“Preço inbox”: É permitido por lei? Diminui vendas?

Nas redes sociais é comum vermos vendedores que não revelam o preço ao anunciar o produto. Saiba se essa prática é lícita e se faz bem aos negócios!

Camila Deolindo
Creative Bee

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Quantas vezes nos deparamos com as famosas frases “Preço inbox” ou “Chama no direct”, ao perguntar valores de produtos no Instagram? Além de não ser uma boa estratégia, é desagradável, pode te fazer perder algumas vendas e pode também ser legalmente errado. Entenda melhor ao decorrer do texto.

“Preço inbox” viola direitos do consumidor

A lei federal de 2004, que regulamenta as lojas físicas, foi atualizada em 2017 também para as lojas online, e ela proíbe a omissão de valor de um produto. Lei federal 13.543/2017 afirma que: “Em caso de comércio eletrônico, o preço do produto ou serviço, deverá ser divulgado de forma ostensiva junto à imagem do produto ou descrição do serviço.”.

Já o Código de defesa do consumidor também prevê a clara divulgação dos preços dos produtos. O artigo 6º afirma que são direitos básicos do consumir: “(…) a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem.”

Muitas empresas acabam não cumprindo esses critérios, muitas vezes por não saber ou por pensar estar fazendo uma boa estratégia “obrigando” o consumidor a entrar em contato, porém trata-se de uma violação!

Tirinha que simula uma situação de interesse de compra, onde a primeira personagem (o comprador) pergunta “Qual o valor?” e a segunda personagem (o vendedor) responde “Chama no direct!”.

O “Chama no direct” prejudica suas vendas

Por muitas vezes o consumidor precisa de um produto rapidamente ou simplesmente não acha legal entrar em contato dessa forma, sendo que ele pode preferir uma outra loja. Afinal, esse método aumenta o tempo, a complexidade, e diminui a confiabilidade do processo de venda:

  • Gasta mais tempo — A pessoa pode estar fazendo uma pesquisa comparando várias lojas ou vendedores, buscando saber objetivamente seus preços e, ao precisar iniciar uma conversa via chat com alguém para ter essa informação, pode ser que ela descarte comprar deste.
  • Aumenta a complexidade — Quando alguém vai comprar algo, é mais confortável tomar uma ação quando já se há certeza de que vai ficar com o produto X, uma vez que sabe das condições necessárias para obtê-lo. A experiência é mais agradável quando a compra pode ser efetuada em poucas etapas, ou seja: com alguns cliques ou mensagens simples e diretas. O “preço inbox” aumenta esse número de etapas no processo.
  • Diminui a confiabilidade — Um outro fator que ocorre, é que, falar do preço apenas em particular, pode abrir margem para que diferentes valores sejam passados para cada pessoa que entrar em contato. Essa prática também não pode ser feita e, apesar de ser facilmente descoberta quando consumidores conversam entre si, ainda é aplicada comumente por alguns comerciantes.

E se eu não tiver um e-commerce e apenas for vender algo no Instagram?

Há pontos que devem ser considerados quanto aos vendedores online “esporádicos”, e nossos dois livrinhos das regras nos esclarecem de novo:

  • A Lei Brasileira configura como e-commerce qualquer um que vende através de sites na internet;
  • O Código de Defesa do consumidor diz que todo sistema de venda deve estar sujeito a ele.

É claro que não temos uma fiscalização severa quanto a isso no Brasil, mas, nada como uma consciência tranquila e mais vendas concretas. Então, se você não quer ter margem de erro neste ponto que foi debatido aqui, nada de “Preço inbox” ou “Chama no direct”!

Mas, diz aí, você já desistiu de alguma compra por que teria que chamar no direct? Eu confesso que tenho ranço e nunca chamei; sempre procuro uma forma mais rápida e clara, e tenho para mim que, quem confia em seu produto, não tem medo de expor seu preço! Me identifico super com aquele meme: “Acho ótimo isso de “preço por direct”, porque me faz desistir de comprar e eu guardo meu dinheiro”.

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Camila Deolindo
Creative Bee

Cristã - Graduando Publicidade e Propaganda, Estudante de Teologia - Empreendedora em @camyspapers