Pessoas Cachecol

Pedro Turambar
Crônicas do Cotidiano
2 min readSep 17, 2019
gato cachecol

Existem pessoas e pessoas de cachecol.

Eu amo o Brasil da mesma forma que se ama um irmão. Você não tem muita escolha, é o que a vida te deu e se vire para fazer essa limonada. O máximo de fora do Brasil que eu estive foi numa viagem aos Estados Unidos para fazer um curso. É legal, mas eu me senti tão bem em voltar, mas tão bem que é até esquisito.

Tô falando do Brasil porque eu quero falar de cachecol.

Aqui a gente tem, sei lá, uns 15 dias por ano que é possível ir lá no guarda-roupa, tacar um cachecol e ir pra rua.

Você já reparou no quanto as pessoas ficam bonitas de cachecol?

Na prática, é só um tecido em volta do pescoço, mas… mas tem um trem ali. Tenho certeza que tem um trem ali. Não sei se é proporção áurea, se é o equilíbrio místico de forças ou só a lua em capricórnio. Mas que tem um trem ali, isso tem.

Dizem que a maquiagem do homem é a barba. Sendo a maquiagem da mulher, maquiagem mesmo, eu diria que tudo isso é besteira. Que se você quer um photoshop da vida real, aplicado em segundos, relativamente barato, eu te digo: coloca um cachecol.

Pega os franceses. Eles não são lá tão bonitos. Meio arrogantes pro meu gosto, além de não gostarem de banho. Mas bota um francês na Champs-Élysées de cachecol num fim de tarde pra ver se não dá aquela bambeada na perna.

Italianos, belgas… mesma coisa.

Imagina o brasileiro. Essa mistura doida de todos os genes, primor da evolução, ápice da veia humorística e da zoeira, num ambiente de frio. Só imagina.

Iríamos colocar catupiry no cachecol? Fazer uma barca de cachecol? Cachecol com açaí?

Talvez.

Mas seria finíssimo.

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