Conhecendo a eterna novidade do mundo: Lifelong Learning, ou aprendizagem ao longo da vida

João Marcello Bertazza
Creditas Academy

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O meu olhar é nítido como um girassol.

Tenho o costume de andar pelas estradas

Olhando para a direita e para a esquerda,

E de vez em quando olhando para trás…

E o que vejo a cada momento

É aquilo que nunca antes eu tinha visto,

E eu sei dar por isso muito bem…

Sei ter o pasmo essencial

Que tem uma criança se, ao nascer,

Reparasse que nascera deveras…

Sinto-me nascido a cada momento

Para a eterna novidade do Mundo…

O Guardador de Rebanhos (Poema II) — Alberto Caeiro (heterônimo de Fernando Pessoa)

Esse poema de um dos mais famosos heterônimos de Fernando Pessoa, Alberto Caeiro, foi escrito em 1914. Mesmo assim, 100 anos depois, ele ainda é capaz de mostrar, de forma belíssima, a importância de mantermos um olhar curioso sobre o mundo ao longo de toda a vida.

É na infância que exercemos isso com mais facilidade, lançando uma série de porquês a tudo que nos intriga até que aquela curiosidade seja saciada. Em algum momento da maturidade, no entanto, deixamos de perguntar com a mesma avidez de antes: o interesse pelo desconhecido fica de lado, e nos acomodamos no conforto das respostas e certezas que já nos foram dadas até então.

Temos o costume de pensar que a aprendizagem só pode acontecer em ambientes educacionais formais, como escolas e universidades. Não à toa, entendemos a educação como um processo com validade determinada, uma etapa da vida com prazo certo para acabar. Ora, o caminho é quase sempre muito claro: primeiro passamos pelo jardim de infância e pelo Ensino Fundamental, depois pelo Ensino Médio, para então escolhermos um curso de graduação que ajude a direcionar a carreira e pronto! O diploma aparece como certificado de encerramento do processo de educação e, depois dele, nada mais se aprende, nada mais se desenvolve, mais nenhuma etapa do processo de aprendizagem deve ser cumprida. Certo?

Nem tanto, né? Seriam mesmo nossos aprendizados restritos a esses momentos e a esses espaços?

E se fôssemos mais como as crianças?

A aprendizagem não está restrita à sala de aula ou aos ambientes formais de ensino, como talvez estejamos acostumados a pensar. E esse entendimento nos permite acessar melhor os prazeres da educação. Quem sabe, a partir dele, conseguimos perceber que processos de aprendizagem também se fazem brincando.

Existe até um termo que explica bem essa proposta: a infancialização.

À primeira vista, pode parecer o mesmo que infantilização, ou seja, tornar algo ou alguém infantil — e talvez dê a entender que o termo carrega um sentido pejorativo. Mas infancialização e infantilização são coisas bem diferentes!

Na verdade, o termo infancialização abrange uma forma alternativa de experimentação da humanidade por meio da vivência com outros indivíduos, compreendendo o mundo e a realidade como territórios inexplorados, voláteis e de contínua reconstrução; e, assim, enxergando a vida em seus inúmeros espaços de descoberta, exploração e encantamento.

E vamos combinar: as crianças sabem fazer isso muito bem, não é? Muito melhor do que nós, que estamos constantemente nos esforçando para deixar nossas crianças internas em silêncio.

Mas mesmo pra você que já é adulto e crescido, resgatar esse lado criança ainda é possível. E talvez esse seja um caminho fundamental para entender bem o conceito de Lifelong Learning, que é o tema central deste texto.

E o que é o Lifelong Learning, afinal?

Traduzindo: Lifelong Learning é o mesmo que “aprendizagem ao longo da vida” ou “aprendizagem contínua” em português.

Não foi por acaso que falei sobre curiosidade e infancialização antes de chegar no tema central do texto: esse conceito existe justamente por entender que a educação, enquanto parte essencial da vida, não pode se restringir apenas à educação formal ou à aprendizagem técnica, voltada para a profissionalização e inclusão no mercado de trabalho. Aprender é muito maior do que isso.

Mesmo que tenham nos ensinado, durante boa parte das nossas vidas, que o estudo e a aprendizagem devem ser buscados única e exclusivamente para apoiar na construção de uma carreira profissional e/ou como meios para atingir o sucesso e ganhar dinheiro, acho importante manter essas perguntas em mente: por que aprender não pode ser um fim por si próprio? Ficamos presos na ideia de que o aprendizado deve ter alguma utilidade clara, aplicável e estar necessariamente vinculado à nossa carreira que nos esquecemos de tantos outros aprendizados que moldam quem somos tanto quanto o aprendizado formal.

Você pode até me dizer que, de toda forma, você nem gosta de estudar, e que só estuda para se profissionalizar e crescer na carreira mesmo. E tudo bem, isso não é um problema. Mas aí eu te pergunto: será mesmo que você não gosta de estudar? Ou você não gosta do que o estudo se tornou para você (algo mecânico, técnico, instrumental)?

Talvez você tenha aprendido que aprender é chato

Acho que nos acostumamos a pensar que o ato de aprender não traz prazer. Afinal, durante muitos anos pensamos que aprender era sinônimo de adquirir ou absorver novos conhecimentos, de maneira passiva e expositiva. E aí aconteceu o mais provável: para muitos de nós, estudar e aprender se tornou maçante.

O Lifelong Learning nos estimula a lembrar que a aprendizagem e o conhecimento não são apenas meios para se atingir um fim específico, seja ele uma promoção no seu emprego ou uma nova oportunidade de trabalho. Claro, esses objetivos são muito importantes e o estudo certamente pode ajudar a alcançá-los.

Mas não podemos esquecer que o conhecimento, por si só, é uma força transformadora. O aprendizado pode fomentar inclusão social e satisfação pessoal: trata-se de uma experiência, sobretudo social, capaz de formar cidadãos responsáveis, éticos e conscientes. E, assim, deve acontecer durante toda a vida; não apenas em momentos específicos e em locais específicos, como escolas e faculdades. O aprendizado pode acontecer até numa conversa no bar com os amigos. Já pensou nisso?

Enquanto Academy, iniciamos nossa trajetória com o objetivo de melhor preparar nossas equipes comerciais para o contato com o cliente, apoiando a estratégia de crescimento da Creditas. Hoje, entendemos que nossas iniciativas de aprendizagem e desenvolvimento, embora caminhem na mesma direção e no mesmo ritmo que a estratégia da empresa, não servem apenas como forma de capacitar ou preparar nossos tripulantes para o dia a dia do trabalho; também serve para desenvolvê-los enquanto indivíduos transformadores, inovadores, questionadores e, acima de tudo, preparados para lidar com a acelerada marcha de mudanças em nossos tempos atuais.

E como viro adepto do Lifelong Learning?

Se o Lifelong Learning faz sentido para você, devemos lembrar que o cerne de toda essa experiência é a curiosidade.

Para sermos curiosos, o primeiro passo é reconhecer que não sabemos de muita coisa (e que jamais vamos saber de tudo). A abertura para a aprendizagem passa necessariamente pela humildade de admitir nossa própria ignorância.

O segundo passo é entender que aquilo que sabemos hoje é transitório, e que certamente o conhecimento que temos hoje pode — e vai — se modificar com o passar do tempo. Essa afirmação implica na necessidade de não apenas se manter atualizado (isto é, constantemente aprendendo), como também na necessidade de se abrir para o ato de desaprender e, posteriormente, reaprender. Não é um processo confortável: abrir mão de convicções antigas ou certezas absolutas pode fazer mal para nosso ego. Mas você não quer parar no tempo, quer? Desaprenda aquilo que parecia definitivo e não era, reaprenda o que faz mais sentido para o momento atual.

Ah, e não se esqueça: brincar é e sempre vai ser uma boa forma de aprender. Com as crianças é assim. Por que haveria de ser diferente conosco? Lembre-se: brincar deve ser divertido, sempre! A aprendizagem que decorre da brincadeira é uma consequência. Um bom exemplo disso é fazer palavras-cruzadas. Existe algo melhor para exercitar sua memória e te ajudar a desenvolver suas habilidades de resolução de problemas?

Diante de tudo isso, vejo apenas uma alternativa: dar ouvidos à criança que descansa em nós, preparada o tempo todo para se adaptar a cada novidade do mundo.

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