Você cai na publicidade do mal? Veja exemplos dela

Saiba algumas artimanhas fundamentadas na psicologia, que a publicidade usa para manipular suas decisões.

Bianca Silva
Creative Bee

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Em primeiro lugar, esse artigo serve tanto para profissionais (em um exemplo do que não se deve fazer por questões éticas), quanto para usuários e clientes (para uma autoanálise do quanto você, leitor, pode estar caindo nessas técnicas sem perceber).

Imagem da assinatura da Netflix com 30 dias grátis.

Os tais "dark patterns".

Ou padrões enganosos, como são chamados em português, são métodos para influenciar usuários a tomar uma ação que originalmente não tomariam, ou ainda, fazer com que tomem uma ação sem ao menos perceber.

Originalmente o conceito de padrões enganosos é muito discutido no universo de UX (User Experience), mas, ele é completamente praticável também na publicidade, e quem é profissional da área tem plena consciência que ele é muito utilizado em alguns meios de comunicação.

Mas, se você ainda não conseguiu entender muito bem, vamos a um exemplo de poucos anos atrás:

O ano é 2016, você está navegando pelo seu computador e vê um anúncio de uma empresa de streaming que está cada vez mais famosa: a Netflix. Nesse anúncio você vê ser possível experimentar o serviço da empresa por um mês e poder cancelar a qualquer momento. Excelente! Você coloca seus dados, seu cartão de crédito, e pretende desfrutar do seu um mês de serviço, e depois tomar a decisão de seguir ou não com ele. Após o tempo estabelecido, você vê que houve um desconto em seu cartão de crédito. A empresa não te alertou do fim do seu período de teste, e a plataforma não emitiu nenhum sinal de aviso.

O trecho acima nada mais é que um exemplo de continuidade forçada, um dos padrões enganosos frequentemente utilizados. E agora vamos às definições desse e de outros padrões:

  • Continuidade Forçada: Quando são oferecidos serviços experimentais gratuitos e logo após o período de avaliação o usuário é cobrado sem nenhum tipo de aviso prévio, não recebe nenhum comunicado sobre a aproximação do fim do seu período de teste, nem explicações sobre como cancelar o serviço.
  • Roach Motel (Porta de Armadilha): O cliente decidiu assinar alguns serviços premiuns de uma empresa. Entretanto, após utilizar por algum tempo, decidiu que o serviço oferecido não valia a pena e decidiu cancelar. E aí, para cancelar, começa a saga de telas confusas, complicações, passar de um atendente para o outro, e isso se estende de um modo que faz com que a pessoa fique o maior tempo possível preso àquele serviço.
  • Vergonha Confirmada (Confirmshamming): Vamos supôr que você está procurando se alimentar melhor e foi a um site de determinado influencer do setor. Ao chegar na página, se depara com uma enorme pop-up falando sobre um ebook daquele influencer, onde precisa se cadastrar para fazer o download. Você não quer se cadastrar, nem quer o ebook, quer apenas navegar normalmente no site, mas quando vai fechar aquela janela, se depara com a frase “Eu não quero me alimentar melhor, quero continuar me alimentando mal”. A vergonha confirmada faz com que a pessoa sinta culpa e vergonha ao tomar uma atitude, manipulando a pessoa a realizar a ação que a empresa quer.
Exemplo de Vergonha Confirmada em uma tela em inglês com a frase "Não, eu gosto de pagar mais do que preciso" para recusar um desconto.
  • Escassez: Esse é um dos padrões mais utilizados, e um dos que as pessoas mais caem. Quem nunca foi comprar algo e se deparou com aquela mensagem de "Restam apenas x, corra!". A escassez ativa o senso de urgência das pessoas e faz com que elas acabem tomando ações mais impulsivas.
  • Urgência: Outro extremamente utilizado! Sabe aquele cronômetro mostrando uma promoção imperdível, gigantesco, que fica ali te mostrando que aquele preço só vai durar até determinada hora? A urgência segue os mesmos princípios do senso de escassez. Entretanto, é necessário explicar que em ambos os casos, isso se torna uma má prática quando o que está se está dizendo é mentira. Muitas vezes após o período promocional, o preço permanece o mesmo (em alguns casos até abaixo do que foi mostrado em promoção).

E o que fazer?

Como profissionais do meio, nosso dever consiste em evitar replicar esses padrões e optar por sermos o mais transparentes possível com os clientes e usuários. Nenhuma pessoa gosta de se sentir enganada e certamente vai evitar utilizar um serviço no qual se sentiu lesada. É muito mais gratificante sentir que se pode confiar na empresa que está prestando o serviço e ter a certeza que não haverá nenhuma surpresa ao decorrer da parceria entre cliente e prestador de serviço.

Além disso, é comprovado que pessoas que têm uma experiência ruim com um serviço, tendem a fazer uma propaganda difamatória das empresas que o prestaram, de modo que as outras pessoas que ouvirem seus relatos, mesmo sem nunca terem experimentado tal serviço, já tendem a ter uma visão negativa sobre o mesmo.

Já como consumidor, é interessante observar esses padrões de comportamento das marcas consumidas para ter consciência dos momentos em que seu comportamento pode estar sendo manipulado por elas para tomar uma atitude que você não tomaria de forma consciente, e assim evitar assumir gastos de forma impulsiva.

E aí, você já caiu em algum desses padrões enganosos? Conta aqui para a gente! E se você gostou desse artigo, não deixe de seguir a gente aqui no Medium. Toda segunda, quarta e sexta-feira, nós temos artigos novos para vocês.

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Bianca Silva
Creative Bee

I'm a UI/UX designer student, working as designer and communications intern at IBM. I'm 25, and I really love design world, and I am always studying about it.