Por que Marido & “Mulher”?
Não deveria ser Marido & Esposa?
Primeiro eu casei, aí depois de um ano eu casei de “verdade”. O que nada mais é que assinar uns papéis e nunca mais poder usar uma certidão de nascimento. Aliás, você sabia disso? Uma vez que você se casa oficialmente, num cartório, sua certidão de nascimento automaticamente pega fogo onde quer que esteja. Passa a valer — em todo território nacional — apenas a certidão de casamento.
Caso você se separe, foda-se. Sua certidão de casamento terá um adendo: DIVORCIADO/DIVORCIADA.
Eu e a Ingrid já morávamos juntos há um ano e pouco. Namoramos há mais tantos. Então o casamento meio que já existia, a assinatura de papéis é nada mais que garantia de alguns direitos. Tem tanta gente que luta e lutou tanto por poder ter esses direitos, que eu acho meio errado eu ter e não “usá-los”. Enfim, marcamos uma data, pagamos lá nossas taxas e escolhemos não mudar nossos nomes porque não estamos mais no século XVII.
Casar é ótimo, o único problema que eu encontrei até agora foi semântico.
“Minha namorada”, “namoramos”, etc, já é um hábito. De repente, viramos esposa e marido. É meio esquisito. É como se eu tivesse um bigode do Tom Selleck aos 10 anos de idade. Eu sei lá se tenho espírito para ser ‘marido’. Marido é aqueles caras de carteira cheia de talão de cheques, mocassim, bermuda cáqui.
Esse problema, de repente, me trouxe outra realização, muito pior, que é o tal “marido e mulher”. Como assim agora somos marido e mulher? Mulher é tão oposto de marido quanto Aipo é de Matemática. “Eu vos declaro Aipo e Matemática!”
Por que não é marido e esposa?!
“Homem” e “mulher” também não faria sentido, uma vez que eu não deveria precisar de um juiz, nem de um cartório para me declarar homem. Ou mulher. Ou que quer que seja.
Seria esse mais um caso de uma sociedade patriarcal que relega a mulher a um papel secundário até no âmbito familiar? O que é um completo absurdo (lógico, além de óbvio), já que ninguém nem nasceria sem elas.
Talvez seja só preguiça mesmo. Talvez, “marido e mulher”, após tanto tempo talvez soe mais natural. Eu voto em burrice. Derivada, claro, de uma sociedade controlada pelo pior tipo de gente possível: maridos.
Esposa e homem, talvez seria uma solução. Prefiro e vou adotar. Com maiúsculo no Esposa mesmo.
“Oh, vocês são marido e mulher?”
“Não, somos Aipo e Matemática.”
Sabia que eu tenho uma newsletter só de crônicas? Essa foi a primeira. Dá tempo de você assinar para receber a próxima. ;)
