Me emocionando. E, principalmente, me deixando muito, muito feliz. É isso que a arte faz com você. Eu só tenho a agradecer, por ele ter me dado tanto, mesmo sem saber.

Depressão é algo muito sério. Muito perigoso. E absolutamente cruel.

Calcule o tamanho da dor de alguém que chega à conclusão que a única saída para não sofrer mais é morrer. Tente imaginar por um segundo essa realidade. O suicídio ainda levanta muita polêmica e evidencia ainda mais (se é que é possível) a falta de empatia e noção das pessoas.

Não gaste 2 minutos de discussão com quem acha que depressão é frescura e suicídio é egoísmo. No nosso mundo as pessoas ainda dizem que mulheres devem ser submissas, que racismo é mimimi, querer que a maioria entenda depressão e tenha qualquer empatia é querer demais.

Se importe com quem está ao seu redor. Não julgue e sempre, sempre procure ajuda, porque, sem dúvida, é possível acabar com a dor. Eu prometo.

Telefones para quem precisa de ajuda:
141
0800 273 8255
0800 290 0024

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